Artigo do vereador Claudio Fonseca |
Dito isto, e para tentar dissipar dúvidas e não escapar à responsabilidade que tenho, tanto como vereador quanto presidente do Sinpeem (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo), esclareço sobre o anúncio de remanejamento de receitas previstas para a realização de obras para cumprimento da lei e a aplicação de reajustes aos profissionais de educação:
Em 2015, durante a nossa campanha salarial, conseguimos 10% a titulo de valorização dos pisos remuneratórios dos docentes, gestores e quadro de apoio da educação. Reivindicamos que este porcentual fosse então aplicado integralmente sobre todos os padrões de vencimentos, mas o governo Haddad, assim como ocorreu nos anos de governo Kassab, justificando que o orçamento da Prefeitura não suportaria o impacto de incorporação imediata, decidiu que seriam pagos os 10% na forma de Abono Complementar de Piso.
Pressionamos para que fosse incorporado para todos os ativos e aposentados e conseguimos, mas em duas parcelas. A primeira a ser aplicada para todos em maio de 2017 e a segunda em maio de 2018. São índices decorrentes da incorporação do porcentual de 10% conquistados em 2015, em cumprimento ao artigo 100 da Lei nº 14.660/07, conquistada pelo Sinpeem, que determina que os pisos remuneratórios dos profissionais de educação tem que ser fixados anualmente no mês de maio.
Em 2016, o mesmo processo de negociação ocorreu durante a data-base. Reivindicamos, pressionamos e com as manifestações realizadas foi instalado o processo de negociação que ao final resultou em assinatura de protocolo constando entre outros itens a aplicação de 7,76% a título de aumento dos valores dos pisos dos docentes, gestores e quadro de apoio, na forma de abono complementar e incorporação também em duas parcelas de 3,7619%. A primeira em novembro de 2017 e a segunda em novembro de 2018.
Portanto, independente do quanto representa quantitativamente estes índices, somos a única categoria profissional que os conquistou, que incluiu em protocolo de negociação e que conseguiu suas garantias em leis.
Posto isto, voltemos à noticia e à polêmica sobre o remanejamento de recursos orçamentários previstos para a realização de obras para o pagamento de pessoal da educação. A proposta de orçamento da cidade para 2017 foi enviada pelo prefeito Haddad, como sempre deve ocorrer, no ano anterior à sua execução. Acontece que, mesmo sabendo que os profissionais de educação tem direitos aos reajustes de 5% em maio e 3,7619% em novembro, o prefeito Haddad não incluiu no orçamento a previsão de receitas para o cumprimento dos reajustes.
Assim que constatei este fato, estive na Câmara, falei com o relator do orçamento e também com a Secretaria de Educação, ainda da gestão Haddad. Tratei também com o presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara Municipal, à época o vereador Milton Leite, que reconheceu que de fato a receita para pagar os reajustes não estava prevista. Consegui o compromisso de que isto seria corrigido e a receita estimada em torno de R$ 460 milhões seria incluída para pagamento dos reajustes. Portanto haveria remanejamento. E é isto que se divulga agora.
Diga-se de passagem, e por compromisso com a verdade, mesmo durante governos anteriores ocorreram remanejamentos orçamentários para pagamento de despesas com pessoal. O ideal é que não houvesse necessidade de remanejar receita destinada para qualquer serviço ou obra.
Defender e exigir o cumprimento de reajustes conquistados e legais, postos que constante de leis, não nos coloca contra a população. Também não pode ser visto como ato de interesse de qualquer governo. É sua obrigação e dever cumprir a lei, ainda que tenha que remanejar receitas destinadas no orçamento para outras finalidades. O caminho diferente e inaceitável seria o governo não cumprir as leis que nos conferem direito aos reajustes ou ainda encaminhar projeto para revogá-las, justificando falta de recursos ou mudanças na economia, com fez Maluf no passado.
Para quem nos apontar como responsáveis por obras que não serão realizadas, podemos dizer que não há melhor e maior edificação do que investir em educação e que estes porcentuais a que temos direito estão longe do que reivindicamos e merecemos. De nada adiantará construir CEUs e oferecer condições próprias do inferno nos seus interiores e nas demais escolas da rede para alunos e seus profissionais docentes, gestores e quadro de apoio.
Seja o governo que for, os profissionais de educação vão defender os seus direitos, que não se distinguem do direito da população em ter escolas públicas, gratuitas e educação de qualidade para todos e em todos os níveis. #EducaçãoSempre!
Claudio Fonseca é professor, vereador (PPS-SP) e presidente do Sinpeem
Claudio Fonseca é professor, vereador (PPS-SP) e presidente do Sinpeem