Aos 70 anos, a escritora mineira Conceição Evaristo é um dos nomes mais relevantes da literatura brasileira contemporânea. Nascida em Belo Horizonte, mudou-se para o Rio de Janeiro na década de 1970 e, desde então, vem se dedicando ao ensino.
Oriunda da favela e militante do movimento negro, ela compõe sua obra com base no que chama de “escrevivência”, ou a escrita que nasce do cotidiano e das experiências vividas. Em seus romances, contos e poemas, a autora explora sobretudo o universo – a realidade, a complexidade, a humanidade – da mulher negra.
Foi empregada doméstica até concluir o curso normal, em 1971, já aos 25 anos. Depois passou num consurso público para o magistério e estudou Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Hoje é mestra em Literatura Brasileira pela PUC-Rio e doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense.
A "Ocupação Conceição Evaristo" está aberta em São Paulo até o dia 18 de junho, no Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149), com entrada grátis, expondo manuscritos, fotos, correspondências e objetos pessoais, além de conteúdos audiovisuais e acessíveis para pessoas com deficiência. Assista aqui o especial "Conceição Evaristo e a Consciência Negra" no #ProgramaDiferente.
Apesar de escrever desde a juventude, Conceição Evaristo só ganhou o merecido reconhecimento no meio literário recentemente. Exemplo disso é o romance "Becos da Memória", que a autora produziu a partir de situações vividas e observadas na extinta favela do Pindura Saia, na capital mineira, onde passou a infância e a adolescência. Concluída no final dos anos 80, a obra foi publicada apenas em 2006, após o lançamento do livro de estreia da artista, "Ponciá Vicêncio" (2003).
Entre as suas obras, todas marcadas pela crítica social, pelo combate à discriminação racial, de gênero e de classe, e pelo registro histórico da ancestralidade negra, também se destacam "Insubmissas Lágrimas de Mulheres" (2011) e "Olhos d´Água" (2014).