Lamentável ver as cenas gravadas do senador Lindberg Farias (PT/RJ) chutando um opositor caído no chão, ele que um dia foi cara-pintada e hoje é epenas mais um cara-de-pau. Foi xingado e revidou na porrada. Bancou o machão, como de costume. Aí vem com discursinho hipócrita de vítima. Malandro ou otário?
Só quem tem mais de 40 anos teve o (des)prazer de acompanhar de perto a ascensão e queda do petismo. O resto conhece por ouvir dizer a transformação do líder sindical que maltratava a língua portuguesa em presidente da República e, consequentemente, em mito internacional. A transição do partido mais competente para fazer oposição aos maus políticos no próprio partido dos piores políticos. A transfiguração da legenda ideológica que vendia botons e camisetas para crescer até se render à lógica de vender sua história e seus princípios para se manter no poder.
O PT acabou. Não vai sumir do mapa, até porque segue no DNA de muita gente que continua filiada ou que já pulou do barco petista. Provavelmente vai se refundar. Fez muita coisa boa para o povo mais pobre. Ajudou a vencer preconceitos. Contribuiu para diminuir a miséria. Inseriu na pauta política temas de pessoas que viviam à margem das grandes questões nacionais.
Por outro lado, prestou o maior desserviço à esquerda democrática brasileira ao trair a esperança de um eleitorado crescente que venceu resistências e passou a votar no PT. Ressuscitou a intolerância, o ódio e a polarização mais rasteira no debate eleitoral. Apequenou a divergência de ideias, empobreceu o embate partidário e disseminou a desconfiança na política e nos políticos ao consolidar o modus operandi da marginalidade no governo central do país.
Agora, uns poucos por ingenuidade resultante da lavagem cerebral da cartilha petista, outros tantos por oportunismo e malandragem, buscam (re)construir a narrativa mais conveniente para tentar preservar a imagem de seus "fulanos guerreiros, heróis do povo brasileiro", a rima pobre que não disfarça a metamorfose dos presos políticos em políticos presos. Militantes perseguidos em criminosos comuns, procurados. Por isso, "golpistas, fascistas, não passarão" e outros gritos típicos de grêmio estudantil soam falsos e até esquizofrênicos.
Ao contrário da mitologia grega e da música de Caetano, na mitomania petista Narciso se acha feio no próprio espelho. Atacam nos adversários aquilo que eles próprios representam. Parafraseando outro poeta, Cazuza, a narrativa do PT não corresponde aos fatos. A nossa política (que é a deles, há 14 anos) está cheia de ratos. Transformaram o país inteiro num puteiro para ganhar mais dinheiro e, pior, o futuro repete o passado num museu de grandes novidades.
Tudo isso para dizer o seguinte, num contexto em que figurões do PT vão para a cadeia (alvíssaras!) e outros mandatários se envolvem em brigas de rua, enquanto o oráculo petista vai perdendo a divindade com questões terrenas mal explicadas, como um triplex na praia ou um sitiozinho no interior: "escracho" no político dos outros é refresco, né, petezada?