O ano político em São Paulo começa, enfim, na próxima terça-feira, 16 de fevereiro. Será efetivamente a primeira sessão da Câmara Municipal após o recesso e o Carnaval. Em pauta, a prioridade é retomar a discussão e aprovar em segunda e definitiva votação a nova Lei de Zoneamento, como é mais conhecida a Lei de Uso, Parcelamento e Ocupação do Solo. Olha aí a primeira tocaia.
Afinal, você confia no prefeito Haddad e na base de sustentação do PT para definir o futuro da cidade e dos nossos bairros pelas próximas décadas? Cruz credo! O interesse deles é um só: transformar São Paulo num grande caça-níqueis. Dane-se a sustentabilidade, o meio ambiente, a qualidade de vida. A administração quer arrecadar. Fazer caixa.
Tudo vira mercadoria e os limites da ética e da legalidade tornam-se elásticos. Vale qualquer coisa em nome do desenvolvimento. Pura balela. Ruas tranquilas e acolhedoras são invadidas por congestionamentos intransitáveis e pelo comércio desordenado. O "interesse social" é o rótulo fictício que justifica o extermínio das raras áreas de preservação. Onde a população luta há décadas para implantar um parque, se depender do Haddad serão erguidos espigões residenciais.
É "moderno", agora, construir prédios com apartamentos minúsculos, cada vez menores e sem exigência de vagas de garagem. A desculpa? Incentivar o uso do transporte público e de ciclovias. A realidade: apinhar de gente áreas cada vez menores e mais valorizadas. A fiscalização, que já é dócil com quem paga, ficará inócua de vez. Resultado: enchentes, degradação, violência.
Outra consequência dessa sanha arrecadatória são projetos abomináveis como a Operação Urbana que abrange a Vila Prudente e a Mooca. A intenção declarada (surreal) dos gênios da Prefeitura: triplicar a população desses bairros que já sofrem com gargalos de trânsito, falta de equipamentos públicos, excesso de poluição e o menor índice de parques e áreas verdes de toda a região metropolitana.
Além do Zoneamento e das Operações Urbanas, estarão na pauta do Legislativo o novo Código de Obras, a cota com viés eleitoral de projetos dos vereadores (alguns absurdos), que eles desejam ver sancionados em troca de apoio à reeleição do prefeito, e propostas demagógicas como a eleição direta para subprefeitos (simpática e democrática à primeira vista, mas que jamais passará na Câmara nestes moldes de hoje).
De resto, vai ser o de sempre. A imprensa requenta uma série de escândalos envolvendo parte dos vereadores. Mas é tanta preguiça (dos jornalistas e dos eleitores) que as denúncias são esquecidas antes mesmo do dia da eleição. Em geral, muda-se muito pouco na composição partidária da Câmara e reelege-se a maioria dos parlamentares.
O efeito mais visível deste hábito de se "deixar tudo como está para ver como é que fica" acaba sendo a descrença cada vez maior da população com a política e os políticos. Mas não adianta lavarmos as mãos. Temos responsabilidade direta sobre a qualidade dos nossos representantes. Em tempos de internet, basta dar um Google para conhecer a história de cada candidato. Votar mal é opcional.
Resta definir se 2016 será o ano da caça ou do caçador. Os aventureiros da política vão nos abater ou vamos reagir? É o momento de demonstrar força, lutar, marcar território. Que o desdobramento das investigações do Mensalão e da Lava Jato não seja em vão. Aqui, politicagem e bandidagem, não! Assim esperamos.
Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente (Artigo publicado hoje, 12 de fevereiro, na Folha de Vila Prudente)
De resto, vai ser o de sempre. A imprensa requenta uma série de escândalos envolvendo parte dos vereadores. Mas é tanta preguiça (dos jornalistas e dos eleitores) que as denúncias são esquecidas antes mesmo do dia da eleição. Em geral, muda-se muito pouco na composição partidária da Câmara e reelege-se a maioria dos parlamentares.
O efeito mais visível deste hábito de se "deixar tudo como está para ver como é que fica" acaba sendo a descrença cada vez maior da população com a política e os políticos. Mas não adianta lavarmos as mãos. Temos responsabilidade direta sobre a qualidade dos nossos representantes. Em tempos de internet, basta dar um Google para conhecer a história de cada candidato. Votar mal é opcional.
Resta definir se 2016 será o ano da caça ou do caçador. Os aventureiros da política vão nos abater ou vamos reagir? É o momento de demonstrar força, lutar, marcar território. Que o desdobramento das investigações do Mensalão e da Lava Jato não seja em vão. Aqui, politicagem e bandidagem, não! Assim esperamos.
Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente (Artigo publicado hoje, 12 de fevereiro, na Folha de Vila Prudente)