segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Por que PT e PSDB se unem no ódio contra Marina

Faz tempo que diagnosticamos a relação simbiótica entre PT e PSDB. Na biologia ou na política, simbiose é uma associação mutuamente vantajosa entre dois ou mais organismos diferentes. PT e PSDB tanto se atacam que se completam. Revezam-se no poder há décadas e se unem para combater qualquer ser vivo que ameace quebrar essa polarização.

Vivemos essa situação agora, quando petistas e tucanos se unem na reação de ódio (ou seria medo?) contra a ascensão de Marina Silva. Disseminam mentiras e preconceitos contra a candidata da Coligação Unidos pelo Brasil, como faziam antes a Eduardo Campos, sem a mínima preocupação em conferir alguma veracidade ao teor das baixarias.

Aí vem todos juntos: candidatos, dirigentes, militantes e simpatizantes do PT e do PSDB, nas redes, nas ruas, na mídia. Vale até unir temporariamente os dois pólos opostos: e petistas não se constrangem de reproduzir textos daquela que chamam infantilmente de PIG, ou "partido da imprensa golpista", e até endossar opiniões de figuras que execram, como o jornalista Reinaldo Azevedo. Do outro lado, vemos tucanos aplaudindo os "blogueiros amigos" e milicianos virtuais claramente cooPTados pelo governo.

Sob pretexto de garantir o equilíbrio e a imparcialidade na sua cobertura política, a Folha de S. Paulo, por exemplo, traz entre seus colunistas representantes de campos extremos.

De um lado do octógono virtual, Ricardo Melo (falaremos dele a seguir), o ex-porta-voz de Lula, André Singer, e o rebelde-celebridade do MTST, Guilherme Boulos. No outro canto, radicalmente oposto (mas nem tanto), Reinaldo Azevedo e Demétrio Magnoli.

Verdadeiros ícones à esquerda e à direita, ao menos no mais tradicional enfrentamento de vale-tudo nas redes a partir da (re)publicação de suas colunas.

Une-se a guerra política ao marketing de guerrilha. E mais uma vez ganham todos - ou quase todos. Perde quem tenta escapar dessa polarização burra.

Na segunda-feira, dia 18, contestamos o colunista Ricardo Melo, que fez ataques panfletários contra Marina Silva. Mas ele está na Folha justamente para isso: representar a facção mais radical do petismo no jornal. Basta acompanhar suas colunas e ler o currículo que ostenta orgulhoso: "Na juventude, foi um dos principais dirigentes do movimento estudantil Liberdade e Luta (Libelu), de orientação trotskista." Hmmm...


Diga-se de passagem, na velha e demodê Libelu já estavam juntos Ricardo Melo, Reinaldo Azevedo, Demétrio Magnoli - esses que hoje representam a simbiose entre "direita""esquerda" - ao lado de ideólogos do lulismo como Antonio Palocci Luiz Gushiken, e seguidos pela fina flor da milícia virtual petista, como Paulo Moreira Leite, Luís Favre e sabe-se lá até Paulo Henrique Amorim...

Mas voltemos à atualidade. Nesta segunda, 25 de agosto, Ricardo Melo insiste em atacar Marina, entre um ufanismo e outro sobre as maravilhas econômicas surreais dos governos de Lula e Dilma
"Presa dessa ilusão (a ´pretensa necessidade de acalmar mercados´) depois de transformada em candidata competitiva, Marina Silva corre para decorar o script. Nomeou uma banqueira como fiadora e se mostra disposta a alargar alianças além das fronteiras antes sustentáveis, ou suportáveis, pela sua Rede. Até agora não entusiasmou nem gregos, nem troianos. Apenas piorou o humor de seu rival na oposição."
"É um jogo de alto risco. A força eleitoral de Marina vem justamente do seu lado outsider. Ao mesmo tempo, esta é sua fraqueza junto ao establishment. Você imagina um empreiteiro doando fundos para uma candidata adversária de hidrelétricas?"
"Bem, nada parece impossível num país onde um político como José Roberto Arruda, mentiroso confesso e corrupto notório, flagrado em áudio e vídeo, lidera intenções de voto em seu quadrado."
Maquiavélico, mas nada que se compare à virulência do texto anterior ("Aonde vai Marina"), que mereceu da Secretaria de Comunicação do PPS a crítica reproduzida abaixo - e solenemente ignorada pela Folha, por motivos óbvios.

Ao Painel do Leitor
Folha de S. Paulo

O shownarlismo petista, que incomoda nas redes e nos veículos chapa-branca, fica intolerável quando contamina também a Folha, sob pretexto de garantir a sua já tradicional pluralidade e isenção.

O primeiro evitamos num clique. Mas do segundo não temos escapatória: somos atacados em casa, como assinantes do jornal.

O serviço que Ricardo Mello presta semanalmente parece pautado pelo marketing eleitoral do PT. No panfleto desta segunda-feira ("Aonde vai Marina"), a quantidade de adjetivos e subjetivismos é ultrajante!

Hábil na desconstrução, diz que Eduardo Campos "engatinhava como liderança nacional", "não deixa um legado político expressivo" e agia "no sentido contrário da decantada novidade que dizia representar". Seria ainda um patrocinador de "alianças com Deus e o diabo" e engavetador de princípios em troca de "dividendos na urna".

Marina, outra oportunista assim como Campos, sempre no raciocínio deformado do militante Ricardo Mello, adotou o PSB como "barriga de aluguel" e virou "estrela da companhia" por acidente, cercada de "coronéis, banqueiras, bilionárias de cosméticos e economistas ortodoxos". Isso depois de ver "golpeada sua imagem de pureza, de integridade e de defensora intransigente de princípios" ao fazer parte de uma "maionese política, intelectual e financeira" com a "moçada sonhática e adoradores de bagre".

É preciso dizer algo mais, além de manifestar nojo?

Maurício Huertas, assinante da Folha e secretário de Comunicação do PPS/SP.


O Painel do Leitor nem se dignou a responder. A ombudsman Vera Guimarães Martins deu apenas uma resposta lacônica: "Encaminhei sua mensagem para conhecimento do colunista e também da direção do jornal. Obrigada por escrever." Ah, vá... Como se resolvesse alguma coisa.

Enquanto isso, atendemos como podemos a convocação da própria Marina Silva: doar um pouco do nosso tempo para combater as mentiras. E mostrar por A + B, com propostas concretas e sinais inequívocos de uma nova política, que a eleição dela pode dar início a um novo e bom governo, protagonizando o desejado e necessário período "pós-PT". Vamos que vamos!

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