terça-feira, 3 de novembro de 2015

Se 49% reprovam Haddad, 51% vivem onde?

O título acima é, obviamente, uma provocação. Uma ironia. Mas é sempre bom explicar isso, em tempos de desinteligência na política e nas redes sociais. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), atinge índice recorde de reprovação: 49% do eleitorado paulistano considera a sua gestão ruim ou péssima. Até aí, OK. Mas o que nos espanta é que os outros 51% ainda não apontem também essa "ruinddad".

Pela avaliação do Datafolha, Haddad consegue a proeza de estar pior que a presidente Dilma Roussef no conceito do brasileiro. Uau! Lula-lá! A invenção lulista só não foi pior avaliada que a cria do Maluf eleita em 1996, o então prefeito Celso Pitta, que enlameou a cidade até 2000.


Os números da avaliação da gestão Haddad, analisados diante da pesquisa de intenção de votos para a Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2016, dão um quadro do que o paulistano vem pensando da cidade e da atual administração.

São 34% que ainda o consideram um prefeito "regular" e, pasme, 15% que julgam Haddad "ótimo ou bom". Meu Deus! Na intenção de voto para 2016, Haddad se mantém com 12%, embolado na disputa do segundo lugar. Podemos supor que pode chegar facilmente aos 15% de fãs, mas também nada o impede de reconquistar votos entre o julgamento "regular". Ou seja, Haddad está no jogo. Bom para ele e para o PT, péssimo para São Paulo.

A menos de um ano da eleição, o cenário está bem confuso. Na liderança aparece com folga o deputado federal Celso Russomanno (PRB), que também liderou durante toda a campanha de 2012 e acabou em terceiro lugar, atrás de Haddad e José Serra (PSDB).

Na virtual disputa por um lugar no segundo turno de 2016 aparecem empatados Marta Suplicy (PMDB), José Luiz Datena (PP) e Haddad. Isso nas respostas estimuladas, que fique bem claro. Por que, nas respostas espontâneas, 50% dizem não saber e outros 24% dos paulistanos votariam em branco ou nulo. Ou seja, 74% do eleitorado ainda está alheio às eleições.


Na primeira colocação "espontânea", como não poderia deixar de ser, está o prefeito Haddad (com 7%), seguido de Russomanno, Marta, Serra e Datena (2% cada um), que são os nomes registrados na memória do eleitor e na mídia vinculados à eleição para a Prefeitura.

Outros dados importantes relacionados das duas pesquisas (a avaliação da gestão Haddad e a intenção de voto para 2016): o melhor cenário de Haddad é entre o eleitorado jovem (16 a 24 anos), de maior renda e escolaridade superior. Ou seja, contrariando o histórico do PT, que vai bem na periferia, enquanto no centro expandido os tucanos dominam.


Certamente a avaliação positiva de Haddad entre os jovens, mais ricos e com maior instrução se dá pelo marketing da gestão: ciclovias, ocupação do espaço público e todo o blablablá de quem não tem nada para mostrar e apela para a tal "agenda civilizatória". Pura balela.

Tanto é assim que Haddad presta um desserviço à mobilidade e à sustentabilidade. O prefeito conseguiu que a principal marca da sua administração (as ciclovias, que todo mundo defendia) tenha uma rejeição crescente. Haja "ruinddad"!


Diante deste quadro complexo, dá pra tirar algumas conclusões ligeiras. Vamos às duas principais:

1) Quando for definido o candidato do PSDB, que tende a crescer, podemos supor que a situação do Haddad vai complicar bastante (e a do Russomanno também);

2) Apesar disso, os números mostram que existe um vazio enorme a ser ocupado por uma candidatura que fuja da polarização PT x PSDB e que encante o eleitorado mais jovem e mais esclarecido, que não gosta de Haddad mas também não enxerga ainda outra opção para uma cidade sustentável, moderna e inteligente.

É aí que a corrida eleitoral começa a nos interessar... Leia aqui:

PPS apresenta pré-candidatura de Ricardo Young e prioriza "Diálogo por São Paulo" com PSB, PV e Rede