Você conhece alguém que, em sã consciência, queira perder seus direitos? Difícil, né? Então, se for preciso para tornar claro, vamos desenhar: fazer greve ou manifestação quando algum direito seu está sendo ameaçado é, por si só, igualmente um direito de todos, sagrado, constitucional, conquistado a muito custo, com sangue e suor. Ter direitos dá trabalho!
Por isso, essa palavra de ordem "Nenhum direito a menos", que vemos pulular nas redes e nas ruas (diga-se, ultimamente, bem mais nas redes que nas ruas), é um mantra imperioso. Mas, cá entre nós, "nenhum direito a menos" deve servir para todos, sem distinção. Leis, governos, chefes, poderosos em geral devem respeitar os seus, os meus, os nossos direitos! Inclusive o de ir e vir, aliás um direito fundamental.
Pois como alguém vai me convencer a respeitar os direitos de um determinado grupo se os meus próprios estão sendo desrespeitados? Pior, por esse mesmo grupo que se acha no direito de tutelar a consciência e o livre-arbítrio do povo! Desculpe, mas quem saiu às ruas nessa tal "greve geral" que prometeu parar o Brasil? Foi a massa de trabalhadores? Não! Foram grupelhos organizados que, em vez de argumentos e do poder do convencimento por palavras e ideias, usa a força física para impedir o deslocamento da maioria que não se sente representada por eles.
Tem gente que não entendeu nada! Queridos, "parar" o Brasil assim é fácil! Turminha de partidos e sindicatos, abram os olhos para a realidade: quem grita #ForaTemer hoje não quer necessariamente o #VoltaPT - ao contrário; a não ser os próprios beneficiários dos esquemas que aprodreceram o nosso sistema partidário-eleitoral e nos trouxeram a essa política de terra arrasada. Em qual parte da mudança que está em curso no Brasil vocês cochilaram? Seus babacas! O descrédito da população é contra todos!
É até covardia - quanta desonestidade intelectual! - pegar carona no descontentamento de cidadãos contra reformas obviamente impopulares, mas que são sabidamente necessárias após décadas de (des)governos irresponsáveis e inconsequentes. Fazer a política do contra é sempre mais cômodo e oportuno, mas nas quatro vezes que estiveram na Presidência da República, por exemplo, quais reformas estruturais Lula e Dilma promoveram?
O governo de transição do presidente Michel Temer é ilegítimo? Bom, ele foi o vice escolhido duas vezes pelo PT, e sabemos que a única função do vice é substituir o presidente (ou a presidenta, para usar o termo que agrada a turma da mortadela). É golpista? Se acreditarmos em duende, papai noel e saci-pererê, por que não endossar a narrativa petista de um golpe orquestrado pelas "elites" com aval da mídia, do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional, do Ministério Público e da Polícia Federal?
O fato é que chegamos ao fundo do poço. Ou nos resignamos e seguimos nas mãos dessa casta política dominante, ou retomamos as rédeas do nosso futuro para construirmos um novo Brasil. Não será pneu queimado, patrimônio público depredado e ônibus atravessado em avenida que vai parar o tempo da mudança que bate à nossa porta. Como disse Victor Hugo: "Nada é mais poderoso do que uma ideia cujo tempo chegou".