O texto trata do mais novo livro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o seu governo, inclusive fazendo autocríticas, e também sobre o período governado pelo PT.
A 24 semanas das eleições, o horizonte político não poderia estar mais nebuloso e a fragmentação política é enorme. Tal cenário confunde o eleitor e impede até a distinção nas pesquisas dos mais competitivos entre pelo menos 15 pré-candidatos anunciados à Presidência da República.
Em depoimento de 203 páginas, FHC alerta para riscos da desagregação política. Uma certeza é que, em janeiro de 2019, haverá no Palácio do Planalto alguém eleito em circunstâncias de fragilidades.
Eleição não é unção, observa: "É preciso apoio do eleitor, mas esse apoio não é dado para sempre. Cada decisão tem que ser explicada. O processo de convencimento é um ato permanente de revalidação da legitimidade ou não do governante." Na presidência, admite, fracassou sempre quando não conseguiu explicar e convencer.
A desagregação que aí está precisa ser revertida com urgência. "Estamos diante de uma encruzilhada: ou bem seremos capazes de reinventar o rumo da política, ou cedo ou tarde a indignação popular explodirá nas ruas, sabe-se lá contra quem e a favor do quê. Ou, o que é pior, o reacionarismo imporá ordem ao que lhe parecerá o caos."
Vislumbra alternativas: "Não estamos atados a alianças automáticas e, a despeito de nossas crises políticas, erros e dificuldades, nos encontramos em um patamar econômico mais elevado do que no tempo da Guerra Fria: criamos uma agricultura moderna, somos o país mais industrializado da América Latina e avançamos em setores modernos de serviços, especialmente no de comunicação e financeiro. Somos uma democracia, apesar das eventuais dificuldades de nosso sistema político."
Para retomar o rumo, entende ser necessário identificar e confrontar "os inimigos da mudança, os adversários da contemporaneidade: de um lado o estatal-corporativismo, de outro o fundamentalismo de mercado. Ambos incompatíveis com o mundo contemporâneo."
"Se não tivermos êxito na construção dessa alternativa" - avalia - "corremos o risco de levar ao poder quem dele não sabe fazer uso ou o faz para proveito próprio. E nos arriscamos a perder as oportunidades que a História nos está abrindo para termos um rumo definido."
A rebeldia, propõe, seria com "um novo polo democrático e popular que se afirme como alternativa tanto à direita autoritária e retrógrada quanto à volta de utopias regressivas como prega boa parte das esquerdas. Não há nada mais urgente a se fazer, quando se olha para as eleições de 2018 e para além delas".
Reinventar a política é mobilizar. E o que move pessoas, hoje, "são as causas, os movimentos identitários, as reivindicações de liberdade lançadas por grupos e movimentos na sociedade." Recorre ao poeta português Fernando Pessoa: "Cada um é muitos".
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Outras reflexões importantes: O próximo presidente terá menos apoio no Congresso do que seus quatro antecessores. E, na melhor das hipóteses, vai atravessar 75% do mandato com as contas no vermelho - o atual governo prevê capacidade de investimento reduzida à metade, com despesas públicas em Previdência Social um terço maiores do que são hoje.
Aos 86 anos, está convicto de que na História nada é imutável, nada se repete, tampouco se transforma completamente.
"Mais do que nunca, é imperativo interpretar o mundo para poder transformá-lo", incita em "Crise e reinvenção da política no Brasil", depoimento de 203 páginas aos seus amigos Miguel Darcy de Oliveira e Sergio Fausto, em que procura demonstrar que o Brasil não está "em um beco sem alternativas".
Eleição não é unção, observa: "É preciso apoio do eleitor, mas esse apoio não é dado para sempre. Cada decisão tem que ser explicada. O processo de convencimento é um ato permanente de revalidação da legitimidade ou não do governante." Na presidência, admite, fracassou sempre quando não conseguiu explicar e convencer.
A desagregação que aí está precisa ser revertida com urgência. "Estamos diante de uma encruzilhada: ou bem seremos capazes de reinventar o rumo da política, ou cedo ou tarde a indignação popular explodirá nas ruas, sabe-se lá contra quem e a favor do quê. Ou, o que é pior, o reacionarismo imporá ordem ao que lhe parecerá o caos."
Vislumbra alternativas: "Não estamos atados a alianças automáticas e, a despeito de nossas crises políticas, erros e dificuldades, nos encontramos em um patamar econômico mais elevado do que no tempo da Guerra Fria: criamos uma agricultura moderna, somos o país mais industrializado da América Latina e avançamos em setores modernos de serviços, especialmente no de comunicação e financeiro. Somos uma democracia, apesar das eventuais dificuldades de nosso sistema político."
Para retomar o rumo, entende ser necessário identificar e confrontar "os inimigos da mudança, os adversários da contemporaneidade: de um lado o estatal-corporativismo, de outro o fundamentalismo de mercado. Ambos incompatíveis com o mundo contemporâneo."
"Se não tivermos êxito na construção dessa alternativa" - avalia - "corremos o risco de levar ao poder quem dele não sabe fazer uso ou o faz para proveito próprio. E nos arriscamos a perder as oportunidades que a História nos está abrindo para termos um rumo definido."
A rebeldia, propõe, seria com "um novo polo democrático e popular que se afirme como alternativa tanto à direita autoritária e retrógrada quanto à volta de utopias regressivas como prega boa parte das esquerdas. Não há nada mais urgente a se fazer, quando se olha para as eleições de 2018 e para além delas".
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