Em entrevista à Folha/UOL, a ex-senadora e presidenciável Marina Silva fez um discurso crítico e lúcido contra a política econômica do governo Dilma e citou o PPS como aliado preferencial da Rede Sustentabilidade, ou simplesmente #REDE, o partido que surge a partir do Movimento por uma Nova Política, lançado por Marina e dissidentes do PV após as eleições presidenciais de 2010.
Segundo a ex-senadora, "Dilma não entende a nova economia". Como relata a Folha/UOL, depois de os pré-candidatos a presidente pelo PT, PSDB e PSB se atacarem mutuamente nos últimos dias, ontem foi a vez de Marina Silva também fazer observações ácidas sobre sua principal adversária em 2014.
Ao falar sobre a administração de Dilma Rousseff, a pré-candidata a presidente da República pelo novo partido Rede Sustentabilidade disse à Folha e ao UOL que o Brasil teve um "crescimento pífio" nos últimos dois anos. "Um presidente da República não é para ser o gerente do país. O presidente da República é para ter visão estratégica".
Para Marina, "o desafio do Brasil é a mudança do modelo de desenvolvimento" e "a presidente Dilma não foi capaz de entender. Mas não só ela. O PT não foi capaz de entender. O PSDB não é capaz de entender essa nova agenda que se coloca para o mundo".
Entre os possíveis adversários na corrida presidencial de 2014, só Eduardo Campos, do PSB, foi poupado por Marina. Ela apenas diz considerar legítimo que o governador de Pernambuco dispute o Planalto.
Ao criticar a gestão federal, Marina disse que a "apologia do gerente" foi feita em relação a Dilma Rousseff, e isso criou uma expectativa. "Talvez um erro de quem fez a sua campanha", afirmou.
Veja abaixo o trecho em que Marina cita o PPS como aliado preferencial da #REDE (aliás, reveja aqui a origem do conceito da #REDE, que foi criado dentro do próprio PPS):
Folha/UOL: Se, muito difícil falar no condicional mas, se, eventualmente, até 5 de outubro não for possível obter o registro definitivo (da nova legenda, a Rede Sustentabilidade), o que fazer?
Marina Silva: (...) Temos alguns partidos que até se dispuseram ao diálogo conosco. Propuseram uma espécie de fusão.
Folha/UOL: Quem são eles?
Marina Silva: No caso, foi o PPS que se dispôs. Eles estão num movimento, também, de transformação, de reavaliação. Acho louvável o esforço que está sendo feito no PPS. Temos um diálogo de proximidade, mas a nossa escolha foi por termos um instrumento político; E, claro, quando chegar o momento, quando essa situação se colocar... Se se colocar, porque se Deus quiser e os brasileiros, nós haveremos de estar aptos para fazer a nossa escolha. Porque mesmo estando aptos, ainda vamos ter que tomar a decisão sobre candidaturas em 2014.
Folha/UOL: Então, para recapitular, deixe eu ver se eu entendi. Cinco de outubro, que é a data exata que marca um ano antes da eleição de 2014 (...) 5 de outubro de 2013, se, na eventualidade de a Rede não estar ainda com o registro definitivo na Justiça Eleitoral, o movimento, como a sra. chama, aí analisaria as possibilidades de eventualmente trabalhar com um partido já existente.
Marina Silva: É. Eu não quero trabalhar essa hipótese agora. Eu digo que eu não consigo nadar se eu tenho que fazer uma, digamos, travessia a nado com alguém me oferecendo um barco do lado. Eu prefiro encarar a situação e não ficar colocando isso, digamos assim, como um horizonte. Nós estamos determinados a que teremos a possibilidade de fazer a nossa própria escolha com essa ferramenta política que queremos que o Brasil nos ajude a criar. Então, todo o nosso foco, nesse momento, está para a viabilização da Rede para que possamos fazer essa escolha. E o diálogo com os outros partidos tem muito mais a ver com esse esforço de buscarmos mais e mais pessoas e organizações identificadas com esse conteúdo programático. Porque eu sempre digo que as mudanças que o Brasil e o mundo precisam não serão feitas por um partido, por uma pessoa. Eu gostaria muito de que essa visão pudesse atravessar também os demais partidos. Não apenas quanto um programa, um capítulo para ser mencionado, mas como uma atitude prática nas votações do Congressos, nos compromissos que assumem em relação a várias questões importantes, sobretudo diante do retrocesso que tivemos nos últimos dois anos na agenda ambiental do nosso país.
Leia aqui a íntegra da entrevista de Marina Silva.
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