segunda-feira, 9 de abril de 2018

#ProgramaDiferente: Cantora Anitta em Harvard



O evento anual Brazil Conference, organizado pela comunidade de estudantes brasileiros na região de Boston, na Harvard Kennedy School e no MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos Estados Unidos, tem como objetivo promover o debate entre intelectuais, personalidades midiáticas, líderes e representantes da diversidade nacional e internacional, sobre os mais variados temas envolvendo o Brasil. A edição de 2018 foi realizada nos dias 6 e 7 de abril, com o tema #AçãoQueTransforma, sobre iniciativas que estejam acontecendo para ajudar nas mudanças do país.

Uma das atrações deste ano foi a cantora Anitta, de 25 anos, que exaltou a importância da educação para o desenvolvimento do Brasil. Em sua palestra, ela afirmou a empresários, políticos e alunos que teve “uma mãe que veio da Paraíba e sempre ensinou muito o valor de estudar”. Anitta reforçou a importância de que políticos pensem em educação a longo prazo. “Investir nisso não vai aparecer em quatro anos; leva tempo”, disse. Na plateia, estavam convidados como o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, o presidenciável Ciro Gomes (PDT-CE) e o CEO da maior cervejaria do mundo, Carlos Brito (Inbev). Assista na íntegra.

“Isso mudou muito a minha vida e a minha visão das coisas. Só que acho que isso dá trabalho. Explicar para uma pessoa como ela faz acontecer dá muito mais trabalho do que só entregar na mão dela”, disse Annita. “É questão de paciência investir em educação e esperar essa bola de neve ir diminuindo, essa crise ir baixando ao longo do tempo”, completou.

A cantora explicou qual foi sua estratégia para conquistar o mercado mundial da música. Fez também um relato pessoal de que a desigualdade social, embora gere dificuldades e falta de oportunidades, não deve ser justificativa para a violência. “Tive muitos amigos que roubaram. Mas eu falava: infelizmente, a gente nasceu menos privilegiado, mas não significa que tenha de sair pegando o que é do outro. Vamos ter de lutar mais? Vamos. Mas não dá para justificar um erro com outro", afirmou.

Por quase uma hora, Anitta deu lições de empreendedorismo e gestão de carreira para a plateia mais concorrida do evento. Na primeira fila, o homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann, dono de uma fortuna de R$ 93,3 bilhões - ele não quis falar com a imprensa, mas aplaudiu de pé e seguiu com a cantora para o camarim.

Nascida Larissa de Macedo Machado e mundialmente famosa pelo nome artístico Anitta, ela narrou a infância pobre em Rocha Miranda, "quase, quase na favela", e os primeiros passos da carreira em bailes funk, quando o cachê não ultrapassava R$ 150 (hoje ele pode superar R$ 200 mil). Foi interrompida pelo menos quatro vezes por aplausos. A primeira veio quando ela defendeu o ritmo carioca - que no ano passado chegou a ser alvo de debates no Senado sobre eventual criminalização. "Antes de cantar, eu nunca tinha ido à zona sul do Rio de Janeiro. Então é muito difícil você cantar o 'barquinho vai, a tardinha cai' (referência à Bossa Nova) se você nunca viu essas coisas", disse.

"O funkeiro canta a realidade dele. Se ele acorda, abre a janela e vê gente armada e se drogando, gente se prostituindo, essa é a realidade dele", continuou. "Para mudar as letras do funk, você tem que mudar antes a realidade de quem está naquela área."