Enquanto se especula a criação de novos partidos no Brasil e as atuais legendas se sobrepõem numa sopa de letrinhas rala, insossa e indigesta, sem nenhuma "sustança" ideológica, é chegada a hora de fazer o balanço do PPS, às vésperas de seus 20 anos (ou 90 anos de PCB/PPS, que também serão completados em 2012).
Sabe-se que o Partido Popular Socialista (PPS), herdeiro legítimo do velho Partidão, tem um lastro histórico de lutas pela democracia, pela cidadania plena e por justiça social. O xis da questão é transportar esse passado glorioso para a atualidade, mantendo a coerência, a ética e a unidade, expandindo nossos horizontes e desbravando novos caminhos para o desenvolvimento econômico, político e social do Brasil.
O que a sociedade espera, hoje, de um partido político? E o que o PPS tem a oferecer aos cidadãos brasileiros para atender a essa expectativa?
Primeiro, é preciso entender que o atual modelo político-partidário brasileiro está esgotado. Não é à toa a crônica falta de credibilidade dos políticos, dos partidos e das instituições vinculadas aos três poderes.
O povo brasileiro carece de um partido verdadeiramente moderno, com políticos sensíveis às demandas sociais e comprometidos com o bem comum. Mas exige, além de um programa viável para o país, que todo esse arcabouço teórico seja traduzido em ações práticas e de fácil assimilação.
Não basta pensar o país e o mundo, é preciso transformá-los. Da solução para um buraco de rua ou a necessária poda de uma árvore à globalização econômica e à paz mundial, cada cidadão tem um amplo arco de interesses e procura um partido que se identifique com estas causas.
O PPS, portanto, tem que ser mais visível, sensível e inteligível à população. Tem que levantar bandeiras que sejam claramente identificadas pelos setores da sociedade que pretendemos atingir. E quais são esses setores? A quem o PPS quer servir?
O PPS é um partido moderno, antenado com o mundo e as novas tecnologias, composto em grande parte por uma nova geração de políticos éticos e comprometidos sobretudo com o que se convencionou chamar de "classe média" no Brasil.
E o que é um partido de "classe média"? Traduzindo: o PPS não é um partido das classes dominantes, das oligarquias, dos banqueiros e dos grandes empresários. Por outro lado, não é um partido assistencialista, que faz da exploração da miséria a sua razão de ser. É o partido do cidadão comum, como eu e você, que batalha no dia-a-dia e tem um senso crítico desenvolvido, espírito contestador e que não se satisfaz com os atuais modelos de governo e de oposição.
O PPS é o partido da juventude, dos aposentados, das famílias que se preocupam com o futuro, com uma educação de qualidade, com a preservação do meio ambiente, com a redução de impostos, com a mobilidade urbana e a melhoria dos transportes, com um sistema único de saúde amplo e funcional, com empregos dignos, estabilidade financeira, cultura e lazer.
É o partido do trabalhador que não se vê atendido pelo atual governo federal, por partidos e centrais sindicais subservientes, que se contentam com um aumento irrisório de salário para manter as benesses do poder.
É o partido do jovem que está nas redes sociais e não se vê representado no movimento estudantil oficial, nas instituições que viraram fábricas de carteirinha escolar e que só funcionam como máquinas arrecadadoras de verbas governamentais.
É o partido do aposentado que manifesta a sua indignação com o desrespeito a que é submetido no dia-a-dia, na falta de valorização de toda uma vida de trabalho e dedicação ao país, que acaba se traduzindo na desatenção à saúde e na falta de uma assistência compatível às suas necessidades especiais.
O PPS é o partido contra todas as imposições absurdas à sociedade: contra o voto obrigatório, contra o alistamento militar obrigatório, contra a corrupção, contra impostos e taxas que se multiplicam indefinidamente sobre o bolso do contribuinte.
O PPS é o partido do imposto único, do incentivo ao primeiro emprego, do voto facultativo, do voto distrital misto, da banda larga grátis para estudantes, trabalhadores e aposentados. É o partido do salário mínimo digno. Da faculdade gratuita e de qualidade à população mais carente. Da prioridade ao transporte público. Da redução do trânsito. Do combate ao tráfico de drogas. Da criminalização da homofobia. Da luta por saúde e segurança. Da mulher, do índio, do negro, do portador de deficiência. Da mesma oportunidade para todos. Da igualdade. Da liberdade. Da qualidade de vida.
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