Fernando Rodrigues
Continua elevado o grau de imprevisibilidade sobre 2014. Joaquim Barbosa será candidato? Marina Silva ressurgirá? Ciro Gomes desistiu de uma vez? Eduardo Campos, a sensação do momento, seguirá carreira solo, desgarrando-se do PT? O mensalão e as condenações cinematográficas de José Dirceu e de José Genoino desgastarão ainda mais os candidatos petistas?
Ninguém tem as respostas. Nem há tampouco uma previsão sobre o principal: o estado da economia daqui a dois anos. Um país em crescimento não é garantia de vitória, mas é meio caminho andado.
A outra parte do caminho é o tamanho das alianças formais que são agregadas a cada candidato a presidente. No Brasil, o favorito é quase sempre quem tem mais tempo para fazer propaganda de rádio e de TV durante uma campanha. Esse patrimônio se obtém com adesões.
Aí entram Gilberto Kassab e o seu PSD. A legenda tem o quarto maior tempo de TV e rádio em eleições.
Dilma Rousseff recebeu Kassab para um jantar no Palácio da Alvorada anteontem. Só os dois estavam à mesa. Ficou tudo encaminhado para o PSD apoiar a reeleição da petista em 2014.
Sem pretender fazer juízo de valor sobre o conteúdo ideológico dessa coalizão PT-PSD, é preciso reconhecer que essa é uma das principais obras de engenharia eleitoral que o PT faz agora para 2014. Dilma está interditando o tabuleiro. Terá três dos quatro maiores partidos ao seu lado (PT, PMDB e PSD) e ainda pode manter dentro de seu campo PSB, PC do B, PDT e PR. Os fisiológicos PTB e PP não estão descartados.
O horário de TV relevante que sobra para a oposição é o do PSDB e o do depauperado DEM (hoje, quase um nanico). Falta, é claro, muito até 2014 chegar. O grau de intangibilidade é alto. Mas o jantar entre Dilma e Kassab foi um fato real que produziu uma aliança concreta para a reeleição da atual presidente.
(Artigo do jornalista Fernando Rodrigues, publicado na Folha de S. Paulo desta quarta-feira, 14 de novembro de 2012)