Diziam os fatalistas que o mundo acabaria em 2012. Parece improvável. Mas uma coisa é clara: o mundo da política não será mais o mesmo - e a corrida eleitoral de 2012, quando serão eleitos prefeitos e vereadores, já faz tremer as estruturas e dissipar certezas.
A partir de São Paulo, epicentro do terremoto que sacode as bases partidárias, começam a ser definidos os cenários para 2012 e 2014. O prefeito Gilberto Kassab, recém-saído do DEM para formar o seu PSD, não pode por força da lei disputar outra reeleição, já que assumiu em 2006 o cargo deixado por José Serra (que disputou e venceu o Governo do Estado) e se reelegeu prefeito em 2008 (com apoio de Serra contra o tucano Alckmin).
As mudanças mais visíveis e polêmicas pré-2012 são a criação do novo PSD kassabista e o racha interno do PSDB, iniciado em 2006 - quando Alckmin atropelou os planos de Serra ser o candidato tucano à Presidência da República; agravado em 2008, com a insistência de Alckmin disputar a Prefeitura contra o sucessor de Serra, Gilberto Kassab; e escancarado agora, com a debandada de vereadores tucanos (pelo menos 7 dos 13 da bancada paulistana já anunciaram a desfiliação do PSDB em guerra declarada contra os alckmistas).
Mas a onda do tremor político paulistano vai se expandindo e atingindo as demais legendas. O PMDB ensaia lançar Gabriel Chalita (ex-PSDB e ex-PSB) à Prefeitura. Dentro da base kassabista, o nome mais forte, praticamente consolidado com o afastamento patrocinado pelo governador Geraldo Alckmin, é o vice-governador Guilherme Afif.
No que restar do PSDB, os alckmistas ensaiam o lançamento do deputado José Aníbal ou, cada vez mais impróvável, José Serra pode ser o nome para (re)unir todos os setores em busca da sobrevivência política. Porque o PT espera confortavelmente o fratricídio dos adversários para decidir entre os testados (e desgastados) Marta Suplicy e Aloizio Mercadante ou uma "novidade" como José Eduardo Cardozo ou Fernando Haddad, talvez o próximo ungido do todo-poderoso Lula.
Correm por fora Netinho de Paula (PCdoB) e Eduardo Jorge (PV) - de partidos que gravitam ora em torno do PT, ora em torno do próprio Kassab, aprofundando as incertezas para 2012.
Veja a que ponto chega essa espécie de esquizofrenia partidária: o nome do PMDB tende a ser Chalita, que é um alckmista dentro de uma legenda dilmista-kassabista, e que para tanto deve sair do PSB que também apóia Dilma e Kassab.
Para administrar o espólio do DEM pós-Kassab ficaram exatamente dois dos mais fiéis e históricos kassabistas, Rodrigo Garcia e Alexandre de Moraes. Vai entender...
Entre mortos e feridos, o PPS mandou fazer uma pesquisa de intenção de votos para a Prefeitura de São Paulo. Confirmando as nossas apostas, a ex-vereadora Soninha Francine desponta como segunda força em São Paulo para chegar a um eventual segundo turno contra o candidato petista da ocasião - e hoje certamente é o nome mais forte dentre todas as opções colocadas do "lado de cá".