Quem acompanha o noticiário político diário já deve ter dado um nó em seus neurônios! Quando você vai dormir, as regras que estão valendo são de um jeito; quando você acorda, já estão de outro. Isso vale principalmente para esse desarranjo eleitoral (que alguns chamam de "reforma") promovido a toque de caixa por deputados e senadores que fazem de tudo para não largar o osso do poder.
Cria-se um fundo público bilionário, obviamente beneficiando os maiores partidos; recria-se a cláusula de desempenho, desta vez, obviamente, prejudicando os pequenos partidos. O maior problema, entretanto, não é enfrentado. As novas regras não punem os maus políticos, nem aquelas legendas de aluguel que vendem seus preciosos minutos da propaganda na TV para os candidatos favoritos. Quem se dá mal nisso tudo são as siglas de conteúdo ideológico e que abrigam os políticos verdadeiramente interessados em fazer uma política diferenciada e voltada para o bem comum.
A quantidade de coisas acontecendo ao mesmo tempo, as idas e vindas das reformas no Congresso, a enxurrada de escândalos, denúncias, delações, depoimentos - tudo muda o tempo todo no mundo, e cada vez mais rápido! Mas, ao contrário do que canta o Lulu Santos na música "Como Uma Onda", aqui parece que nada passa e, se é verdade que tudo o que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo, no fim das contas parece que tudo acaba mudando só para voltar exatamente ao que era antes, porque os políticos vivem fugindo da realidade e mentindo sem escrúpulos.
Tudo bem, vamos relativizar, afinal a ética e o bom senso ensinam a não generalizar. Mas, cá entre nós, quantos são os políticos que se distinguem pela ética e pelo bom senso? É a minoria da minoria! Dá para contar nos dedos! Político honesto é bicho em extinção! O que se vê no dia-a-dia do Congresso, das assembleias estaduais e câmaras municipais é de encher de vergonha quem busca um pouquinho de seriedade, vocação democrática, interesse público e espírito republicano nos representantes do povo.
As eleições de 2018 serão prioritárias para o redirecionamento do futuro do país. Estamos em uma encruzilhada histórica. Para onde desejamos caminhar? Retroceder, virar à esquerda, à direita ou seguir em frente e ao centro? Claro que essa simbologia é apenas uma simplificação de todo um contexto político, econômico, social e cultural muito mais complexo. Mas não deixa de ser representativo da realidade. Vamos acertar o passo?
A jovem democracia brasileira está em crise e não é de hoje, mas a ressaca pós-PT ajuda a aumentar a sensação de frustração e de fraude ideológica. A onda de conservadorismo é avassaladora. Num indo e vindo infinito ressurgem o ódio, a intolerância, a censura, o preconceito nas ruas e nas redes. Gritam por intervenção militar. Enxovalham as instituições. Depreciam o valor da luta pela redemocratização do país como se fosse um fato de menor importância. Que momento político triste este que vivemos... Precisamos reagir!
Maurício Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, diretor da FAP (Fundação Astrojildo Pereira) e apresentador do #ProgramaDiferente