segunda-feira, 30 de abril de 2018

#ProgramaDiferente debate o Dia do Trabalhador marcado pelo avanço da Revolução Tecnológica



Dentro da série "Desafios Políticos de um Mundo em Intensa Transformação", o #ProgramaDiferente trata do tema: "A Revolução Tecnológica e o Mercado de Trabalho". Qual o futuro das profissões atuais? Nossos estudantes e trabalhadores estão adaptados ao mundo atual? O que é avanço, o que é retrocesso?

Com a participação de Carlos Henrique de Brito Cruz, físico, diretor-científico da Fapesp e professor da Unicamp; Dora Kaufman, socióloga, pesquisadora da USP e da PUC-SP; Mario Alburquerque, sociólogo, consultor e professor da Universidade do Chile; e Mauro Magatti, sociólogo e professor da Universidade Católica de Milão. Assista.

quinta-feira, 26 de abril de 2018

De Lula a Bolsonaro: mocinhos e vilões neste constrangedor telecatch entre esquerda e direita

Foi-se o tempo em que ser (ou se dizer) de esquerda ou de direita tinha real expressão política, algum valor ideológico ou peso intelectual. Até seria de se supor que neste ano eleitoral, em que as posições parecem mais extremadas e a polarização se acirra nas redes e nas ruas, esse embate tivesse algum conteúdo mais significativo. Triste ilusão. No ringue se alternam os mesmos personagens de um constrangedor e interminável telecatch.

Para quem não sabe, Telecatch foi um programa de televisão dos anos 60, criado na extinta TV Excelsior do Rio de Janeiro, dedicado à exibição de combates de luta-livre que misturavam encenação teatral e circo, com golpes ensaiados e resultados combinados. Tinha os mocinhos e os vilões, com personagens como Ted Boy Marino, Fantomas, Apolo, Aquiles, Hercules, Homem Montanha e figuras do tipo.

A ideia do telecatch foi copiada e reproduzida com nomes diversos, como Gigantes do Ringue e outros derivados, e até hoje é uma atração internacional com o bilionário WWE (World Wrestling Entertainment). Na política atual é quase a mesma coisa. Os combates são constrangedores, artificiais e reúnem um bando de personagens decadentes, dos astros mundiais Donald Trump e Kim Jong-Un aos nossos heróis nacionais (com Lula e Bolsonaro, por exemplo, posicionados em lados opostos do ringue, mas no final é tudo a mesma coisa). Um dos esquetes recorrentes era o juiz que roubava para os vilões (Isso te diz algo?).

Enfim, esse telecatch versão 2018 entre esquerda e direita é um espetáculo armado para distrair a plateia. Na prática, são todos atores encenando seus papéis. Não dá para levar a sério. O único iludido, se tanto, é o espectador diante de supostos mocinhos e bandidos, regras manipuladas e juízes arranjados. Puro entretenimento.

Por isso, quando vemos a esquerda ser resumida a Lula, Boulos, Ciro ou Manuela, ou a direita reduzida a Bolsonaro e MBL, é até desejável que tudo não passe mesmo de um espetáculo midiático sem muita importância ou profundidade. Pelo bem do Brasil. Porque seria muito desalentador se tudo se resumisse a estes dois campos opostos e fosse personificado nestes vultos horripilantes e caricatos. Há de se descobrir vida inteligente entre um polo e outro da política brasileira e mundial.

Por aqui, reunimos uma série de artigos e programas de TV que buscam refletir sobre o tema. Há 11 anos, pelo menos, desde a Conferência Caio Prado Júnior, realizada em 2007 pelo PPS e pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), que o Blog do PPS tem se debruçado a discutir "o que é ser de esquerda hoje" e como colocar em prática novas formas de fazer política, com ética e sem o ranço do extremismo e da intolerância. Seguimos nesta missão quase impossível.

