segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O PPS e a sucessão presidencial de 2010

Muito interessante e oportuna a discussão que vem ocorrendo, desde já, sobre a sucessão presidencial em 2010.

Acho estranho que ainda considerem extemporâneo o assunto, afinal estamos a dois anos do fim do governo Lula (e a menos de um ano do final do prazo para as filiações dos postulantes às eleições de 2010). Quando, então, iniciar esse debate? Quando todo o cenário já estiver tão claro e definido que ao PPS só restará optar a quem aderir?

Ora, um partido político tem que se antecipar às discussões. Tem que lançar idéias à sociedade. Arriscar. Inovar. Provocar. Experimentar. Mostrar que está vivo. Pode até eventualmente errar. Só não pode omitir-se, esquivar-se, esconder-se, acovardar-se. Esta, sim, é a morte política.

O PPS está vivo. Menor, com certeza, mas está aí renovado com figuras como Soninha Francine (SP), Luciano Rezende (ES) e participações destacadas nas campanhas de Fernando Gabeira (PV-RJ) e Manuela D´Ávila (PCdoB-RS) - para citar apenas os exemplos mais emblemáticos das eleições municipais de 2008, que provaram por A + B que o PPS pode ser importante tanto lançando candidaturas próprias como integrando coligações que tenham a nossa cara e representem o que desejamos para a política e para a sociedade.

O que se questiona internamente é se o PPS deve ou não iniciar as discussões já apostando no nome do governador paulista José Serra para a sucessão de Lula.

Ora, se entendermos que Serra é o melhor nome (que mais agrega, com experiência comprovada, responsabilidade e competência), num cenário que se desenha com Dilma (ou o nome que for) pelo PT, Ciro Gomes pelo bloquinho, Heloísa Helena pela esquerda mais raivosa e inconsequente, e qualquer candidato mais à direita que possa surgir, não vejo razões para não defendermos abertamente esta opção.

Ahhhh, mas podemos nos indispor com o Aécio, se ele for o candidato tucano (ou do PMDB, que seja) - é o que dizem os mais preocupados com a "fulanização" do debate. Outros, ainda, acham que antecipar essa discussão pode reforçar a imagem que temos de "linha auxiliar" do PSDB.

Bobagem! Primeiro, ao defendermos o nome de José Serra desde já para a Presidência, não estamos indo contra Aécio: até porque já foi declarado que ele seria um excelente nome a vice (ou mesmo para encabeçar a chapa, se esta for a decisão democrática do seu partido e das demais siglas que vão compor a frente que se desenha com PMDB, DEM, PV etc.). Não estamos descartando ninguém, mas apontando um horizonte. Citar um nome é ser tachado de adesista, linha auxiliar? Pode ser. É um risco que devemos assumir, com a possibilidade de demonstrarmos na prática política que não é bem assim.

Mas qual a outra alternativa que temos? Vamos nos conformar e nos apequenar ainda mais? Ou vamos tentar dar um salto à frente, vislumbrando dias melhores e uma posição mais clara e compreensível à sociedade. O que é o PPS, hoje, afinal? O que nos diferencia das demais legendas? Vamos apostar até quando no lastro histórico do velho Partidão? Aliás, será que isso hoje tem o peso social, político e eleitoral que já teve um dia? Não será possível nos renovarmos, oxigenarmos, transformarmos sem perder o nosso DNA de esquerda democrática, mas voltados agora mais ao futuro do que ao passado?

O desafio está lançado.