* Carlos Fernandes
O PPS é hoje protagonista de um momento histórico para o Brasil. Ao formar o Bloco Democrático Reformista com os partidos de oposição ao governo federal, herda a esperança da esquerda órfã de um projeto transformador para o país e demonstra, com um lastro político de 87 anos, a sua aptidão para executar as mudanças que essa coalizão de forças retrógradas e fisiológicas lideradas pelo PT foi incapaz de implantar nos últimos oito anos.
Com desprendimento e coragem, o PPS se adianta ao próprio PSDB para reiterar o seu apoio à candidatura presidencial do governador paulista José Serra - se possível com o seu colega mineiro Aécio Neves candidato a vice-presidente. Isso em resposta à antecipação da corrida eleitoral patrocinada pelo PT com as obras do PAC, sigla que se adequaria mais ao Programa de Aceleração da Corrupção que parece ser a especialidade governista, mas na realidade não passa de empulhação de marketing para fazer de sua madrinha beatificada a candidata à sucessão de Lula.
A opção do PPS pelo nome de José Serra, assim como já fizemos em São Paulo nas eleições para prefeito em 2004 e governador em 2006, não se dá por acaso. É fruto da observação de uma postura política que tem raízes comuns com o nosso partido e que encontra respaldo histórico e afinidade ideológica. São anos de lutas nas mesmas trincheiras pela democracia e pelo respeito à coisa pública que sedimentam essa aliança.
O PT, ao contrário, além de trair a confiança depositada pelo maioria do eleitorado que acreditou em um governo de mudanças e consolidação das forças democráticas, demonstrou ser um partido autoritário e que tem como meta a sua hegemonia na vida política do país. Em diversos momentos durante as campanhas eleitorais e no decorrer de suas administrações, o PT revelou seu lado truculento e antidemocrático.
Mas o PPS já demonstrou que sabe vencer o PT e seus métodos deploráveis. A condução do partido de forma acertada nos últimos anos em São Paulo comprova que o PPS é um dos partidos que melhor expressam os anseios da população. Mas, antes de tudo, é a demonstração inequívoca da nossa coerência e do nosso bom senso no enfrentamento dos problemas e na visão da conjuntura política e social.
Não estamos sozinhos. Para dialogar com os setores da sociedade frustrados com o engodo petista e buscar uma candidatura presidencial de consenso, estamos unidos a outras forças partidárias que demonstram a mesma preocupação e apresentamos aos brasileiros que exigem um projeto alternativo para o país o nome do governador José Serra para a Presidência da República. Também construiremos candidaturas equivalentes para os governos estaduais, para a Câmara e para o Senado.
Entre as grandes questões nacionais e internacionais, devemos estar inseridos principalmente na luta pela continuidade da reforma democrática do Estado; da manutenção da estabilidade monetária e sua articulação a um projeto de desenvolvimento; na luta contra toda forma de discriminação, pela eqüidade social; na afirmação de políticas de distribuição de renda, propriedade, conhecimento e poder; na importância da política de desenvolvimento científico e tecnológico; e na defesa de uma governança global democrática.
Em 2008, com o lançamento de uma chapa própria de candidatos à Câmara Municipal e de Soninha Francine à Prefeitura de São Paulo, o PPS já comprovou que essa é uma estratégia política e eleitoral vitoriosa. Também foi a prova definitiva de que o PPS pode se firmar individualmente como um partido diferente e uma opção consciente sem que isso represente uma ruptura na sua política de alianças.
Ao sair da base de apoio ao governo Lula, no final de 2004, o PPS propôs uma nova alternativa para o país, lastreada no lema “Sem mudança não há esperança”. Consciente das nossas responsabilidades históricas, e também de nossos compromissos com as mudanças exigidas pelos brasileiros, o PPS continua a apostar na construção dessa alternativa e pretende, cada vez mais, expor à sociedade nossas opiniões, propostas e projetos para o país.
Continuamos a denunciar o divórcio do governo Lula com relação às esperanças que levaram a oposição de centro-esquerda à vitória em 2002, a qual contou com o apoio do nosso partido.
Caracterizado pela pouca ousadia, conservador, fisiológico, preferindo trilhar o caminho do continuísmo e das políticas sociais compensatórias, bem ao gosto do receituário de cunho neoliberal e dos ditames do sistema financeiro, o governo não se orienta pela busca de soluções reais para os problemas enfrentados pela Nação – dos desequilíbrios sociais e regionais ao desemprego; dos juros altos ao empobrecimento crescente da população; da concentração de renda à explosão da violência; da paralisia do Estado como instância de competência técnica a uma economia extremamente vulnerável.
É com este espírito que formamos o Bloco Democrático e Reformista e vamos entrar na disputa eleitoral de 2010 para reafirmar o PPS programática e ideologicamente como um partido democrático de esquerda, composto em grande parte por uma nova geração de políticos éticos e comprometidos com a busca de novos caminhos para o desenvolvimento econômico, político e social do Brasil. Os nomes estão aí colocados. As idéias também.
* Carlos Fernandes é presidente municipal do PPS/SP.