Depois de dizer que colocaria "as duas mãos no fogo" pela inocência de Lula nos imbróglios petistas, o prefeito Fernando Haddad voltou a falar bobagem sobre a inspeção veicular na cidade de São Paulo. Enrolado para cumprir uma promessa de campanha (manter o controle sobre a poluição dos carros sem cobrar a taxa dos contribuintes), Haddad distorce os fatos para encontrar uma saída sem onerar os cofres públicos e queimar ainda mais a língua. Mas só consegue piorar a situação.
A bobagem da vez: "Inspeção não melhora ar e causa perda de IPVA, afirma Haddad", é o título da matéria da Folha de S. Paulo desta terça-feira (15/1). O prefeito paulistano alega, sem qualquer comprovação científica ou estatística, que a inspeção veicular realizada na cidade não melhora a qualidade do ar e ainda faz os donos de automóveis licenciarem seus veículos em outros municípios para fugir da inspeção, o que causaria perda na arrecadação de IPVA.
A ideia de Haddad é tornar a inspeção obrigatória a cada dois anos para carros usados, e não mais uma vistoria anual. Na campanha eleitoral, o então candidato prometeu apenas não cobrar mais a taxa do contribuinte, sem explicar que relaxaria as regras da inspeção.
O argumento de Haddad para a queda na arrecadação veicular não parece muito plausível. A transferência de um carro licenciado de São Paulo para outra cidade custa R$ 223,72. O gasto anual com inspeção é de R$ 47,44. Seria preciso cinco anos sem inspeção para cobrir o gasto da transferência.
"É impossível provar que a evasão é causada pela inspeção", disse Horacio Figueira, consultor em transporte entrevistado pela Folha de S. Paulo, desmontando a versão fantasiosa do prefeito.