Veja mais:

Clóvis Rossi: A esquerda é o Titanic de 2018

















terça-feira, 24 de abril de 2018

O PT segue em busca da pedalada perfeita

Se já não bastassem as "pedaladas fiscais" que levaram ao impeachment da presidente Dilma Rousseff e as recorrentes pedaladas na ética e na prática da boa política (além daquele velho "Pedala Robinho" na orelha do eleitor não-petista que votava no PT), são noticiadas agora duas novas tentativas de "pedaladas" no caso do preso mais comentado do Brasil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A primeira é quase uma piada pronta. O ex-prefeito Fernando Haddad, coordenador do programa da campanha presidencial do PT e ele próprio possível presidenciável no lugar de Lula, resolveu buscar sua carteirinha da OAB com um pequeno atraso de 31 anos. É isso mesmo: inscrito na Ordem desde 1987 sem nunca ter exercido a profissão, teria resolvido provar que é advogado mais de três décadas depois só para poder frequentar a cela do guru petista.

A segunda pedalada é bem mais séria: o movimento #LulaLivre, hoje restrito às redes sociais e presencialmente aos petistas de carteirinha e a uns poucos cooptados de movimentos e partidos satélites que acampam em frente à Polícia Federal de Curitiba, avança para o Supremo Tribunal Federal.

Isso porque o ministro Edson Fachin encaminhou à 2ª Turma do STF, para julgamento no plenário virtual (com votação eletrônica, sem a realização da sessão presencial dos ministros), o enésimo recurso da defesa de Lula contra a prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro. Eles não desistem!

Assim, num simples toque de trás da tela de um computador, os ministros Celso de Mello, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, além do próprio Fachin, que compõem esta 2ª Turma, podem decretar a qualquer momento, por maioria simples de três votos, a liberdade de Lula. Precisa dizer mais alguma coisa sobre essa nova tentativa de pedalada jurídica? Vamos acompanhar.

sábado, 21 de abril de 2018

Uma homenagem a Nelson Pereira dos Santos



Morreu neste sábado, 21 de abril, no Rio de Janeiro, Nelson Pereira dos Santos. Aos 89 anos, foi um dos maiores cineastas brasileiros e pioneiro do Cinema Novo. Foi também o primeiro diretor de cinema eleito para a Academia Brasileira de Letras, em 2006. O #ProgramaDiferente e a TVFAP.net fazem uma última homenagem ao relembrar a sua história. Assista.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Uma breve análise da essência canalha do lulismo

Seria simplório e reducionista tentar explicar o lulismo a partir de três peças retóricas recentes, publicadas neste ocaso petista, em plena decadência do seu criador mitológico (e, sabe-se agora, também mitômano).

Mas, juntando o último discurso de Luiz Inácio Lula da Silva antes de ser preso, o posterior artigo de dois de seus pretensos herdeiros políticos, Guilherme Boulos e Manuela D'Ávila, e a entrevista do grão-vizir José Dirceu, na qual se diz orgulhoso por se manter leal ao "capo di tutti capi", temos uma amostra da essência canalha do maior fenômeno eleitoral tipicamente brasileiro.

O lulismo é uma fábula que mistura na estória do seu protagonista ares de Robin Hood com a alma de Macunaíma, ensinamentos de Maquiavel com estratégias de Sun Tzu, tudo amarrado num pacote marqueteiro com toques de Joseph Goebbels. Não que isso anule benefícios pontuais que o PT trouxe à história recente do país e a camadas substanciais da população, primeiro exercendo um papel fundamental na redemocratização, depois como oposição sistemática e fiscalizadora dos primeiros governos eleitos no período pós-ditadura e finalmente nos três mandatos sucessivos à frente da Presidência da República.

Tudo isso é real e verdadeiro. Mas, como diria Karl Marx, "tudo o que era sólido se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado, e as pessoas são finalmente forçadas a encarar com serenidade sua posição social e suas relações recíprocas". Hoje, olhando para trás, o que mais dói é ter acreditado em Lula. Depositado confiança, sonhos e expectativas. Ter votado nele em 1989, em 1994, em 1998, em 2002... Para tudo terminar assim? A esperança que venceu o medo acabar traída pela repetição dos erros do passado? O que era para ter sido a mudança culminar como mais do mesmo?

O discurso de Lula, dos petistas e seus satélites, ou a "narrativa" que tentam construir os adeptos da tática da terra arrasada, deve ser objeto de estudo aprofundado. Não é pouca coisa essa habilidade para o malabarismo que todos eles demonstram ter ao distorcer os fatos.

