A Revista Veja e o jornal O Globo mostraram no fim-de-semana duas heranças curiosas deixadas por Lula a Dilma Roussef: o número crescente dos cargos de confiança (o chamado "bolsa-companheiro" para socorrer petistas e aliados) e a nomeação de ministros para conselhos federais com o objetivo de reforçar os salários dessa turma.
Com relação aos Conselhos, o interessante é que o PT ataca ferozmente essa mesma prática nos governos municipais e estaduais, como fez várias vezes na Câmara Municipal paulistana ao atacar, por exemplo, os conselheiros de empresas públicas nas gestões de Serra e Kassab, esquecendo não apenas que o governo federal usa a mesma tática, mas que a própria Dilma Roussef, então ministra de Lula, fora nomeada para o Conselho da Petrobrás com o intuito de engordar o salário mensal (relembre como era e quem ocupava os conselhos).
Agora Dilma repete a estratégia com seus ministros, que somam os salários aos bônus e jetons recebidos como conselheiros de estatais para totalizar o que a revista Veja chama de "super-salários" - o que não deixa de ser uma afronta ao salário mínimo que, após alardeado aumento, passará a R$ 545.
Só para lembrar, o salário dos ministros passará de R$ 10,4 mil para R$ 26,7 mil em fevereiro - somados os bônus recebidos em conselhos esses valores podem até dobrar.
Cargos de confiança
É uma espécie de PAC: "Pacote de Aspones Contratados" pelo governo Lula. Em oito anos de governo, foram criados 3.473 cargos de confiança, totalizando em 21.847 aspones o cabidão do "bolsa-companheiro", segundo o próprio Ministério do Planejamento.
O maior salário desses cargos de confiança está em R$ 11,1 mil, mas a remuneração média é de R$ 21,28 mil quando a vaga é ocupada por um servidor de carreira do Executivo, segundo o Boletim de Pessoal do Ministério do Planejamento.