A chuva alaga diariamente São Paulo, pára o trânsito, destrói casas, traz prejuízos. Já causou 14 mortes em todo o Estado, mas não é privilégio paulista. Atinge igualmente governos tucanos, democratas e petistas. Não poupa coloração partidária, nem mesmo classe social. Morre-se no barraco em área de risco ou no carro luxuoso arrastado na enxurrada.
A culpa é a falta de limpeza de bueiros e bocas-de-lobo? É a falta de desassoreamento do rio? É a ausência da canalização de córregos? É a impermeabilização do solo? Efeito das mudanças climáticas? Ou simplesmente um conjunto disso tudo, mais a chuva em excesso, como sempre ocorre nesta época, e que causa cada vez mais transtornos pela ocupação desenfreada e sem planejamento de áreas que deveriam permanecer desabitadas?
Que tal um PAC, dona Dilma, que se ocupe e preocupe com a preservação de vidas e danos materiais que ocorrem todos os anos com as enchentes, os alagamentos e deslizamentos? Não são simples obras de manutenção e conservação que vão impedir o caos atual. São necessárias intervenções urbanísticas complexas, soluções drásticas para um problema crônico.
A chuva e as mortes não são obras exclusivas de Kassab, Alckmin ou Dilma, assim como não foram de Lula, FHC, Serra, Goldman, Covas, Marta, Pitta, Maluf, Erundina, Jânio... Mas cada um de nós temos nosso tijolinho nesse muro da vergonha e da hipocrisia. Obra antienchente é cara, demorada e talvez não traga tanto voto imediato, suficiente para (re)eleger o gestor da ocasião. Mas vai poupar vidas se tivermos nossa metrópole replanejada. Que tal começarmos já?