Vale destacar um trecho autoexplicativo da entrevista de José Dirceu:
Como vê a perspectiva de Lula ficar preso sozinho? Ele suporta o isolamento? 
Como o tratamento é respeitoso e ele recebe advogados todos os dias, e a família uma vez por semana, vai se adaptando.
O pior para ele já aconteceu: a indignidade de ser condenado e preso injustamente. Depois disso, tem que se adaptar às condições e transformar elas em uma arma para você. Esse é o pensamento. Mas eu acho que raramente um ser humano suporta ficar um ano num banheiro e quarto vendo três vezes por dia alguém trazer comida para ele. 
Agora surgiu a ideia de o Lula ir para um quartel. Seria pior ainda. Porque eles não que em ninguém lá. A função do quartel não é ser presídio. Ele vai ficar mais isolado. 
E ele não consegue? 
Eu acho que ele não deve. É uma questão política. Ele deve conviver com outras pessoas, pensar o país, pensar no que está acontecendo. Ele não está proibido de fazer política só porque está preso.
Se o Lula vier para a sexta galeria [unidade do complexo penal em que Dirceu ficou detido], verá que é uma convivência normal. É muito raro ter um incidente. E na prisão você conversa, aprende muita coisa. As pessoas têm muito o que ensinar.
Às vezes você acredita no mito que criam sobre você. Que você é especial, que teve uma vida, no meu caso, que dá até um filme. Mas você começa a conversar com um preso comum, e descobre que é fantástica a vida de cada um lá. 
O que o senhor sentiu quando viu Lula sendo preso? 
Eu sou muito frio para essas questões, sabe? Acho que ele fez o que tinha que fazer, aquela resistência simbólica foi necessária. E nós ganhamos essa batalha política e midiática.
Repare, tudo para o PT se resume em "ganhar a batalha política e midiática". E, é claro, para tanto os fins justificam os meios. Vale qualquer coisa para a sobrevivência do partido e de seus líderes. Já assistimos isso em outros capítulos da História, com outros personagens populistas, caudilhos e totalitários. A mentira, a vitimização, o delírio persecutório, a narrativa do golpe, a mercantilização da política e dos políticos, a demonização do adversário, a tentativa de desmoralização da justiça, da mídia e das instâncias democráticas e republicanas. Nada pode ser obstáculo para o triunfo do lulismo.

A atual linha narrativa, num plano-sequência do "golpe" contra Dilma, é que "os tempos em que vivemos representam o maior ataque à democracia desde o fim da ditadura militar". Isso está dito ipsis litteris no já mencionado artigo de Boulos e Manuela, mas é repetido incansavelmente por Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias e todo séquito de replicantes lulistas.

Segue o discurso destrambelhado:
"O golpe parlamentar que colocou Temer no poder, a execução de Marielle Franco e Anderson Gomes e a ofensiva contra Lula, do atentado a sua caravana à absurda e ilegal decisão de prendê-lo, exigem unidade da esquerda pela defesa da democracia e contra a escalada de violência fascista no país."
"A face mais visível da luta democrática no país é a defesa irrestrita da liberdade do ex-presidente e, para além disso, do seu direito de ser candidato nas eleições presidenciais deste ano. Lula é a maior liderança social do Brasil. Tirá-lo do jogo político é um visível casuísmo eleitoral. Essa luta não é apenas daqueles que concordam com as posições de Lula e do PT." 
"O alcance da ofensiva é muito mais amplo. Enganam-se aqueles que pensam que eles sejam os únicos alvos dessa prisão. Isso faz parte de um ataque contra o campo progressista e os direitos sociais. Não começou com Lula e não terminará com ele."
É um mix de frases feitas, generalidades e palavras de ordem que faziam sentido para a velha esquerda (enxovalhada pelo próprio PT), mas que hoje não passam de um apanhado de recados internos para impedir a debandada geral. Propaganda enganosa. Ou, nas palavras de José Dirceu: "O meu candidato é o Lula. Nós temos que lutar pela liberdade dele, mantê-lo como candidato e registrá-lo em agosto. Se não fizermos isso, será um haraquiri politico. Nós dividiremos o PT em quatro ou cinco facções. Nós temos que manter o partido unido."

