O PPS paulistano encerra neste Congresso Municipal de 23 de maio de 2009 um ciclo virtuoso de 10 anos: a Direção que iniciou o processo de abertura, democratização e modernização do partido na cidade de São Paulo em 1999 apresenta agora o resultado concreto deste crescimento quantitativo e qualitativo da legenda.
É a continuidade de um processo que vem sendo conduzido desde as eleições do ano 2000 de forma acertada, sensata e equilibrada, por uma Direção que tem constantemente se renovado e incorporado novas forças.
Quantitativamente, o PPS teve um aumento extraordinário de 1.470% dos votos conquistados em uma década. Parece incrível, mas é isso mesmo: o número de votos do PPS na eleição municipal de 2008 foi mais de 15 vezes maior do que a herança obtida daquela época por esta Direção, se comparado ao resultado da eleição municipal de 1996, quando o PPS não tinha nenhuma condição de lançar chapa própria de vereadores, disputou a eleição com apenas quatro candidatos coligados à chapa do PT e consequentemente não elegeu nenhum vereador.
Qualitativamente, esta Direção tornou viável a candidatura da então vereadora Soninha Francine à Prefeitura de São Paulo como alternativa para qualificar o debate, resgatar princípios e ideais que pareciam fora de moda na política, construir um programa de governo verdadeiramente identificado com os cidadãos paulistanos e reaproximar o PPS de movimentos populares e sociais.
Elegeu ainda os vereadores Claudio Fonseca e Dr. Milton Ferreira, ambos completamente integrados e identificados com a direção do partido em São Paulo e comprometidos com o nosso programa e os nossos estatutos, as nossas propostas, estratégias eleitorais e linha política. Mais que isso, detentores de mandatos abertos à sociedade e ao coletivo partidário, com absoluta transparência e uma ininterrupta prestação de contas por meio do site do PPS e do blog da liderança do partido na Câmara Municipal.
Quanto aos vereadores que o PPS teve até 2007 na Câmara paulistana, tanto Myryam Athie quanto Edivaldo Estima foram comunicados antecipadamente de que a intenção da Direção era dar um novo perfil ao partido - e que, portanto, estava liberada a saída de ambos (sem que o PPS recorresse à Justiça para reclamar os mandatos), inclusive com a decisão de não tê-los como candidatos à reeleição.
O resultado obtido nestes 10 anos é a reafirmação da trajetória do PCB/PPS na construção de um projeto alternativo viável e eficaz para a cidade, para o estado e para o país. Com a candidatura própria à Prefeitura de São Paulo e uma chapa completa de candidatos e candidatas à Câmara, o PPS se manteve coerente à sua história e uniu diversas gerações: além de resgatar a velha militância partidária está agregando jovens preocupados com o futuro e que entendem que podem interferir para melhorar o nosso dia-a-dia.
Crescimento do PPS
Em 2000, o PPS paulistano obteve 173.778 votos (somando os 7.825 votos de legenda com os 165.953 votos nominais), ou 3,2% dos votos válidos. Teve 65 candidatos a vereador. Elegeu dois.
Essa votação de 2000 foi 10 vezes maior que a obtida na eleição anterior, em 1996. Na ocasião, os quatro candidatos a vereador lançados pelo PPS (na coligação com o PT) conquistaram cerca de 17 mil votos, somados aos votos que a legenda recebeu.
Em 2004, o PPS obteve 250.792 votos (somados os 244.373 votos nominais com os 6.419 votos de legenda), ou 4,2% dos votos válidos. A chapa tinha 69 candidatos. Elegemos novamente dois, faltando cerca de 12 mil votos para eleger um terceiro vereador da bancada. Um crescimento, portanto, superior a 43% na votação de 2004 sobre a votação de 2000.
Em 2008, a candidatura de Soninha Francine obteve 266.978 votos, mantendo o percentual de 4,2% dos votos válidos. A chapa de vereadores, com 67 candidatos, obteve 216.873 votos, sendo 155.201 votos nominais e 61.672 votos na legenda - uma marca inédita, quase dez vezes superior à última eleição.
Eleições de 2004 e 2008
O lançamento de uma chapa própria de candidatos à Câmara Municipal e de Soninha Francine à Prefeitura de São Paulo se mostrou uma estratégia política e eleitoral vitoriosa. Também foi a prova definitiva de que o PPS pode se firmar individualmente como um partido diferente e uma opção consciente sem que isso represente uma ruptura na sua política de alianças.
