Há 100 anos, lá no século (e no milênio) passado, também tivemos eleição direta para a Presidência da República. Porém, o eleito Rodrigues Alves, ex-presidente e ex-governador do Estado de São Paulo, nem chegou a assumir este segundo mandato pois foi vitimado pela gripe espanhola. Naqueles tempos, a gripe espanhola (ou gripe de 1918, como foi chamada a pandemia do vírus influenza H1N1) matou entre 50 e 100 milhões de pessoas (ou até 5% da população mundial da época). Aliás, foi exatamente Rodrigues Alves o último presidente paulista antes de Michel Temer. Coincidências.
Aquele 1918 foi o ano do fim da primeira guerra mundial. Da extinção do periquito da carolina. Da independência do Azerbaijão e da Letônia. Da união da Transilvânia e do Reino da Romênia para formar a Romênia moderna (ironicamente, no mesmo ano em que nascia Nicolae Ceauşescu, um dos piores ditadores da história). Do nascimento de João Baptista de Oliveira Figueiredo, o último presidente do regime militar, e de João Belchior Marques Goulart, o último presidente antes do golpe. Coincidências.
Mas também nasceu Nelson Mandela e morreram Nicolau II da Rússia, Roland Garros e Manfred von Richthofen, o lendário Barão Vermelho. Nos cinemas estreava o célebre "Tarzan, o Rei dos Macacos", história do homem branco perdido na selva de um desses "países de merda" que Donald Trump não tem ideia de onde se situam no Atlas e que é incapaz de diferenciar de um meme produzido por um nerd de 15 anos na internet.
Mas deixemos 1918 para trás com todos os seus ranços, ódios e preconceitos. Vamos voltar a 2018 com o pé direito. Ou esquerdo, tanto faz. Porque falar em direita e esquerda hoje em dia é capaz de acabar em morte. Vamos então tentar entrar neste 2018 com os dois pés bem centrados e firmes no chão, para garantir o equilíbrio e não fazer tombar o país e o mundo para um dos extremos indesejáveis. Saravá, 2018! Aleluia! Axé! Shalom! Namastê! Amém!