segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Confira os pronunciamentos no 1º Encontro do PPS

Renan Geishofer

Na abertura do 1° Encontro Pré-Eleitoral do PPS, o presidente estadual da legenda no Estado, deputado Davi Zaia, em rápido discurso, afirmou que o Brasil precisa de reformas e melhoras “e o PPS pode concretizá-las”.

Rubens Bueno, secretário geral do PPS Nacional, expôs que os avanços que partido fez em São Paulo, fez também proporcionalmente em outros estados. Ele citou que a consolidação do partido ocorreu de forma mais pontual após o XVI Congresso Nacional da legenda, realizado na capital fluminense, quando foram traçadas melhores diretrizes acerca da disputa do próximo pleito. Para Bueno, “Soninha representa muito bem toda essa mudança e esse avanço do partido”.

O líder do PPS na Câmara Municipal de São Paulo, vereador Cláudio Fonseca, completou a fala de Rubens Bueno no que diz respeito à consolidação do partido em um âmbito nacional. Segundo o vereador, ao haver uma maior proximidade com José Serra e Aécio Neves, ambos do PSDB, houve uma definição de um norte para o projeto do PPS, que se alia a figura de prováveis presidenciáveis.

Claudio Fonseca disse ainda que Soninha fará a diferença na campanha com um projeto diferente para São Paulo. Também chamou a militância para a disputa: “Um partido se faz com filiados e amigos”. No que diz respeito às alianças, Fonseca pontuou que o partido vem buscando aliados estratégicos para o processo político, visando também uma ampliação da figura do partido. Ponderou ainda que a militância não entrará na disputa apenas para ganhar, mas sim para tornar o Estado menos desigual e melhor para o povo.

O Dr. Milton Ferreira, também vereador pelo PPS na Câmara paulistana, afirmou fazer parte “de um partido ético, que vem fazendo diferença no cenário político nacional”. Ele convocou a militância presente para a disputa que se inicia ainda este ano. “Devemos nos unir para a vitória em 2010”, finalizou.

O deputado estadual Alex Manente disse que a data (23/8) era um marco importante para a disputa eleitoral do ano que vem, pois “enquanto outros partidos ainda não se definiram, nós já temos definida nossa campanha com uma grande candidata”. O parlamentar destacou ainda a luta para que o partido continue crescendo.

O deputado federal Arnaldo Jardim brincou dizendo que “o dia 23 é um bom dia”, em menção ao número da chapa do partido. Jardim não deixou de criticar a atual gestão do governo federal. Para ele, o “Bolsa Família” foi mais para aumentar a taxa de natalidade e aumentar a desigualdade, do que para libertar as pessoas da pobreza. Mas como o evento era de festa e otimismo, logo deixou de lado o discurso combatente ao presidente Lula e disse que “o PPS quer, pode e vai fazer a diferença”.

Logo em seguida, Jardim comandou o ato de filiação do jornalista José Hamilton Ribeiro, presente ao evento para formalizar sua filiação ao PPS. Houve muita movimentação no palco do auditório quando foi assinado o documento de filiação partidária. Para Jardim, “a história de Zé Hamilton se confunde muito com a do PPS”.

O deputado federal logo voltou a um discurso progressista. Ressaltou que o partido estava reafirmando o compromisso com as mulheres e com os jovens. Algo muito importante para o atual momento de falta de credibilidade na política nacional. “Estou falando algo desconhecido?”, questionou aos presentes. Também salientou que as pessoas foram traídas pela forma como a política se distanciou da população.

Novo velho guerreiro

O mais novo militante do Partido Popular Socialista, José Hamilton Ribeiro, jornalista com mais de 50 anos de carreira, revelou que foi surpreendido com o convite para compor a mesa. “Vim aqui apenas para me filiar ao partido”, disse. Zé Hamilton acompanhou a fala de Arnaldo Jardim com relação ao descrédito da população com a política atual, mas valorizou o partido. “Valorizamos o PPS como partido limpo, sério e voltado para as questões da população”.

O jornalista sempre admirou a profissão de um político, que para ele é a “profissão mais nobre que existe”. Ainda comparou a eleição de uma pessoa pobre como sendo um epopeia, pois mostra muita competência de alguém conseguir se eleger. Finalizou dizendo que nunca se envergonhou de ser um “enamorado” do partido. “Sinto-me honrado em ter me filiado ao PPS”, finalizou.

