É certo que a cidade precisa de recursos para investir - e medidas que facilitem a arrecadação são sembre bem vindas, principalmente em tempos de crise. Portanto, que se esclareça: somos francamente favoráveis ao programa de parcelamento de dívidas. Isso é bom para o município e melhor ainda para os cidadãos.
Porém, em nome deste programa que é benéfico e necessário para São Paulo, não podemos aceitar manobras improvisadas e o contrabando de leis. Sem nenhum debate, sem a discussão do mérito, no apagar das luzes, não pode vir embutido no substitutivo de última hora do PPI uma emenda que beneficia apenas um determinado segmento, em detrimento da maioria da população - ainda que fosse eivado das melhores intenções.
É por isso que somos contrários à anistia ou remissão seletiva de dívidas, principalmente àquelas contraídas por multas do PSIU, o programa de silêncio urbano - que é um instrumento legítimo de defesa da cidadania no combate à poluição sonora na cidade de São Paulo, tornando mais pacífica a convivência entre estabelecimentos que fazem barulho (bares, boates, restaurantes, salões de festas, templos religiosos, indústrias e até mesmo obras) e os moradores da vizinhança.
Além disso, parece injusto beneficiar com alguma anistia simplesmente aqueles setores que usarem a fé e a religião para obter o perdão de multas e obrigações. Até porque as dívidas são contraídas pelos homens, jamais por alguma divindade ou um ente superior. Então, pelo amor de Deus, vamos tratar a política com seriedade, respeitar a inteligência alheia e trabalhar para o bem de toda São Paulo.
Carlos Fernandes é presidente do PPS paulistano e prefeito regional da Lapa.