Frustração. Este é o sentimento. Fica difícil explicar a sua complexidade, pois não é simplesmente pelo fato de Marina Silva apoiar Eduardo Campos, até porque consideramos ambos como alternativas consistentes para liderar o período "pós-PT" que pretendemos ver inaugurado no Brasil. Basta ler o que sempre publicamos aqui. Não mudamos de opinião. Nós, não.
Mas é inegável o sentimento de frustração para quem até ontem sonhava com uma nova forma de fazer política, com mais ética, mais transparência, ações sustentáveis e decisões em rede. Dormimos "sonháticos" e acordamos num pesadelo pragmático.
Se a #Rede se dividia entre os que não queriam Marina vinculada a nenhum partido tradicional (lembremos dos cartazes: "Nenhum partido me representa" ou "Partido dos Sem Partido") e os que até admitiam uma filiação provisória, apenas para garantir a sua candidatura presidencial em 2014 como resposta à negação do registro no TSE, a escolha de um Plano C (como disse a própria Marina: "C de Campos") é surpreendente e frustrante para parcela significativa de seus admiradores.
Veja: foi para ter Marina vice de Eduardo que lutamos até aqui? Que denunciamos o golpe rancoroso e antidemocrático patrocinado pelo PT contra a legalização da Rede Sustentabilidade? Que colhemos 600 mil assinaturas para um partido diferente de todos que estão aí? Que transformamos em 48 horas o luto em luta?
Ao mesmo tempo que, em tese, a composição de Marina com Eduardo consolida uma salutar terceira via, que tanto defendemos para enfrentar a tradicional, desgastada e simbiótica polarização PT x PSDB, também sepulta para 2014 ao menos uma de duas excelentes candidaturas que se apresentavam como opções viáveis para o eleitor.
Por vias tortas, deu resultado o plano maquiavélico de inviabilizar a participação da #Rede nas eleições. O reconhecimento da Rede Sustentabilidade e a "filiação democrática" de seus candidatos no PSB, assim como na clandestinidade o PMDB abrigou lideranças do PCB, faria mais sentido se houvesse a triangulação com outro partido (qualquer um dos oito que teriam se oferecido) e fossem mantidas as duas candidaturas, tanto de Eduardo quanto de Marina.
Ambos no PSB, neste momento, ainda que eventualmente possam inverter a cabeça-de-chapa, é a exclusão precipitada, extemporânea, de uma de duas alternativas do campo oposicionista, que poderiam dificultar mais a campanha de Dilma Roussef e facilitar a ocorrência de um necessário 2º turno.
Defendemos que, para enfrentar o favoritismo da coalizão governista, com ampla maioria nas pesquisas e o uso de todos os recursos ("Vale fazer o diabo para ganhar a eleição", já decretou Dilma), quanto maior o número de candidatos competitivos e com perfis diversificados no 1º turno, melhor.
E aqui sempre fizemos uma auto-crítica: ao oferecer legenda para a candidatura presidencial de Marina Silva, o PPS não quis convencer ninguém da #Rede a se subordinar ao partido. Ao contrário. Era uma parceria eleitoral e uma coligação programática (como foi anunciada com o PSB e como já realizamos em 2012 com a chamada "candidatura avulsa" de Ricardo Young), mas que garantiria Marina Silva na disputa de 2014, que considerávamos essencial.
O PPS reconhece a falência do atual sistema partidário, prega uma ampla reforma política e defende a "refundação" da sigla. Não é à toa a sintonia da #REDE23 com Marina. Daí o nosso sentimento de frustração. Como diz a própria, ainda precisamos "metabolizar" a sua decisão. Até 2014, talvez.