sexta-feira, 21 de julho de 2017
Como não fazer jornalismo: Um fã-clube de Lula reunido na sala do Trajano para atacar os "golpistas"
Faz tempo que o ex-presidente Lula inaugurou as "entrevistas coletivas" em que não permite perguntas de jornalistas. Esse disparate se tornou comum: ele convoca a imprensa para o evento (geralmente em hotéis no centro de São Paulo) e faz pronunciamentos intermináveis - daqueles monólogos que os petistas veneram e nos quais ele dá a linha a ser seguida pelos seus milicianos. Ataca promotores, juízes e a própria "imprensa golpista". Solta umas lágrimas em momentos estratégicos, jura inocência e fica por isso mesmo. Não muda a opinião de ninguém: nem dos favoráveis, nem dos contrários. Cumpre tabela.
Aliás, falando em tabela, a nova onda de Lula (o rei das metáforas futebolísticas) é fazer tabelinha com fãs travestidos de jornalistas. Costuma entrar ao vivo por telefone, do seu Instituto (aquele denunciado na Lava Jato), para uma série de rádios-amigas pelo Brasil que lançam a bola na área para ele fazer o gol. Nesta quinta-feira, inovou: foi à casa do jornalista esportivo José Trajano para um bate-papo com um fã-clube seleto, transmitido pelo seu canal no Youtube, o "Ultrajano" (poupe-nos do trocadilho).
Além do anfitrião, com ar de adolescente embasbacado diante do ídolo, participaram os também fãs-jornalistas Juca Kfouri e Antero Greco, e o músico Carlinhos Vergueiro. Foi verdadeiramente uma roda de conversa entre amigos. Mas ainda assim há um interesse jornalístico (embora não tenha se praticado jornalismo na conversa), pois o comportamento típico de Lula, seguindo o script canastrão e fazendo ataques a torto e à direita (ok, foi uma tentativa de piada), é bastante emblemático deste fim-de-feira do petismo. Assista aqui na íntegra.