A Mooca é muito mais que um bairro tradicional de São Paulo. É um estado de espírito. Os mooquenses comemoram hoje 460 anos da sua fundação, ocorrida em 17 de agosto de 1556, ou seja, apenas 56 anos após o descobrimento oficial do Brasil pelos portugueses.
Quem nasce na Mooca tem tanto orgulho deste pedaço especial da cidade, com vida e história próprias, que ostenta a sua própria bandeira, hino e até um dialeto peculiar, bello!
Influência mais óbvia, visível (e audível... rs) da imigração italiana que tomou conta do bairro de nome indígena ("moo-oca" = "fazer casa") erguido às margens do rio Tamanduateí.
A origem fabril do bairro também deixou as suas marcas. Como o prédio histórico do Cotonifício Crespi, fundado em 1896, que foi a maior tecelagem paulistana, e outras fábricas tradicionais no bairro, como a Companhia Antarctica e o Açúcar União.
Aliás, o Conde Rodolfo Crespi dá nome também a outro local dos mais associados à Mooca: o campo do Juventus, na Rua Javari, palco do gol mais bonito dos mais de mil marcados por Pelé.
Pizzarias, restaurantes, docerias, festas típicas... Quem nunca ouviu falar na pizza da São Pedro ou nos doces da Di Cunto? E na festa de San Gennaro?
A educação e a cultura também deixaram as suas marcas em colégios tradicionais como São Judas, Santa Catarina e até escolas estaduais como o Firmino de Proença, onde mooquenses como José Serra estudaram.
Se hoje existe o Teatro Arthur Azevedo, a memória dos mais antigos não esquece do Cine Teatro Moderno, Cine Santo Antonio, Cine Aliança, e o Imperial, o Icaraí, o Ouro Verde, o Patriarca...
E o "footing" na Paes de Barros (quando os jovens andavam para passar o tempo e paquerar, muito antes da moda de caçar pokemon em aplicativo de celular)? Os campos de várzea de times inesquecíveis como Danúbio Azul, Madri, Urano, Pascoal Moreira, Paulista, Máquinas Piratininga, União Vasco da Gama...
Hoje a Mooca é um dos bairros com menor índice de área verde por habitante, muito longe do recomendado para uma vida saudável. Mal tratada pelo poder público (alô, prefeito Ruinddad), pede mais atenção e a implantação de um parque na área da antiga Esso (num terreno de 100 mil metros quadrados que pode ser uma ilha verde no bairro, mas o interesse econômico quer fazer um caça-níqueis com prédios e condomínios fechados).
Apesar de tudo, a Mooca sobrevive. Viva!