segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Soninha fala sobre o projeto para os próximos anos

Thaís Arbex
Poder Online


A ex-vereadora Soninha Francine (PPS-SP) assumiu na última quarta-feira a Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (Sutaco), um cargo da Secretaria Estadual do Emprego e Relações de Trabalho do governo paulista. Ela comandará as ações do Estado de São Paulo em prol dos mais de 70 mil artesões. Mas a chefia da Sutaco tem dia e hora para acabar. Soninha quer ser candidata à prefeita de São Paulo em 2012.

Nesta entrevista, por email, ao Poder Online, ela diz que não teme as críticas de que só assume cargos pensando na campanha eleitoral e que não se arrepende de ter aceitado ser coordenadora da campanha na internet de José Serra à Presidência.

Como surgiu o convite para assumir a Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (Sutaco)?

O Davi Zaia, secretário Estadual do Emprego e Relações de Trabalho, imaginou que eu gostaria de trabalhar na Superintendência e, naturalmente, que eu sou capaz de fazer um bom trabalho aqui.

Quando as conversas começaram? O ex-governador José Serra interferiu?

Começaram há pouco tempo, na metade de janeiro, à medida que ele foi tomando pé da Secretaria. O Serra teve zero participação nisso.

Você foi coordenadora de internet da campanha de José Serra à Presidência, área que teve problemas e foi criticada durante as eleições. Você não teme as críticas de que aceita cargos para viabilizar sua candidatura como prefeita? Como encara essas críticas?

Qualquer coisa que se faça na vida pública será alvo de palpites e críticas, razoáveis ou absurdas. E na política, como no futebol ou nos sites de fofoca, há um prazer especial em falar mal, ou botar um veneninho – normal. É humano. Se eu temesse críticas (ou venenos), não faria porcaria nenhuma nessa vida. Não seria política, não trabalharia na administração pública, muito menos tentaria ser prefeita. E em cada trabalho ligado à política ou à administração pública, eu aprendo muito. Pode ser “ruim” do ponto de vista eleitoral porque vira alvo fácil, mas é uma baita experiência. E não tem só pau, não. Muita gente gosta bastante do meu trabalho (risos).

Em algum momento, sentiu que ter aceitado a coordenação da internet da campanha de Serra foi ruim?

Não. Eu sempre soube que a campanha de 2010 ia ser quase insuportável – com o governo federal abusando absurdamente de seus recursos, mentindo e atropelando e se apresentando como um pobre coitado lutando contra os malvados poderosos – mas, por mais que fosse desagradável passar o dia todo mergulhada em desgosto, sempre prefiro fazer parte do que ficar em casa assistindo. Ser vereadora foi o melhor treino do mundo para isso.

Você é candidata a prefeita de São Paulo em 2012?

Quero ser. E em 2016, se precisar, tentar de novo.

Como o PPS pretende viabilizar a coligação?

Vixe, ainda não tratamos disso. Temos nossos desejos e aspirações, claro, mas se não houver interessados em coligar conosco, saímos sozinhos outra vez…

Qual é a função da Sutaco? E qual será o seu papel?

O objetivo da Sutaco é “promoção, o desenvolvimento, a divulgação e a comercialização do artesanato produzido no estado, bem como a valorização do artesão”. Artesanato é expressão cultural e forma de registro da história e identidade de um lugar; é fonte de renda, receita e divisas; é terapia ocupacional ou simplesmente lazer. Há muito que fazer, portanto. Meu papel é estabelecer as diretrizes da Superintendência – por exemplo, se vamos investir mais em capacitação, divulgação ou comercialização – chefiar a equipe (que é bem enxuta), buscar parcerias no setor público e privado, aperfeiçoar os procedimentos, melhorar as condições de trabalho. O “básico” de uma chefia.

Qual a sua ligação com o artesanato?

ADORO. Faço um pouco, compro muito e já passei pela fase em que eu vendia. Quando viajo, tenho tanto interesse pelo artesanato local quanto pela culinária, paisagens naturais e construções históricas. Mas isso só significa que meu trabalho será especialmente prazeroso, ao viver mergulhada em artesanato e em permanente contato com artesãos. Não é exigência do cargo – há uma equipe qualificada para avaliar, cadastrar e estabelecer relações comerciais com os artesãos. Minha função é outra. E artesanato tem muito a ver com várias coisas que também me interessam muito: cultura, memória, identidade, geração de renda, lazer, turismo.

Do ponto de vista de política e administração pública, lidamos muitas vezes com questões ligadas ao artesanato na Câmara Municipal – alguns projetos tramitam há anos, tentando disciplinar o uso de espaço público para venda de produtos desse tipo. Comissões de artesãos sempre procuram os vereadores, e eu me interessei.

Já na Subprefeitura, lidei diretamente com a certificação da atividade e a organização de feiras e eventos, e sonhei com a possibilidade de revitalizar áreas públicas degradadas com oficinas e bancas de artesanato. Mas não deu tempo.

Você continua atuando como jornalista?

No fim do ano passado, eu saí da ESPN-Brasil. Já não tenho mais o mesmo tesão e interesse por futebol que é preciso ter para trabalhar como comentarista em um canal de esporte. Fui me afastando cada vez mais, me envolvendo cada vez menos. E hoje em dia sou bem capaz de trocar um jogo ao vivo por um debate sobre política urbana. Só mantenho a minha coluna na Vida Simples, ao menos por enquanto. E blog, twitter, mas isso é tudo amador.