Esse #ForaTemer é até compreensível. Afinal, ninguém votou em Michel Temer para ser presidente do Brasil.
Quer dizer, essa afirmação, como sabemos, é só meia-verdade. Quem votou em Dilma Rousseff nas eleições de 2010 e 2014 sabia que ela carregava junto o vice, que tem uma única função constitucional: substituir a titular em qualquer impedimento legal. Exatamente o que ocorreu. Portanto...
Vá lá que ninguém (além do próprio, ou talvez nem ele... rs) desejava ou acreditava nisso. Mas quem deu todos os motivos para o afastamento de Dilma Rousseff? Não foi o (des)governo que tentou aplicar um estelionato eleitoral? Não foi o (des)governo que desrespeitou todos os limites da responsabilidade fiscal? Não foi o (des)governo que aprofundou a crise econômica, política e institucional? Não foi o (des)governo que se reelegeu graças a um bem articulado esquema de corrupção e assalto aos cofres públicos?
Ora, então, por favor, expliquem aonde termina essa narrativa dos que vão às ruas gritar contra um suposto "golpe": o #ForaTemer significa simplesmente um #VoltaDilma? Qual é a intenção: dizer que todos os políticos são iguais, então vamos defender os nossos? Ou seja, em "terra arrasada", vamos optar pelos bandidos mais convenientes aos nossos interesses? Vamos escolher os nossos corruptos de estimação?
O que vocês pretendem, meus caros? Passar uma borracha no flagrante do crime organizado, nos erros de 14 anos e justificar que o Brasil está ruim porque o vice, que assumiu não faz nem um mês, abandonou o programa do PT?
Curioso. Até outro dia, vocês acusavam a própria Dilma de ter traído as propostas petistas... Mudam os tempos, mudam os interesses?
Para ser coerente, como dizíamos lá em cima, é até compreensível o #ForaTemer. Motivos certamente não faltam. Mas não caiam no ridículo de se manifestarem (por ação ou omissão) pelo #VoltaDilma, né? Ao menos adotem o "Nem Dilma, nem Temer". Honrem a inteligência alheia. Obrigado.