terça-feira, 24 de junho de 2014

Vereadores voltam ao trabalho numa encruzilhada: entre pressão do prefeito Haddad e ameaças do MTST

Imagem do plenário vazio na segunda-feira foi usada pela mídia
Pra variar, a Câmara de São Paulo está na berlinda (e agora sitiada). Não teve feriado no dia do jogo do Brasil? É culpa dos vereadores. Não aprova o Plano Diretor? É culpa dos vereadores. Tem manifestação de sem-teto? É culpa dos vereadores.

A Prefeitura soltou a isca e a mídia adestrada mordeu. Foi só insuflar o senso comum: vereador não trabalha.

A notícia, tendenciosa, saiu originalmente no UOL e no G1, mas ganhou repercussão negativa em toda a imprensa.

Há sempre uma chantagem de mão dupla entre o Executivo e o Legislativo. Só não vê quem não quer. Os vereadores da base pressionam o prefeito por mais "espaço" na administração, enquanto Haddad joga para cima da Câmara toda cobrança incômoda da sociedade, da imprensa e dos movimentos organizados.

Como a imagem da Câmara paulistana nunca é das melhores, qualquer crítica cola fácil nos vereadores, principalmente com o paulistano já traumatizado.

Então, para o prefeito Haddad, que tem os piores índices de aprovação de todos os tempos, acaba servindo como um conveniente saco de pancada.

Haddad queria feriado para tentar amenizar caos no trânsito
Por isso, ao ser pressionado na Prefeitura pelo MTST, o malandro Haddad empurrou as manifestações para a porta da Câmara Municipal.

Da mesma forma, receoso do congestionamento caótico a cada jogo do Brasil, correu para jogar sobre os vereadores a responsabilidade de não terem aprovado o feriado de última hora que ele queria para amenizar os problemas causados pela sua incompetência pessoal e falta de planejamento.

A assessoria do prefeito soltou o release e a imprensa "comprou" como notícia: os vereadores não aprovaram o "feriado do Haddad" na segunda-feira, 23, e acabaram nem trabalhando neste dia. Para ilustrar a matéria: uma foto do plenário vazio. Vagabundos! No texto "shownarlístico", listam-se ainda os supostos culpados pela falta de quórum que inviabilizou a aprovação do feriado-salvador: os vereadores da oposição, é claro!

Raciocínio simplista, como 2 + 2. Se o prefeito Haddad queria o feriado e a Câmara não aprovou por falta de quórum, a culpa é da oposição, obviamente. Para provar, jornalista sagaz, vá até a Câmara na segunda-feira e confira: os vereadores não vão nem trabalhar! Pode procurar um por um! Você vai encontrar o plenário vazio! Ponto para o prefeito, que cantou a bola.

Só que não há nada mais mentiroso e sem o menor cabimento. Será desinformação ou má fé? Pelos precedente$, pode-se concluir. Mas vamos aos fatos:

Primeiro, as sessões na Câmara só ocorrem de terça a quinta-feira. Certo ou errado, é assim que funciona. Ou seja, não apenas nos dias de jogos do Brasil, como em quaisquer segundas ou sextas-feiras, a presença dos vereadores na Casa é diminuta. Ou seja, dizer que isso foi uma exceção por causa do jogo da Copa é mentira!

Segundo, o pedido de feriado emergencial foi (mal) encaminhado (e de última hora) por Haddad como medida desesperada para tentar amenizar o caos previsível, provocado pela inoperância da Prefeitura. Era novidade que, em dia de jogo vespertino na Copa, haveria congestionamento recorde?

Terceiro, a falta de quórum para a sua aprovação se deu pelo desentendimento na base governista, que reúne mais de 40 entre os 55 vereadores. Jamais pelos gatos-pingados da oposição. Publicamos no dia da votação, inclusive, o "desabafo" quase adolescente de uma vereadora petista contra os colegas.

MTST ameaça novas ocupações até votação do Plano Diretor 
Agora, os vereadores - cada vez mais desacreditados pela população, mas por motivos equivocados - voltam ao plenário nesta terça pressionados pelo prefeito Haddad e por Guilherme Boulos, líder do MTST. Dois oPorTunistas.

De um lado, Haddad, o nosso Pilatos do Anhangabaú, que lava as mãos para suas responsabilidades; e do outro, pela ameaça do movimento sem-teto, que anuncia uma nova ocupação por semana na cidade até a Câmara votar o Plano Diretor e se dobrar às suas exigências, legitimando estas duas chantagens absurdas, estapafúrdias.

Qual a saída dessa encruzilhada? Com a palavra, os vereadores de São Paulo com o que restou de dignidade e respeito às instituições democráticas e aos princípios republicanos...

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