Daí o motivo essencial para o condenado Lula jurar inocência. Atrás das grades por ter sido condenado em 2ª instância em uma das ações, dentre outras que virão, ele quer seguir como o mito intocável, apesar de saber que convence cada vez menos gente. Inelegível, necessita se manter presidenciável. É o desespero instintivo de quem está à beira da morte política. Na verdade, do suicídio, por ter se transformado em mais um corrupto e feito do seu partido uma organização criminosa. Certamente não é o único, nem o primeiro, nem o último. Talvez seja o maior deles, até pela grandeza da biografia, que era sólida mas se desmancha no ar, como nunca antes na história deste país.

Enfim, com a licença poética de José Dirceu, outro figurão que fez a travessia sem escalas da geração dos presos políticos para os políticos presos, Lula e todos os flagrados com a boca na botija pela Operação Lava Jato se assemelham nesta última frase pinçada da sua entrevista : "E todo mundo é inocente, né? O cara matou a avó, fritou o gato dela, comeu. Mas ele começa a conversar com você e a reclamar que é inocente."

Todos são.

Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, diretor executivo da FAP (Fundação Astrojildo Pereira), líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do Blog do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Decifrando a Globalização no #ProgramaDiferente



Em mais um episódio da série "Desafios Políticos de um Mundo em Intensa Transformação", o #ProgramaDiferente trata do tema: "A Globalização e a mudança da estrutura das sociedades". Que mundo é esse em que vivemos? De onde viemos? Para onde vamos? Como corrigir os rumos para uma realidade mais sustentável?

Com a presença dos sociólogos Caetano Araújo, Demétrio Magnoli e Sergio Fausto, além do economista alemão (radicado na Suécia) Stefan Fölster, coautor de "A Riqueza Pública das Nações", e participações especialíssimas do grupo Berimbrown Soul, do sociólogo e filósofo polonês Zingmunt Bauman, e do geógrafo Milton Santos, autor da obra "Por uma outra globalização". Assista.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Lula, Alckmin, Ciro e Bolsonaro na sátira de Tá no Ar



No último episódio da temporada, o programa Tá no Ar, da Rede Globo, fez uma sátira inteligente de quatro presidenciáveis de 2018, Lula, Geraldo Alckmin, Ciro Gomes e Jair Bolsonaro, com quatro propagandas de seus respectivos produtos fictícios: Luiz In Ice Tea, Johnnie Walckmin, Pepciro e Bolsonácqua. Reveja.

terça-feira, 17 de abril de 2018

A crise de representação política e o futuro da democracia em debate no #ProgramaDiferente



Dentro da série "Desafios Políticos de um Mundo em Intensa Transformação", o #ProgramaDiferente trata do tema "Crise de Representação Política e o Futuro da Democracia".  Este ano é verdadeiramente emblemático, com a eleição de um novo presidente votado legitimamente pelo povo e vencida a traumática transição pós-impeachment.

O debate é moderado pela jornalista e comentarista política Helena Chagas e tem a participação de José Álvaro Moisés, professor do Departamento de Ciência Política da USP; Marco Aurélio Nogueira, cientista político e professor da Unesp; Marcus Melo, cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco; e do italiano Alessandro Ferrara, filósofo e professor da Universidade de Roma Tor Vergata. Assista.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Rebeldia para reinventar a política, sugere FHC

Na coluna do jornalista José Casado, no jornal O Globo de hoje, o autor afirma que "Em livro, FHC sugere rebeldia para reinventar a política".

O texto trata do mais novo livro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o seu governo, inclusive fazendo autocríticas, e também sobre o período governado pelo PT.

A 24 semanas das eleições, o horizonte político não poderia estar mais nebuloso e a fragmentação política é enorme. Tal cenário confunde o eleitor e impede até a distinção nas pesquisas dos mais competitivos entre pelo menos 15 pré-candidatos anunciados à Presidência da República.

Em depoimento de 203 páginas, FHC alerta para riscos da desagregação política. Uma certeza é que, em janeiro de 2019, haverá no Palácio do Planalto alguém eleito em circunstâncias de fragilidades.

Outras reflexões importantes: O próximo presidente terá menos apoio no Congresso do que seus quatro antecessores. E, na melhor das hipóteses, vai atravessar 75% do mandato com as contas no vermelho - o atual governo prevê capacidade de investimento reduzida à metade, com despesas públicas em Previdência Social um terço maiores do que são hoje. 

Aos 86 anos, está convicto de que na História nada é imutável, nada se repete, tampouco se transforma completamente.

