segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O que não ficou claro sobre o racionamento de água? A Folha deu meia notícia. Então vamos completar...

A Folha de S. Paulo informa que mais de 2 milhões de paulistas e pelo menos 18 municípios que não são atendidos pela Sabesp já sofrem com o rodízio de água devido à estiagem. Entre eles a cidade de Guarulhos, a segunda mais populosa do Estado (só perde em habitantes para a Capital), que tem abastecimento em dias intercalados.

Muito interessante a matéria de capa da Folha desta segunda-feira, mas faltou a conclusão da notícia. Num momento em que a falta d´água e a ameaça do rodízio são usadas como armas eleitorais e munição caça-votos, principalmente pelos candidatos Paulo Skaf (PMDB) e Alexandre Padilha (PT) contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB), é necessário contextualizar politicamente a informação.

Como os candidatos de oposição gostam de atribuir a possibilidade de rodízio à suposta má gestão da Sabesp e responsabilizar o Governo do Estado pela escassez de água, daí tanta insistência em abrir uma CPI, o essencial da notícia é mostrar que os municípios que já sofrem com o problema de abastecimento não são atendidos pela empresa estatal e, mais grave, são administrados pelos próprios partidos de Skaf, Padilha e aliados.

É o caso de Guarulhos, que tem o PT à frente da Prefeitura há 14 anos, por quatro eleições sucessivas, desde 2000. Se não bastasse o problema de abastecimento de água para mais de 1 milhão de habitantes, o esgoto de Guarulhos é despejado 100% sem tratamento no Rio Tietê, prejudicando a totalidade da população paulista. 

Alguém conhece alguma obra da Prefeitura de Guarulhos em conjunto com a Presidência da República, nesses PACs da vida, para garantir o abastecimento ou o saneamento básico à população guarulhense? Ou os petistas só lembram do problema às vésperas da eleição para cutucar o governo tucano?

A segunda cidade mais populosa, onde a falta d´água já é gravíssima, com 120 mil dos 160 mil habitantes enfrentando rigoroso racionamento, é Itu. Quem administra a cidade? O PSD do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab, candidato ao Senado na chapa de Paulo Skaf (PMDB) e apoiador da presidente Dilma Roussef (PT).

Dos outros 16 municípios listados pela Folha entre aqueles que sofrem com o rodízio e não são atendidos pela Sabesp, ou seja, que não podem responsabilizar o Governo do Estado pelas torneiras secas, temos dois do PMDB de Paulo Skaf e do vice-presidente Michel Temer, mais outro do PSD de Gilberto Kassab e dois do PV do candidato Gilberto Natalini.

Veja abaixo a lista completa:

1) Guarulhos - Sebastião Almeida (PT)


2) Aguaí - Sebastião Biazzo (PMDB)

3) Casa Branca - Ildebrando Zoldan (PSDB)

4) Cordeirópolis - Amarildo Zorzo (PV)

5) Cosmópolis - Antônio Fernandes Neto (PMDB)

6) Nova Odessa - Benjamim Vieira de Souza, Bill (PSDB)

7) Rio das Pedras - Júlio Cesar Barros Ayres (PPS)

8) Saltinho - Claudemir Francisco Torina (PDT)

9) Tambaú - Roni Donizetti Astorfo (PSD)

10) Valinhos - Clayton Machado (PSDB)

11) Vinhedo - Jaime Cruz (PV)

12) Santa Cruz das Palmeiras - Rita de Cassia Teixeira Zanatta (PSDB)

13) Itu - Antonio Luiz Carvalho Gomes, Tuíze (PSD)

14 ) Pereiras - Flávio Paschoal (DEM)

15) Sorocaba - Antonio Carlos Pannunzio (PSDB)

16) Batatais - Eduardo Oliveira (PTB)

17) Santa Rita do Passa Quatro - Leandro Luciano dos Santos (PSDB)

18) Pitangueiras - João Batista de Andrade (PSDB)

Ou seja, tudo isso é para mostrar que a crise da falta de água em São Paulo é causada por uma conjunção de fatores naturais e agravada pela interferência do homem, sem dúvida, mas não é atribuição exclusiva de nenhum governo ou partido. É um problema climático, ambiental, político e administrativo de todos nós, que exige uma solução emergencial e ações planejadas de longo prazo.

Por isso, não venham com blablablá eleitoral, mas com seriedade para tratar de um assunto vital. Ficaremos gratos pela atenção e pelo respeito à nossa inteligência.