Administrar a maior metrópole do país é missão para poucos. Viver em São Paulo é o desafio diário de 11 milhões de pessoas. Em cada ônibus lotado ou avenida congestionada, na busca por uma vaga na escola ou atendimento médico, ao sair à rua preocupado em não ser vítima da violência ou em encontrar a casa inundada, o paulistano enfrenta a rotina de uma cidade tão cheia de oportunidades quanto de problemas a serem resolvidos – ou amenizados.
O jornal Estado de S. Paulo dá início a uma série de reportagens especiais sobre a eleição municipal de 7 de outubro, dia em que 8,6 milhões de eleitores vão escolher o 59.º prefeito de São Paulo, cargo ocupado pela primeira vez em 7 de janeiro de 1889. Leia.
Nesta primeira edição, são os paulistanos que contam o que espera o próximo ocupante do Edifício Matarazzo, sede do Executivo municipal. Quem governar São Paulo pelos próximos quatro anos terá a chance e a responsabilidade de ajudar Ketellen, de 3 anos, assim como 123 mil crianças que estão fora da creche, a ter acesso ao ensino infantil; de reduzir o tempo que 6 milhões de passageiros como Zelita passam dentro de um ônibus; de garantir que Helvio e outros tantos ciclistas possam optar por deixar o carro na garagem; de criar formas para que Nina e cerca de 850 mil famílias troquem suas moradias improvisadas por uma casa adequada.
Não são questões simples nem existe caminho único e certo para se resolver os problemas da cidade. Os relatos desses paulistanos explicam como a eleição de um prefeito interfere diretamente na rotina das pessoas. E as propostas dos principais candidatos aqui publicadas vão ajudar na escolha do mais preparado para encarar o desafio que é governar a cidade de São Paulo.
A seguir as propostas de Soninha Francine, candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, para os temas sugeridos pelo Estadão:
Qualidade de vida - Bicicletas
“A prioridade é sinalizar já rotas mais seguras para os ciclistas – com sinalização horizontal e vertical e mapas por toda parte. A Prefeitura tem de colaborar no mínimo com as intervenções no espaço urbano. Espalhar placas, totens, distribuir mapas. Além disso, criar paraciclos e bicicletários nos pontos de transporte coletivo e locais para retirada e devolução de bicicletas compartilhadas. Com isso, é possível que muito mais gente use a bicicleta para trajetos curtos, por vias locais mais seguras, com benefício múltiplo.”
Habitação
“A principal é onerar o mau uso do solo urbano – isto é, manter imóveis subutilizados na forma mais perversa de especulação imobiliária, que é não fazer nada esperando ‘valorizar’. E o que mais valoriza um imóvel é a melhoria no entorno, que se dá quase que exclusivamente com investimento público. Incentivar o investimento privado em moradia mais acessível nas regiões centrais – com descontos, isenções, prioridade na tramitação dos projetos. Além disso, reurbanizar favelas e bairros desordenados.”
Cracolândia
“Aumentar a cobertura da assistência social: abordagem paciente e persistente para criar laços de confiança, recuperar identidade, contatos. Oferecer mais espaços com equipes multidisciplinares para acolher as pessoas. Assegurar leitos para casos agudos; reconhecer as necessidades e condições dessas pessoas e oferecer modalidades diferentes de tratamento. Criar rede de residências/repúblicas terapêuticas, ampliar o número de CECCOs, a reinserção das pessoas tem de ser amparada pelo poder público.”
Enchentes
“É preciso reformar o sistema de águas pluviais: existem galerias subdimensionadas ou malfeitas; outras têm número insuficiente de bocas de lobo para captar água da chuva, fazendo com que ela corra pela rua até chegar com estrondo à baixada. Temos de devolver espaço para a água, acima e abaixo da superfície. Com telhados e calçadas verdes; praças e parques lineares. Com “piscininhas” e um novo sistema de captação, em que a água, em vez de correr sobre base de concreto, vai sendo absorvida e filtrada no caminho.”
Segurança
“O básico: intervenções urbanísticas – mais e melhor iluminação pública, calçadas decentes, mato cortado. Menos muros, ao menos nos equipamentos públicos (grades, alambrados e cercados transparentes favorecem a visibilidade e melhoram a sensação de segurança). Sou a favor de incentivar a derrubada de muros em escolas, garagens, condomínios. Medidas que favoreçam o uso da rua: repovoamento do centro; incentivo ao comércio de rua; mais praças decentes, quadras, academias ao ar livre.”
Saúde
“A porta de entrada na saúde é a pior parte: ter de comparecer pessoalmente a uma unidade de saúde para agendar o clínico para dali a três meses e então ele encaminhar para um especialista. É preciso ter um agendamento eletrônico e um sistema de regulação melhor. As deficiências precisam ser identificadas. Muitas UBS precisam sair de prédios alugados para prédios próprios, mais adequados. Melhorar a acolhida e o acompanhamento, especialmente de idosos. Criar um transporte para pessoas muito fragilizadas.”
Transporte
“A medida decisiva para desafogar o transporte público é reorganizar a cidade: criar trabalho na periferia; melhorar a informação sobre o sistema (frequência e itinerário dos ônibus, melhor rota, integração dos modais); organizar os corredores; criar linhas e refazer trajetos de ônibus para cobrir lugares desatendidos; criar mais paraciclos, bicicletários e ampliar a oferta de bicicletas públicas; implantar passarelas e encurtar as distâncias para pedestres e ciclistas; estudar cuidadosamente o rodízio e outras restrições.”
Educação - Creches
"A Prefeitura de S. Paulo tem de garantir lugar seguro e adequado para as crianças e arcar com a despesa. Isso signiifica pagar o equivalente a uma bolsa em escolas particulares. Outra opção pode ser a contratação de ´mães crecheiras´, também com supervisão. A construção de novas creches não depende só de dinheiro, mas de espaço. A reurbanização de favelas (e a oferta de moradia acessivel no centro) é fundamental. E aproveitar melhor os espaços esxistentes nos primeiros CEUs".
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