Faltando poucos dias para a eleição, o mercado emite sinais definitivos da tranquilidade e satisfação com a expectativa de vitória do candidato do PSL. Para eles, se a fatura estiver liquidada no 1º turno, tanto melhor. A bolsa sobe, o dólar cai. Quem faz análise sem misturar torcida e preferência pessoal, sente que a onda é arrasadora.
Não surpreende que depois de tanta propaganda negativa contra Bolsonaro, marcada pelo #EleNão que dominou as redes e levou milhares de pessoas às ruas no fim-de-semana, o crescimento do candidato seja ainda mais destacado. É uma curva ascendente consolidada e aparentemente inquebrantável.
Num cenário polarizado, quando você define o seu inimigo, é óbvio que estimula também o lado contrário. Afinal, o argumento do "voto útil" acabou por dar ao 7 de outubro um tom plebiscitário entre o anti-petismo e que restou da velha esquerda brasileira após 14 anos dos governos Lula e Dilma à luz da era da Lava Jato. Será difícil intuir o lado que leva vantagem?
O eleitorado viu a eleição se afunilar num indesejável #ElesNão. Não quero A nem B, mas o C ficou muito distante. E agora? A explosão dos índices de rejeição dos líderes nas pesquisas - todos eles com números bem superiores de "não voto" ao total de eleitores declarados - mostra que o Brasil vai optar por aquilo que considera o mal menor para os próximos quatro anos.
Quem, afinal, apresenta mais chances de derrotar aquele que eu não quero em nenhuma hipótese ver eleito presidente? Então é nele que eu voto. Ou seja, quanto mais rejeitados os dois líderes nas pesquisas, à direita ou à esquerda, mais fortalecida e cristalizada estará a polarização. Eis o dilema mortal do tal centro democrático ao propor equivocadamente o voto útil contra ambos.
E para você, quem é mais prejudicial ao Brasil? Haddad ou Bolsonaro? A propaganda negativa, até o momento, parece ter repetido o efeito eleitoral norte-americano que ajudou a eleger Trump presidente dos Estados Unidos, apesar da rejeição estratosférica, principalmente entre artistas, celebridades e formadores de opinião. O povão deu uma banana para a recomendação destes supostos influenciadores.
Será que o nosso destino já está traçado antes mesmo da abertura das urnas? Teremos Jair Bolsonaro presidente do Brasil? No 1º ou no 2º turno? Talvez fique uma lição para as próximas eleições, mas tem gente que insiste em repetir os mesmos erros. Se tivessem feito uma leitura correta dos fatos, esse "déjà vu" de 1989 não seria tão gritante. Vivendo e (não) aprendendo...