Ora, ora. Será que não interessa ao leitor da Folha esta informação? Ou não estará comprando "gato por lebre" quem lê um artigo elogioso ao prefeito de São Paulo sem receber a preciosa informação de que se trata apenas de mais uma peça publicitária do time de marketing petista?
Enfim, comunicamos deste "esquecimento" a editoria Tendências/Debates, para a qual enviamos um artigo-resposta, o Painel do Leitor e a Ombudsman da Folha de S. Paulo. Recebemos apenas um comunicado burocrático padrão: "A Coordenação de Artigos da Folha de S.Paulo agradece pelo envio do artigo de sua autoria. Infelizmente, não nos será possível publicá-lo, diante do volume de artigos que temos no prelo."
Ok, então publicamos por aqui, mesmo. Talvez alguns leitores da Folha possam ser informados pelo Blog do PPS que estão sendo enganados. Beijo, jornalismo.
Aqui o artigo publicado pelo "antropólogo e urbanista" Antonio Risério na Folha deste domingo, 21/6: Um prefeito necessário. Leia e veja o nível e o estilo de argumentação.
Aqui a informação (da própria Folha, que ironia) que Antonio Risério é marqueteiro do PT, redator e "conceituador" de sucessivas campanhas petistas e "amigo de João Santana", o guru do marketing de Lula, Dilma e Haddad. Tem mais aqui e aqui sobre a eclética trajetória do autor no marketing político.
Abaixo, o artigo que a Folha não viu relevância para informar o seu leitor e contrapor a peça de marketing pró-Haddad publicada sem a devida identificação:
A "ruinddad" desnecessária
Desnecessária peça de propaganda pró-Haddad elaborada por Antonio Risério ("Um prefeito necessário", Tendências / Debates, 21/6). A Folha poderia nos poupar de tal leitura se tivesse tarjado a peça como "informe publicitário", ou se ao menos incluísse no currículo do "antropólogo e urbanista" outras informações essenciais do autor, como o fato de ter sido contratado como "redator" e "conceituador" de sucessivas campanhas petistas pelo conterrâneo baiano, o marqueteiro João Santana.
Mas, superado o estelionato (e)leitoral, vamos aos argumentos sobre "o prefeito que São Paulo deveria ter conhecido há mais de uma década". Primeiro, que ao restringir sua gestão a ações cosméticas como o ato tresloucado de pintar faixas coloridas no asfalto, Fernando Haddad não está "encarando a questão da mobilidade urbana e discutindo sem temor o beco sem saída automobilístico, com todas as suas implicações ambientais". Está, sim, assinando um atestado de incompetência e despreparo, mimetizando as práticas de qualquer síndico mequetrefe enrolado com as contas do condomínio.
Ora, que visão ambiental pode ter o gestor público que enterra a inspeção veicular, que cede áreas de proteção de mananciais para programas de moradia após pressão e ocupação de movimentos sem-teto, que desfigura o Plano Diretor e a Lei de Zoneamento permitindo construções até em praças, parques e áreas de preservação permanente, que teriam justamente a função de proteger recursos hídricos?
O dia-a-dia da gestão paulistana é tocado na base do marketing, da irresponsabilidade e do improviso. Será verdade que deveríamos ter conhecido Haddad há mais de uma década, ou todos já conhecemos bem este modus operandi deletério para a cidade, Sr. Risério?
Haddad nada mais é que o Pitta do Lula, assim como Celso Pitta foi o Haddad de Paulo Maluf. Simples assim. Ambos, os piores prefeitos que São Paulo teve nas últimas décadas (e o Datafolha confirma), são criaturas tiradas da cartola de seus criadores para manter no poder a mesma estrutura carcomida e viciada do loteamento de cargos e do aparelhamento partidário da administração, para a montagem de um secretariado que confunde curriculum vitae com ficha criminal.
Haddad é a criatura de Lula que, feito um cientista atormentado, acreditava ser capaz de reproduzir, dos restos petistas, candidatos em série para dar continuidade a seu poder aparentemente ilimitado. A mutilação de áreas verdes, o incentivo à proliferação de zumbis na cracolândia, o esquartejamento do Plano Municipal de Educação e a monstruosa vascularização de ruas mortas com artérias vermelhas artificiais implantadas sem critério nem planejamento é a face mais visível desta obra monstruosa. Mas o plano deu errado e o jovem Frankenstein passou a aterrorizar São Paulo.
Desorientado pelo índice de aprovação que despencava vertiginosamente e cercado de gente incomPeTente, o prefeito Fernando Haddad ficou literalmente com a brocha na mão. Influenciado pela boa repercussão das faixas exclusivas de ônibus, ele tentou repetir a prática, desta vez trocando a tinta branca do transporte coletivo pela vermelha para as bicicletas, como se simplesmente pintar o chão significasse uma política revolucionária.
Desorientado pelo índice de aprovação que despencava vertiginosamente e cercado de gente incomPeTente, o prefeito Fernando Haddad ficou literalmente com a brocha na mão. Influenciado pela boa repercussão das faixas exclusivas de ônibus, ele tentou repetir a prática, desta vez trocando a tinta branca do transporte coletivo pela vermelha para as bicicletas, como se simplesmente pintar o chão significasse uma política revolucionária.
Puro ilusionismo. Haddad tem o toque de Midas ao contrário. Enquanto anuncia milhares de quilômetros de novas ciclovias ou ciclofaixas, o paulistano só enxerga "ciclofarsas". O marketing político dá pedaladas no bom senso e no planejamento, prestando um desserviço à sustentabilidade e às necessárias políticas públicas de mobilidade urbana, onde a bicicleta se encaixa como meio ágil, não poluente e alternativo aos modais tradicionais, mas jamais como concorrente do transporte coletivo.
Enfim, são respostas à altura do texto pilhério de Risério. Risível! Leal aos chefes petistas, o marqueteiro escondido sob o intelectual (ou vice-versa) tenta fazer crer que Haddad é tão bom e diferenciado que suas virtudes escapam do senso comum. Não escapam: "ruinddad" é a marca do PT.
Carlos Fernandes é presidente do PPS de São Paulo e foi subprefeito da Lapa (gestão Serra / Kassab)
Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de comunicação do PPS.