
Será que podemos avaliar o quadro político atual com clareza, honestidade e sem receio de melindrar algum figurão? Então, vamos lá!
A entrada de
José Serra na corrida eleitoral muda o cenário paulistano e nacional, obviamente. Reforça a polarização PT x PSDB e enfraquece qualquer possibilidade de uma terceira via, certo? NÃO! ERRADO!
É exatamente o acirramento desta lógica binária que justifica a formulação de uma candidatura alternativa aos dois lados dessa mesma moeda desvalorizada, consistente como bolha de sabão e emblemática da velha política que provoca ojetiza na população.
O recado do eleitorado está dado: em todas as pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo aparecem, nas quatro primeiras colocações, nomes de fora do quadro PT x PSDB:
Celso Russomanno (PRB), com 21%.
Netinho de Paula (PCdoB), com 13%.
Soninha Francine (PPS), com 11%; e
Paulinho da Força (PDT), com 10%.
Ou seja, esses quatro pré-candidatos
"alternativos" são os preferidos, hoje, de 55% do eleitorado de São Paulo. É um sinal claro: os cidadãos paulistanos estão
- em sua absoluta maioria - saturados desse revezamento entre PT e PSDB no poder.

O ungido de
Lula, o ex-ministro
Fernando Haddad, e os quatro pré-candidatos coadjuvantes do tucanato (
José Aníbal, Bruno Covas, Ricardo Tripoli e
Andrea Matarazzo) não passaram dos 5% de intenção de votos. Uma tragédia para ambos.
Se não bastasse o percentual ridículo de petistas e tucanos, podemos avaliar os índices de satisfação do morador de São Paulo, desde 2000, com a administração municipal, as subprefeituras e o serviço público em geral. É baixíssimo e segue praticamente inalterado, atravessando as gestões de
Marta Suplicy (PT),
José Serra (PSDB) e
Gilberto Kassab (PSD), que
(não por acaso) flerta igualmente com PT e PSDB.
3ª via: Vamos dar nomes?
Entendemos que legendas como PPS, PV, PSB e PDT - assim como o bloco dos partidos menores - podem ter um papel determinante na quebra desta polarização PT x PSDB, que é nociva para a política, para a
"democratização da democracia" e para a alternância de poder.
Não deve prevalecer a lógica do
"alinhamento automático" ou da mera cooptação partidária. Vem dessa geléia eleitoral a total descrença na política e nos partidos. Este pode ser o momento da afirmação de uma proposta alternativa, um salto qualitativo
(e quantitativo, estão aí as pesquisas apontando), se houver compreensão e sensibilidade dos dirigentes e das militâncias partidárias.

Alguém imagina o que significaria, por exemplo, a união de ex-petistas de expressão nacional como
Soninha Francine, Eduardo Jorge, Luiza Erundina, Heloísa Helena, Cristovam Buarque, Fernando Gabeira, Carlos Giannazi, Odilon Guedes, Ivan Valente e
Marina Silva, entre outros, em uma proposta de terceira via?
São Paulo está saturada da mesmice. Será que os partidos conseguem enxergar isso? Ao menos PT e PSDB parece que enxergam. E qual a
estratégia de sobrevivência de ambos?
Lula tenta repetir com
Haddad a forma pré-fabricada
(e vitoriosa) de
Dilma: aposta em um nome novo, com perfil técnico
(quase apolítico), para tentar vender pelos marqueteiros como
"mudança".
O tucano
José Serra propõe o inverso: como o eleitorado se divide entre vários novatos, ressurge o único nome já testado nas urnas
(e até por isso com um eleitorado cativo) para botar
"ordem na casa". Ele seria a única opção viável para barrar a
ameaça petista em São Paulo. Esse é o mote serrista, utilizado inclusive para cooptar os demais partidos contrários à hegemonia lulista. E o PT faz o mesmo, no sentido oposto.
O posicionamento do PPS 
Bastou ser confirmado o nome de
José Serra na sucessão paulistana para que críticos, analistas e palpiteiros em geral dessem como sacramentado o
"apoio automático" do PPS. Mas por que isso?
Primeiro, por culpa do próprio PPS, que tem inegável dificuldade de reafirmar o seu papel, sua história e identidade. Mas, principalmente, porque a postura de oposição sistemática ao PT e ao lulodilmismo empurram o PPS por osmose para a vala comum ocupada por PSDB, DEM e PSOL
(os únicos partidos que hoje se opõem nacionalmente ao PT, num universo de 29 legendas).
Outros dois movimentos recentes do PPS geram essa especulação simplista: primeiro, o apoio à candidatura presidencial de
José Serra em 2010. Logo em seguida, as declarações do presidente nacional do PPS, deputado
Roberto Freire, amigo pessoal de
Serra, de que o partido estaria à disposição no caso de um desembarque serrista do PSDB.

