No humor, "escada" é aquele que prepara a piada para o desfecho do comediante principal.
No debate #GazetaEstadão deste domingo, que ficou entre a comédia involuntária e o drama, pela pobreza do conteúdo, o papel de coadjuvante coube ao prefeito Fernando Haddad (PT).
Em todas as oportunidades que teve de se manifestar, o atual prefeito (que afunda nos índices de rejeição elevadíssimos) fez críticas indiretas à candidata Marta Suplicy (PMDB), levantando a bola para Luiza Erundina (PSOL) concluir a jogada.
Ficou evidente essa aliança pontual de Haddad e Erundina contra Marta, ambos contando que podem herdar os votos eventualmente perdidos pela senadora, que trocou o PT pelo PMDB e por isso é tachada de "traidora" e "golpista". É uma estratégia de risco. Pode ser um abraço de afogados para a trinca oriunda do PT, enquanto Celso Russomanno e João Doria pavimentam o caminho para o 2º turno.
Restam dois debates nestas duas semanas até a eleição de 2 de outubro: na sexta-feira, dia 23, SBT e UOL inovam no horário das 13h30; e o encontro derradeiro é o da Rede Globo (que não realizou debates de 1º turno nas duas últimas eleições municipais, de 2008 e 2012), na próxima semana.
Entre esses dois embates decisivos, novas pesquisas Ibope e Datafolha vão mostrar quem tem a estratégia mais eficiente. Se Haddad funciona no papel de escada para tirar votos de Marta e, principalmente, quem cresce com isso.
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