sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Mesa da Câmara paulistana inicia "caça às bruxas"

O Jornal da Tarde informou nesta sexta-feira que a Mesa Diretora da Câmara Municipal de São Paulo, presidida até o próximo dia 31 de dezembro pelo vereador Antonio Carlos Rodrigues (PR), líder do Centrão, abriu sindicância contra "assessor do PPS" (sic) que comparou a disputa interna do parlamento paulistano com a situação da violência no Rio de Janeiro.

Se confirmada a notícia, há uma sucessão de equívocos na atitude da atual Mesa da Câmara. Primeiro, porque parece se tratar de uma abominável e descabida tentativa de censura. Afinal, qual o impeditivo de um blog partidário emitir uma opinião sobre fatos políticos da cidade?

Segundo, se a alegação for de uso de equipamento público para tal finalidade, o equívoco é ainda maior. Por dois motivos muito simples: a sindicância, se for de fato aberta, será contra o secretário de Comunicação do PPS, que é também o coordenador da liderança do partido na Câmara (o chefe de gabinete da liderança).

O funcionário citado é jornalista, militante e dirigente nacional do PPS, não mero servidor da Câmara, e o equipamento utilizado para publicação do blog é particular (pertence ao partido), não é patrimônio público.

E o último e derradeiro argumento: a nota contestada, além de representar a livre manifestação de pensamento garantida pela Constituição, foi publicada no dia 1º de dezembro, durante o gozo das férias do assessor citado. Portanto, não há nem sequer como a Câmara tentar impedi-lo de se expressar livremente em nome do partido (ainda que a nota fosse de autoria do funcionário), no rigoroso exercício de sua função profissional e partidária.

Se não bastasse isso tudo, a nota foi retirada do blog assim que provocou polêmica entre os vereadores, justamente porque o objetivo não era tumultuar o processo interno de eleição da Mesa Diretora nem ofender a instituição ou individualmente qualquer parlamentar ou partido.

Tratava-se de um posicionamento político do PPS, que fechou questão em torno da candidatura do vereador José Police Neto (PSDB) contra o candidato do Centrão e do PT, agrupamento que há seis anos controla o legislativo paulistano com métodos questionáveis.

Tudo, portanto, dentro das regras democráticas e constitucionais. Prática que deveria ser corriqueira dentro do parlamento e do cotidiano político-partidário: o livre exercício da crítica com amplo direito ao contraditório. Como, de fato, vinha ocorrendo.

Mas, estranhamente, apesar de atender a solicitação de retirar do ar tanto a nota contestada quanto uma nota posterior, esclarecendo o posicionamento do Blog do PPS, noticia-se agora a abertura da tal sindicância, numa estranha "caça às bruxas" depois de confirmada a derrota do candidato do Centrão e do PT.

Reveja as duas notas que foram retiradas do blog a pedido dos vereadores, mesmo depois de esclarecido o posicionamento do partido:

Comparação com situação do Rio irrita vereadores

Uma nota do Blog do PPS/SP, que fazia uma analogia crítica entre a disputa pela presidência da Câmara Municipal paulistana e a situação da violência no Rio de Janeiro, provocou discursos irados dos vereadores Adilson Amadeu (PTB) e José Américo (PT) na sessão desta terça-feira, 7 de dezembro.

O Blog do PPS/SP reproduziu o que toda a imprensa noticiou: o próprio vereador Adilson Amadeu teria agredido (e a informação é dos vereadores que testemunharam os fatos) o seu colega Marcelo Aguiar (PSC), acusando-o de trair o grupo denominado "Centrão" ao declarar apoio à candidatura do tucano José Police Neto para a presidência da Câmara.

Nem a ironia de comparar com as "unidades de polícia pacificadora" que atuam nos morros do Rio de Janeiro é novidade. O jornalista da CBN, Milton Jung, para citar um único exemplo, fez a mesma piada.

Ao se preocuparem com uma opinião crítica do Blog do PPS/SP, os vereadores desviam o foco da gravidade do que vem ocorrendo na Câmara Municipal. Tentativas de agressão ou intimidação viraram atos corriqueiros, segundo relatos de parlamentares e notícias divulgadas pela grande imprensa.

Alega o vereador Adilson Amadeu que jamais houve alguma tentativa de intimidação ou agressão. Para tanto, aparentemente nervoso, berrou no plenário enquanto caminhava em direção do líder do PPS, vereador Claudio Fonseca, quer fazia uso da palavra no microfone de apartes. O vereador petebista precisou ser contido por seus colegas.

Logo após, prosseguindo no mesmo assunto, o líder do PT José Américo também criticou a nota do Blog do PPS/SP, dizendo que o PPS "não tem autoridade moral para falar dos vereadores de São Paulo", afinal de contas, segundo o petista, o partido é presidido por "um pernambucano que mantinha duas sinecuras na Prefeitura de São Paulo."

A fala em tom alterado do líder do PT, jornalista e ex-secretário de Comunicação na gestão de Marta Suplicy, descambou da defesa dos vereadores para um absurdo ataque xenofóbico e preconceituoso contra os nordestinos.

Estranha a censura de José Américo ao fato do presidente nacional do PPS e deputado federal eleito por São Paulo, Roberto Freire, ter ocupado dois conselhos municipais na gestão Serra/Kassab. O ataque - pessoal - foi todo ele contra o fato de Freire ser nordestino.

Triste que justamente um vereador do PT destile esse preconceito absurdo contra um nordestino. E Luiza Erundina, primeira mulher prefeita de São Paulo, eleita pelo PT, não é paraibana? O fato de ser nordestina não lhe dava "autoridade moral" para administrar a cidade? Ora, ora, quanto ranço antidemocratico...

É compreensível que os vereadores não aceitem críticas. Estão no seu direito. Retiramos, portanto, qualquer crítica que possa ser considerada ofensiva a qualquer um dos parlamentares paulistanos. Porém, repudiamos mais uma vez as ações exacerbadas - como esta ocorrida na sessão de terça-feira - e a tentativa de intimidação provocada pelos vereadores do "Centrão" e do PT.


(Publicada em 7/12/2010)

A 15 dias da eleição na Câmara SP, segue impasse

Como vem sendo noticiado pela grande imprensa, já teve até agressão física na disputa pelo comando interno da Câmara Municipal de São Paulo. Não é de hoje que os "nobres" vereadores paulistanos se estapeiam por cargos na Mesa Diretora, responsável por controlar cargos, comissões e interferir nos orçamentos (da própria Casa e da cidade).

Se traçarmos um paralelo com a situação dos morros do Rio de Janeiro, lá as unidades pacificadoras já conseguiram frear a ação da bandidagem... Bom, deixa esse assunto para lá!

Por aqui, os vereadores lançaram até manifesto contra a violência entre os colegas de parlamento (leia).

O PPS fechou questão: apóia a candidatura do vereador José Police Neto (PSDB) para a presidência da Câmara, contra o candidato do Centrão e do PT, grupo que vem controlando o legislativo paulistano há pelo menos seis anos.

(Publicada em 1/12/2010)