segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Os riscos à democracia no Brasil de Bolsonaro



"Nós elegemos como presidente um outsider que não está claramente comprometido com normas democráticas e constitucionais. Alguém que já demonstrou claras tendências autoritárias", afirma o cientista político norte-americano Steven Levitsky. "Sempre que se elege um presidente com tendências ou inclinações autoritárias, é preocupante."

A preocupação manifestada pelo autor do livro "Como as Democracias Morrem" (How Democracies Die: What History Reveals About Our Future), em co-autoria com Daniel Ziblatt, é sobre a eleição do presidente Donald Trump, nos Estados Unidos. Bolsonaro não é Trump, mas qualquer semelhança não é mera coincidência. Essa onda conservadora não é um fenômeno isolado, nem acontece por acaso.

Há, segundo o livro, quatro sinais que apontam quando a democracia está em perigo nas mãos do poderoso de plantão. O alarme deve soar quando o presidente tem esses comportamentos:

1) "Rejeita, em palavras ou ações, as regras democráticas do jogo". Como ao pregar contra a lisura do sistema eleitoral, criando pânico infundado sobre a segurança das urnas eletrônicas. (Ops!)

2) "Nega a legitimidade de oponentes". Ocorreu com Trump contra Hillary Clinton, repetiu-se com Bolsonaro contra Fernando Haddad, como ao se negar a debater com quem chamou de "intermediário de Lula".

3) "Tolera e encoraja a violência". Há fartos exemplos antes, durante e após a campanha, nada mais precisa ser dito, a não ser o nosso repúdio.

4) "Dá indicações de restringir liberdades civis de oponentes". Com episódios como as manifestações de ódio contra a Folha de S. Paulo, também dispensa maiores explicações.

Se não bastassem os fatos tão frescos ainda na memória de cada eleitor brasileiro, o próprio Steven Levitsky enquadrou Jair Bolsonaro nos quatro sinais de perigo à democracia, em recente palestra realizada na Fundação Fernando Henrique Cardoso, que o #ProgramaDiferente exibe na íntegra. "Democracias podem morrer não nas mãos de generais, mas de líderes eleitos que subvertem o próprio processo que os levou ao poder", é o recado do livro. Assista.