terça-feira, 21 de março de 2017

Polêmica na Câmara de São Paulo: Vereadora Isa Penna (PSOL) acusa colega Camilo Cristófaro (PSB) de agressão; imagens do circuito interno mostram vereador alterado e vereadora acuada



As imagens do circuito interno da Câmara Municipal de São Paulo, ainda que sem áudio, não deixam dúvida: o vereador Camilo Cristófaro (PSB), dedo em riste e visivelmente alterado, desferiu impropérios (para usar um termo minimamente isento) contra a colega Isa Penna (PSOL) na entrada do hall do elevador privativo dos parlamentares, às 19h59 de quinta-feira, 16 de março, no 1º subsolo da Casa. Veja aqui.

Segundo Isa Penna, que completará 26 anos em 28 de março, suplente do PSOL que assumiu a cadeira do titular Toninho Vespoli durante uma licença de 30 dias justamente para ela exercer o mandato em homenagem ao mês das mulheres, ela foi chamada de "vagabunda" e as agressões começaram no elevador privativo.

"Ele me agrediu verbalmente e fisicamente", acusa a vereadora do PSOL, em vídeo veiculado nas suas redes sociais e que deve render processos contra o vereador do PSB na Corregedoria da Câmara e na Justiça comum, podendo resultar até em cassação.

Segundo depoimento da parlamentar, ela encontrou Camilo Cristófaro no elevador e o cumprimentou: "Tudo bem?". Ao que ele teria respondido: "Não, não está nada bem! Com essa boca que você tem, não se assuste se tomar uns tapas lá fora!".

"Não bastando isso, me empurrou e me chamou de vagabunda", acusa Isa Penna, que registrou queixa na Delegacia da Mulher. Ela recebeu 12.439 votos nas eleições de 2016 com uma campanha marcada exatamente pela pauta feminista.

Ex-chefe de gabinete da Presidência da Câmara durante os mandatos de Antonio Carlos Rodrigues (PR) e José Américo (PT), o vereador Camilo Cristófaro, que gosta de ser chamado de Camilinho, não parecia muito preocupado com a repercussão do caso: "Quem te falou foi ela [Isa Penna]. Você vem com essa conversa de PSOL. Não vem com essa conversa pra cima de mim (...). Põe ai o que vocês quiserem", afirmou o vereador a um jornalista que tentou ouvir o "outro lado".

A campanha de Camilo Cristófaro, que obteve 29.603 votos em 2016, também foi baseada sobretudo nas redes sociais, em vídeos gravados com um estilo único e o slogan que virou sua marca: "Se a sua verdade for a minha verdade..." para atrair seus eleitores.

A polêmica vai render. Não é pouca coisa, mais um caso de agressão relatado em apenas dois meses de trabalho na Câmara de São Paulo. Também não parece simples acaso que envolva outra vereadora jovem e declaradamente bissexual, assim como ocorre com Fernando Holiday (DEM), 20 anos de idade, gay e negro, que vive às turras com a bancada do PT.

Conclusão: à esquerda ou à direita, os novatos parecem incomodar alguns grupos estabelecidos por terem chegado lá. De um lado e de outro, despertam a ira dos que se sentem ameaçados e enxergam nessa mudança ora um "capitão do mato", ora uma "vagabunda" prontos a desafiar o status quo.

Que venham novos atores para esse palco modorrento da política! O Brasil agradece!