O PPS reafirmou em reunião do Diretório Nacional, neste 25 de março, a importância das reformas estruturais que vem sendo debatidas pela sociedade e o nosso apoio ao governo de transição do presidente Michel Temer para ajudar o Brasil a superar a grave crise herdada das gestões petistas e acentuada sobretudo após a reeleição de Dilma Rousseff em 2014. (Veja aqui a integra do encontro)
O presidente em exercício do PPS, Davi Zaia, ao abrir a reunião, fez uma breve análise da conjuntura, destacando que as medidas adotadas pelo governo Temer começam a dar sinais de reação da economia, por exemplo com a queda da inflação e dos juros, bem como do indício ainda tímido de retomada do emprego.
Em seguida, o ministro da Cultura e presidente licenciado do partido, Roberto Freire, fez um chamamento para a realidade e para a responsabilidade que o PPS tem até as eleições de 2018, tanto no apoio às reformas discutidas no Congresso Nacional quanto na busca da estabilidade deste governo de transição pós-impeachment, do qual somos corresponsáveis.
Dito isto, vale ressaltar que desde a sua fundação, há 25 anos, o PPS jamais se caracterizou pelo apoio incondicional a qualquer governo, nem tampouco se alinhou à oposição sistemática, mesmo nos 13 anos dos (des)governos do PT, do qual fomos apoiadores no segundo turno de 2002, que elegeu Lula, mas também críticos ferrenhos desde 2004, quando das primeiras demonstrações de traição às causas históricas e programáticas que nos levaram a apoiá-lo e ao adernamento ético, político e econômico que já prenunciava o naufrágio que estava por vir.
Portanto, é preciso reafirmar: O nosso compromisso é com o Brasil, com o fortalecimento da democracia, a consolidação das nossas instituições, o respeito aos fundamentos constitucionais e aos princípios republicanos.
Oriundos da esquerda democrática, sempre estivemos do mesmo lado, em defesa da liberdade, da cidadania plena, da sustentabilidade e da justiça social, na busca de caminhos viáveis para responder às angústias de grande parte da sociedade brasileira diante de uma realidade que se tornava, dia a dia, mais asfixiante e desesperadora.
Não votamos em Michel Temer nem para presidente nem para vice. Isso é obra do PT e do seu governo de coalizão com Deus e o diabo, no vale-tudo acintoso que promoveu para se manter no poder a qualquer custo, inclusive aprimorando os ralos da corrupção arraigada na máquina estatal e flagrada nos episódios do mensalão, do petrolão e de suas derivações, num escoamento criminoso de dinheiro público para atender a seus interesses partidários e eleitoreiros.
Se hoje apoiamos o governo de transição do presidente Michel Temer, é porque esta foi a única solução constitucional, democrática e republicana que havia após o impeachment de Dilma Rousseff: a ascensão do seu vice, escolhido duas vezes por ela e pelo PT, bem como pelos seus eleitores. Um detalhe que parece esquecido quando se produz uma fantasiosa narrativa do "golpe" que jamais aconteceu.
Golpistas, ao contrário, são aqueles que buscam subterfúgios e estratagemas para tentar escapar sorrateiramente do alcance da lei, do ordenamento democrático e dos preceitos constitucionais e republicanos. Golpistas são os que se insurgem contra os Três Poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário) e contra o Estado Democrático de Direito.
Foi o PT - e não qualquer outro partido "golpista" - que se opôs à Constituição de 1988. Foi o PT que puniu seus parlamentares que ajudaram a eleger Tancredo Neves no Colégio Eleitoral de 1985, pondo fim a 21 anos de ditadura militar no Brasil. Foi o PT que, aprovado o impeachment de Fernando Collor em 1992, recusou-se a apoiar o governo de transição do vice-presidente Itamar Franco. Foi o PT que se opôs incondicionalmente ao Plano Real. Foi o PT que se alinhou a ditaduras bolivarianas que enxovalharam o pensamento de esquerda no mundo.
Nas manifestações de todos os dirigentes do PPS, ficou claro que é essencial aprofundar o debate com o conjunto de filiados, lideranças e a bancada parlamentar sobre as reformas em pauta (previdenciária, trabalhista e política), não apenas para o esclarecimento amplo e irrestrito do que vem sendo discutido, mas também com o objetivo de elaborar e apresentar propostas para o aprimoramento dos projetos em tramitação.
O governo do PMDB e o presidente Michel Temer não são nem de longe os modelos ideais daquilo que desejamos para o país. Mas é o que temos agora como ponte para chegar ao futuro próximo e, a partir de 2018, tentar efetivamente colocar em prática uma nova política que atenda legitimamente às demandas da sociedade e aos anseios da maioria da população brasileira, com pleno respeito às minorias, por um Brasil mais digno, eficiente, justo e democrático.
Mauricio Huertas, jornalista, é dirigente nacional do PPS e da FAP (Fundação Astrojildo Pereira), secretário de Comunicação do PPS/SP e apresentador do #ProgramaDiferente