quarta-feira, 2 de maio de 2018

A triste realidade de quem luta por moradia digna

Qualquer coisa que se disser sobre o incêndio e a queda do edifício no centro de São Paulo, assim como sobre tantos outros prédios públicos e particulares ocupados por movimentos de moradia nas grandes cidades, pode ser mal interpretado. Portanto, vamos partir de alguns princípios: resolver o problema de habitação (e consequentemente de direitos humanos e seguridade social agravados pela desiguldade econômica) é primordial, mas certamente não é tarefa simples. O poder público é inúmeras vezes omisso, inconsequente e irresponsável. Cobrem-se, pois, as responsabilidades. Porém, o mesmo olhar crítico deve ser direcionado aos movimentos organizados.

A politização e profissionalização destes movimentos vai muito além da justa e necessária luta por moradia. Muitas vezes funcionam como milícias com chefes cooptando seus integrantes e criando uma complexa e profunda teia de interesses, entre os quais ter um local próprio para morar - mas que, na prática diária, acaba sendo o mais distante dos objetivos. Vide a cobrança de aluguéis e mensalidades dos seus ocupantes, os sistemas de pontuação a que são submetidos (com pontos acumulados por participação em ocupações e protestos organizados) e a eventual atuação em crimes e atos ilícitos.

Não é à toa que o líder do mais organizado e profissional destes movimentos, Guilherme Boulos, do MTST, seja pré-candidato a Presidente da República pelo PSOL. Das ocupações promovidas por ele na cidade de São Paulo, incluindo áreas de mananciais e o bloqueio da Câmara Municipal, aos atos políticos pró-Lula, tudo é milimetricamente planejado. Basta verificar quantas filas de programas de moradia já foram furadas por Boulos, e como ele escolhe a dedo empreendimentos imobiliários do seu interesse. Mas isso é uma outra história. Por enquanto, fica registrada a nossa solidariedade às pessoas que sofrem verdadeiramente pela falta de um lugar digno para morar e por serem usadas por maus políticos.