sábado, 9 de agosto de 2014

Carlos Fernandes: Haddad com a brocha na mão

Artigo de Carlos Fernandes (PPS/SP)
Desorientado pelo índice de aprovação que despenca vertiginosamente e cercado de gente incomPeTente, o prefeito Fernando Haddad está literalmente com a brocha na mão.

Influenciado pela repercussão das faixas exclusivas, ele tenta repetir a prática (que o jornalista da Folha bem definiu como República Suvinil), desta vez trocando a tinta branca para os ônibus pela vermelha para as bicicletas, como se simplesmente pintar o chão significasse uma política revolucionária.

O que a Prefeitura está fazendo no canteiro central da Avenida Sumaré, por exemplo, é puro ilusionismo. Ao anunciar que implantará ali uma das novas ciclovias, no seu plano mirabolante de inaugurar 10 km de vias exclusivas para ciclistas por semana, Haddad faz o marketing dar uma pedalada no bom senso e no planejamento, além de mostrar desconhecimento ou faltar com a verdade.

Basta consultar qualquer guia de lazer da cidade, prefeito: a Ciclovia Sumaré, com 1,4 km de extensão, localizada no canteiro central da avenida homônima, do Parque Antártica à Avenida Henrique Schaumann, foi inaugurado em 1996.

A sua gestão pode até melhorar, limpar, reformar, ampliar, modernizar a ciclovia ali existente, mas não dar uma demão de tinta vermelha e querer enganar a população, convocando a imprensa como se a obra fosse nova ou da sua lavra. Não é. O paulistano sabe disso. Na dúvida, pergunte aos vereadores Marco Aurélio Cunha e Roberto Trípoli, que conhecem bem o assunto e trabalharam pela ciclovia.

Por dois anos à frente da Subprefeitura da Lapa, eu - e antes a subprefeita Soninha Francine - executamos um projeto e buscamos parceria com a iniciativa privada para conciliar os interesses dos moradores da região, frequentadores da ciclovia e pedestres da Sumaré, que eliminaria as calçadas externas do canteiro central e criaria um amplo espaço interno de convivência para o lazer, a caminhada, a prática de esportes e o transporte alternativo, num ambiente acolhedor, seguro e bem iluminado.

Já estaria concluída, para o bem da população local e de cada paulistano preocupado com a racionalidade administrativa, a mobilidade urbana, a sustentabilidade e a qualidade de vida, se a sua administração não tivesse abandonado a iniciativa, preocupada mais com o barulho de ações cosméticas rápidas e midiáticas, em vez de ouvir o usuário daquele espaço público.

Menos tinta e mais democracia, prefeito. É o que todos desejamos.