Se coisas como esta acontecem na Câmara Municipal de São Paulo, nem queremos imaginar o que ocorre por aí, nos rincões do país. O vereador José Olímpio (PP), ou "missionário" José Olímpio (foto), da denominada Igreja Mundial do Poder de Deus, uma dessas ramificações neopentecostais que pululam diante da fé cega do povo, teve uma incumbência aparentemente corriqueira: relatar um projeto do colega Jooji Hato (PMDB) na Comissão de Consituição e Justiça (CCJ).
O empenho do "missionário" foi tanto pela aprovação do projeto - em contraste com a sua atuação cotidiana sempre apagada - que despertou a curiosidade dos colegas. Qual não foi a surpresa de todos ao descobrirem que a iniciativa da dupla Hato / Olímpio escondia o verdadeiro interesse do projeto: modificar o traçado de uma via pública para beneficiar os proprietários de um terreno de quase 7 mil metros quadrados, entre as ruas Bruges e Benedito Fernandes, na zona sul de São Paulo.
A justificativa do projeto - uma flagrante ilegalidade e inconstitucionalidade - que modifica o trajeto da rua, uma prerrogativa do Poder Executivo e que abre perigoso precedente, é destinar o terreno para ser um estacionamento da tal Igreja do "missionário" do Poder de Deus, segundo ele uma "promessa" da Prefeitura.
A votação segue pendente na CCJ por não ter obtido maioria entre os seus nove membros: três são contra (Celso Jatene, do PTB; João Antonio e Ítalo Cardoso, do PT); três são a favor da "terra prometida" (Olímpio, do PP; Abou Anni, do PV; e Kamia, do PFL); e três se abstiveram, depois de receberem a informação do benefício exclusivo à Igreja (Agnaldo Timóteo, do PR; Aníbal de Freitas e Carlos Bezerra, do PSDB). Uma vergonha!