Se existe notícia que a imprensa e a opinião pública amam ter para criticar são os altos salários do funcionalismo público - e a Câmara Municipal de São Paulo e a Assembleia Legislativa do Estado deram um prato cheio em suas duas votações mais recentes.
Ontem à noite, 5 de junho, os deputados paulistas aprovaram o aumento do teto salarial para a elite dos servidores estaduais, que passa de R$ 22.300 (a referência era a remuneração do governador) para R$ 30.400 (salário equivalente aos procuradores e desembargadores). O impacto nos cofres públicos, segundo os próprios auditores fiscais favoráveis ao projeto, será de pelo menos R$ 1 bilhão. Grita geral!
Na Câmara Municipal, o auê se deu quando a imprensa "descobriu" a aprovação de um "projeto escondido" - como foi divulgado, com a confirmação de vereadores que se disseram enganados na votação do projeto que aprovou no dia 23 passado, em meio ao caos gerado pela greve dos caminhoneiros, uma série de benefícios aos servidores do Legislativo.
Além da já prevista reposição salarial de 2,86% foram aprovados vale-alimentação, auxílio médico e aumento de mais de 50% nas gratificações de funcionários concursados, inclusive para cerca de 200 deles que já recebem acima do teto constitucional, com bônus de até R$ 16 mil. A repercussão do assunto junto ao eleitorado foi péssima.
No caso estadual, o aumento aprovado na Assembleia passa a valer automaticamente. Ou seja, não seguirá para aprovação ou veto do Executivo, como ocorre com o reajuste aprovado na Câmara Municipal. Por isso, vereadores que votaram a favor do "projeto escondido" (segundo o presidente da Câmara, vereador Milton Leite, definição dada pela "imprensa marrom") já pedem o veto da Prefeitura aos benefícios - ato que caberá ao próprio Milton Leite (DEM), a partir de 11 de junho, quando assume interinamente o lugar do prefeito Bruno Covas (PSDB). Vai dar o que falar.