Nas eleições municipais de 2004, o PPS integrou a coligação que elegeu o prefeito José Serra e o vice Gilberto Kassab, ao lado do PSDB e do então PFL. Uma curiosidade: o PPS superou naquela eleição, em quantidade de votos, partidos tradicionais como o PFL (do vice-prefeito Kassab), o PDT (que tinha Paulinho, da Força Sindical, como candidato à Prefeitura de SP) e o PCdoB (pela primeira vez teve chapa própria, dissociada do PT).
Desde que o PPS começou a construir a sua chapa de candidatos para as eleições municipais, afirmávamos em nossas análises que a sucessão do presidente Lula, em 2010, seria iniciada já nas eleições de 2008. Não deu outra.
Na cidade de São Paulo, sobretudo com a disputa interna do PSDB entre os grupos de Geraldo Alckmin (que antes mesmo de confirmar que era pré-candidato já disparava como favorito à Prefeitura) e José Serra (que estimulava a reeleição de seu ex-vice e sucessor, Gilberto Kassab), o PPS foi forçado a tomar uma posição clara.
Recapitulando: o PPS aliou-se ao PSDB e ao DEM (então PFL) para eleger Serra prefeito de São Paulo em 2004 (derrotando a petista Marta Suplicy) e governador do Estado em 2006 (sucedendo Alckmin, a quem apoiamos na disputa contra Lula).
Com isso, o PPS passou a integrar os governos municipal (gestão Serra/Kassab) e estadual (participou da coligação que elegeu Serra, mas já pertencia à base de sustentação das administrações de Alckmin e, antes, de Mário Covas).
Portanto, eram plenamente justificáveis todos os seguintes cenários para o PPS (excludentes entre si, mas jamais contraditórios):
1) Apresentar uma candidatura única a prefeito de São Paulo em coligação com PSDB e DEM
2) Compor a chapa do candidato Geraldo Alckmin à Prefeitura;
3) Compor a chapa à reeleição do prefeito Gilberto Kassab;
4) Cada partido aliado (PPS, PSDB e DEM) lançar candidatura própria e retomar a aliança no eventual segundo turno das eleições de 2008.
Este último cenário sempre pareceu o mais provável tanto para a direção municipal quanto para o presidente nacional do PPS, Roberto Freire. No entendimento de todos, uma candidatura própria fortaleceria a legenda, daria mais visibilidade às propostas do partido e favoreceria a chapa de candidatos a vereador.
A filiação da vereadora Soninha Francine, saída do PT e anunciada pré-candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, veio consolidar este posicionamento.
Uma candidatura majoritária própria na Capital não seria o único caminho para isso, principalmente no atual contexto, em que o PPS integra uma aliança que derrotou na cidade de São Paulo uma administração absolutamente equivocada do PT (base de lançamento dos mesmos métodos deploráveis e práticas fisiológicas que foram reproduzidas no governo federal e geraram sucessivos escândalos).
Por outro lado, parecia fundamental ao PPS reiterar à sociedade a nossa identidade e marcas próprias. As eleições municipais de 2008 favoreceram este reposicionamento estratégico da legenda. Uma candidatura como a de Soninha Francine deu maior visibilidade e conteúdo a este arcabouço de intenções.
Dentro desta lógica, foi cogitada a candidatura do próprio Roberto Freire à Câmara Municipal paulistana, para qualificar o debate sucessório, ajudando a conscientizar e mobilizar o eleitorado a partir de São Paulo, principal pólo do embate político, sócio-econômico e ideológico que já está sendo travado nacionalmente.
PPS deve reafirmar a sua identidade
Após o já mencionado ciclo de 10 anos que hoje se encerra, o PPS tem um desafio ainda maior: devemos ser mais inteligíveis ao eleitorado. Temos aí pela frente a sucessão presidencial, a renovação do Congresso Nacional e a eleição para a Assembléia Legislativa, num contexto em que novamente a política e os políticos caem em total descrédito perante a população, em meio a escândalos e uma onda de denúncias de distorções e irregularidades.
Também precisamos consolidar a reestruturação do partido para as eleições municipais de 2012, na qual mais uma vez teremos chapa própria de vereadores e uma candidatura majoritária à Prefeitura de São Paulo.
É importante para o PPS reafirmar-se programática e ideologicamente como um partido democrático de esquerda, composto em grande parte por uma nova geração de políticos éticos e comprometidos com a busca de novos caminhos para o desenvolvimento econômico, político e social do Brasil.
O PPS paulistano já se lançou neste desafio. Ao trabalho, companheiras e companheiros!
Diretório Municipal do PPS de São Paulo
Presidente: Carlos Eduardo Batista Fernandes