segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Os movimentos cíclicos da política no mundo

Para quem entende que os movimentos políticos são cíclicos, e que exemplos do exterior acabam chegando ao Brasil mais tarde de forma abrasileirada, pode aguardar alguns meses ou anos até que os protestos dos "coletes amarelos" na França tenham alguma reprodução similar por aqui.

Afinal, alguém duvida que ondas mais progressistas ou mais conservadoras iniciadas na Europa atravessam o mundo e influenciam diversos povos americanos de tempos em tempos? Pode ser uma impressão equivocada, talvez? Ou será tudo mera coincidência?

Dos movimentos estudantis dos anos 60 à Primavera Árabe, do Occupy Wall Street ao Movimento dos Indignados, chegamos aos protestos de junho de 2013 no Brasil, que originariam ainda criações genuinamente brazucas (embora com forte inspiração internacional) como o Movimento Brasil Livre, o Vem Pra Rua e toda a proliferação de grupos mais ou menos organizados que saíram das redes sociais e foram às ruas em apoio à Operação Lava Jato e ao impeachment de Dilma Rousseff. Deu no resultado das urnas de outubro de 2018.

Vivemos recentemente essas ondas opostas, primeiro com a eleição de uma leva de presidentes formados na escola da velha esquerda, à moda bolivariana, como Lula (Brasil), Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Michelle Bachelet (Chile), Rafael Correa (Equador), Cristina Kirchner (Argentina) e Tabaré Vázquez ou José Mujica (Uruguai), que foram substituidos agora por essa "nova" direita de figuras como Trump (EUA), Bolsonaro (Brasil), Sebastián Piñera (Chile), Iván Duque (Colômbia), Mario Abdo Benítez (Paraguai), Martin Vizcarra (Peru), Maurício Macri (argentina) ou Lenín Moreno (Equador).

Esses fenômenos globais - ora à esquerda, ora à direita - ganham corpo a partir da Europa e se reproduzem pela América. A série de protestos que estão acontecendo na França e colocam o presidente Emmanuel Macron sob pressão foi motivada pelo aumento de impostos sobre combustíveis. O pretexto nem importa tanto. É um rastilho de pólvora que sinaliza como anda o humor da população com os políticos e pode incendiar mundo afora.

O futuro presidente do Brasil ainda surfa na alta popularidade e frequenta com pompa estádio de futebol em festa de time campeão. Sem querer torcer contra, mas basta acompanhar os fatos históricos para saber como isso pode acabar mal. Todos aqueles que terminaram defenestrados do poder viveram essa fase de lua-de-mel com o povão. Até quando? É esperar para ver.