O prefeito Fernando Haddad, candidato à reeleição em São Paulo, anda um pouco titubeante com relação ao suposto golpe contra a presidente afastada Dilma Rousseff. Ele resolveu adaptar o discurso e a sua própria opinião ao gosto do freguês: entre petistas, Haddad declara com firmeza calculada que o impeachment é golpe. Já como candidato, tentando se descolar da rejeição ao PT, ele ora afirma que golpe é uma "palavra um pouco dura", ora finge que o assunto não é com ele, como fez no debate da Band entre os prefeituráveis e foi bastante criticado internamente no partido.
No "Ato Contra o Golpe" realizado em São Paulo nesta terça-feira, 23 de agosto, a dois dias do início do julgamento final do impeachment no Senado, para um público de militantes do PT e de movimentos sociais pró-Dilma, Haddad voltou a repetir que a presidente afastada é vítima de um golpe institucional, na versão 1.3 do seu discurso. Sentou-se ao lado de Dilma no ato e foi ovacionado pelo público presente.
No mesmo evento, Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares, acusou de golpistas os senadores tucanos José Anibal e Aloysio Nunes, além da ex-petista Marta Suplicy, vaiada e duramente criticada pelos ex-companheiros de partido, com a concordância expressa da presidente Dilma.
O evento, que começou com mais de uma hora de atraso à espera de público que preenchesse todas as cadeiras disponíveis no salão da Casa de Portugal, no bairro da Liberdade, local escolhido para o último ato da presidente Dilma em São Paulo antes do impeachment, terminou com uma versão do funk "Baile de Favela" adaptada para a narrativa do #ForaTemer. Assista.
Veja a letra da paródia pró-Dilma:
"Governistas e coxinhas, eu já vi essa novela
A treta é maior do que a Globo põe na tela
Eles querem a Petrobrás, nós vamos defender ela
A casa grande pira quando chega a favela.
Vem pra luta,
Larga essa panela,
O pré-sal é nosso,
Que se exploda o José Serra,
Quer desafiar,
Não tão entendendo
O povo não tem medo
E a casa grande tá tremendo."