O presidente nacional do PPS, o ex-senador Roberto Freire, enalteceu a fala de Zé Hamilton, dizendo que embora o mais novo filiado do partido não seja mais tão jovem, motiva ainda mais o partido ao ouvir que Ribeiro ainda tem esperanças de melhoras na política nacional. “Não será fora da política que as melhorias serão feitas”, frisou o presidente. Freire também ressaltou que não pode haver omissão na política.

No que diz respeito ao cenário atual de crise na política brasileira, Roberto Freire optou por um discurso mais otimista. Segundo ele, “se não houvesse crises anteriores não estaríamos aqui” – em menção ao período da Ditadura Militar, por exemplo. “Felizmente o mundo evoluiu e as crises oferecem oportunidades e aprendizados”.

Sobre a pré-candidatura de Soninha, Freire enalteceu a capacidade da candidata ao dizer que não estava lançando qualquer candidata, mas sim uma que tem um projeto a seguir. “Soninha pode representar em São Paulo a volta de valores positivos. Ela já demonstrou isso em 2008”, explicou.

Embora não goste do discurso de “ser campeão moral”, o presidente do PPS avaliou que a disputa à prefeitura no ano passado foi muito boa, porque o partido ganhou mais espaço. “Agora, podemos almejar um espaço muito maior”.

Freire ainda voltou a citar o governo do PT, dizendo que “o Partido dos Trabalhadores perdeu a hegemonia na área desenvolvida do país e partiu para a menos desenvolvida”, ao lembrar que o PT vem perdendo espaço no centro-sul do país, se mantendo mais forte no norte-nordeste. “Pensar no Brasil do futuro não é pensar no Brasil menos desenvolvido”, frisou.

Roberto Freire disse que a proximidade com o PSDB auxilia o fortalecimento de uma esquerda democrática. Ao final, afirmou que o PPS pode explicar o que significa ser de esquerda nos dias de hoje.

Momento mais aguardado

A pré-candidata Soninha Francine, última a usar a palavra, lembrou da disputa eleitoral do ano passado junto com seus colegas de partido. “Vejo aqui pessoas que já disputaram comigo e sabem da dificuldade de uma campanha”, lembrou. Para Soninha, porém, toda essa dificuldade só a motivou ainda mais para continuar disputando as eleições. “Em 2008 trabalhei muito e sinto-me muito mais realizada”.

Para a ex-vereadora, a política é resultado da evolução da espécie humana, e com a evolução o debate surge como alternativa para que se acabe com a brutalidade. “Até porque, na política, deve existir respeito para com as minorias”, ponderou.

Soninha citou o jornalista Zé Hamilton Ribeiro como um bom exemplo de uma pessoa que participou de um momento de retrocesso político, uma guerra. Guerra do Vietnã que lhe custou uma das pernas.

A subprefeita da Lapa também expôs que um partido político pensa no que é melhor para o mundo e quais métodos e medidas serão tomadas para pôr algo em prática. E para poder, é preciso ter o poder. Ela ainda dividiu os poderes em três itens: Executivo, Parlamentar (Legislativo) e o “Persuasivo”. Este último denota o poder que o cidadão tem de decidir o que é o melhor para ele. “Esse poder é inalienável, mesmo que as circunstâncias mostrem o contrário”.

Soninha lembrou que já foi ouvido muitas vezes “que só há um jeito de se chegar lá”, mas o PPS mostrou que é possível chegar lá de uma maneira diferente, podendo elogiar adversário e criticar aliado. “Fazer campanha sem maquiagem é possível”, afirmou. Ela disse ainda que não é porque o PPS é um partido de esquerda que necessariamente tem que acabar com tudo o que está sendo feito e começar do “zero”. “O que estiver sendo bem feito será mantido”, garantiu.

Outro ponto marcante do discurso de Soninha foi o que diz respeito à competição. Para ela, na competição sempre vence o mais forte e o mais influente, e isso não promove a igualdade. “Mais cooperação e menos competição”, pediu. Finalizou o discurso conclamando a militância e dizendo a sua frase mais famosa, marco da campanha de 2008: “Quem disse que não tem mais jeito?”.