Curioso que a imprensa só tenha destacado esse
"convite" ao tucano, muito embora
Roberto Freire tenha declarado que seja extemporânea a discussão sobre a sucessão presidencial de 2014 e que o PPS estará aberto, no momento oportuno, para discutir uma candidatura de oposição ao PT, seja com
José Serra, com
Marina Silva ou com quem se viabilizar
(dentro ou fora do PPS) até lá.
Mas vamos tratar diretamente do tal
"apoio automático" do PPS a
Serra. O PPS apoiou
Serra presidente,
Soninha apoiou
Serra presidente, o partido participou da gestão
Serra/Kassab. Logo...

Acreditem ou não, PPS terá candidatura própria em São Paulo:
Soninha Francine é candidata à Prefeitura, assim como foi em 2008, quando muitos apostavam que o PPS iria aderir a
Alckmin ou
Kassab, os dois pesos-pesados do campo oposicionista.
Mas a prioridade não é impedir a volta do
"modus operandi" do petismo em São Paulo, seus métodos anti-republicanos e a tomada de assalto da máquina municipal? Isso, por si só, não justificaria o apoio a
José Serra?
Então vamos esclarecer: num eventual confronto entre PT x PSDB, entre
Serra x
Haddad, se não houver nenhuma outra opção do campo que estamos genericamente denominando
"Nova Política" (
e para a qual apresentamos a candidatura de Soninha Francine, com base no Programa das Cidades Sustentáveis), o PPS apoiará
Serra. É natural. É coerente. Mas essa é a decisão para um eventual 2º turno.
Por que
Serra? Como disse a própria
Soninha sobre o tucano:
"Mal humorado, impaciente, carrancudo, ríspido demais às vezes? Sim. Mau caráter? Não." Por que
Serra? Porque o PPS entende que as administrações de
Serra, tanto na Prefeitura quanto no Governo de São Paulo, foram acertadas. Se comparadas com as gestões petistas, então, não há nenhuma dúvida.
Mas o raciocínio binário não cabe em uma eleição de dois turnos. Entendemos que há espaço
(como em 2008 com a própria Soninha e em 2010 com Marina Silva) para uma campanha dinâmica, afirmativa, inovadora, leve, propositiva. A sociedade clama por uma nova forma de fazer política, com outra postura ética, administrativa e uma visão diferenciada dos principais problemas urbanos e sociais.
Leia
aqui a íntegra do texto em que
Soninha justifica o apoio, em 2010, à candidatura de
Serra à Presidência. Não somos inimigos, mas somos diferentes.
Veja abaixo o resultado eleitoral do 1º turno da eleição presidencial de 2010, na cidade de São Paulo, com
José Serra em primeiro
(com 40,33%),
Dilma Roussef em segundo
(com 38,14%) e
Marina Silva (com 20,1%), em uma eleição essencialmente polarizada entre PT e PSDB; o que não impediu, contudo, que a então candidata do PV obtivesse 19,6 milhões de votos em todo o Brasil.

O mapa a seguir, das 57 zonas eleitorais paulistanas, demonstra na prática o resultado da polarização entre PT e PSDB. Acompanhe o que ocorreu em 2010:
Leia também:
Fatos e boatos sobre a candidatura de Soninha
Folha especula "dobrada" Soninha & Eduardo Jorge
Sinal verde: "Quem disse que político é tudo igual?"
Um sinal verde para requalificar a Câmara Municipal
PPS propõe bloco partidário para consolidar 3ª via