"Mais do que nunca, é imperativo interpretar o mundo para poder transformá-lo", incita em "Crise e reinvenção da política no Brasil", depoimento de 203 páginas aos seus amigos Miguel Darcy de Oliveira e Sergio Fausto, em que procura demonstrar que o Brasil não está "em um beco sem alternativas". 

Eleição não é unção, observa: "É preciso apoio do eleitor, mas esse apoio não é dado para sempre. Cada decisão tem que ser explicada. O processo de convencimento é um ato permanente de revalidação da legitimidade ou não do governante." Na presidência, admite, fracassou sempre quando não conseguiu explicar e convencer.

A desagregação que aí está precisa ser revertida com urgência. "Estamos diante de uma encruzilhada: ou bem seremos capazes de reinventar o rumo da política, ou cedo ou tarde a indignação popular explodirá nas ruas, sabe-se lá contra quem e a favor do quê. Ou, o que é pior, o reacionarismo imporá ordem ao que lhe parecerá o caos."

Vislumbra alternativas: "Não estamos atados a alianças automáticas e, a despeito de nossas crises políticas, erros e dificuldades, nos encontramos em um patamar econômico mais elevado do que no tempo da Guerra Fria: criamos uma agricultura moderna, somos o país mais industrializado da América Latina e avançamos em setores modernos de serviços, especialmente no de comunicação e financeiro. Somos uma democracia, apesar das eventuais dificuldades de nosso sistema político."

Para retomar o rumo, entende ser necessário identificar e confrontar "os inimigos da mudança, os adversários da contemporaneidade: de um lado o estatal-corporativismo, de outro o fundamentalismo de mercado. Ambos incompatíveis com o mundo contemporâneo."

"Se não tivermos êxito na construção dessa alternativa" - avalia - "corremos o risco de levar ao poder quem dele não sabe fazer uso ou o faz para proveito próprio. E nos arriscamos a perder as oportunidades que a História nos está abrindo para termos um rumo definido."

A rebeldia, propõe, seria com "um novo polo democrático e popular que se afirme como alternativa tanto à direita autoritária e retrógrada quanto à volta de utopias regressivas como prega boa parte das esquerdas. Não há nada mais urgente a se fazer, quando se olha para as eleições de 2018 e para além delas".

Reinventar a política é mobilizar. E o que move pessoas, hoje, "são as causas, os movimentos identitários, as reivindicações de liberdade lançadas por grupos e movimentos na sociedade." Recorre ao poeta português Fernando Pessoa: "Cada um é muitos".


Reveja outras postagens recentes sobre FHC:

Veja o encontro de FHC com a Roda Democrática

FHC e o "novo algoritmo que rege a política"

quarta-feira, 11 de abril de 2018

De Bernardinho a Sérgio Moro, Fórum da Liberdade trata da "Voz da Mudança" que o Brasil precisa ouvir

O #ProgramaDiferente apresenta a íntegra de algumas das palestras mais interessantes ocorridas no Fórum da Liberdade, realizado em Porto Alegre nos dias 9 e 10 de abril. O tema geral do evento foi "A Voz da Mudança", reunindo desde o primeiro encontro de presidenciáveis de 2018 até uma palestra concorridíssima com o juiz Sérgio Moro.

O Fórum da Liberdade também teve painéis específicos como "Empreender para Mudar", com a participação de Bernardinho, ex-treinador multicampeão da seleção brasileira de vôlei, e Jorge Caldeira, escritor e doutor em Ciência Política; e "Politicamente Incorreto", com a presença de Lya Luft, escritora, tradutora e professora universitária, e Leandro Narloch, jornalista e escritor; entre outros.

Veja abaixo o link das palestras e o perfil de cada um destes quatro convidados destacados:

Bernardinho

Ex-jogador, treinador de voleibol, economista, e empresário brasileiro. Bernardinho é um dos maiores campeões da história do voleibol, acumulando mais de trinta títulos importantes em 22 anos de carreira, dirigindo as seleções brasileiras feminina e masculina. Como empresário, possui diversos empreendimentos de sucesso, incluindo a maior rede de academias da América Latina, bem como projetos sociais como o Instituto Compartilhar.


Jorge Caldeira

Escritor, doutor em Ciência Política, mestre em sociologia e bacharel em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Sócio-fundador da Mameluco Edições e Produções Culturais, é escritor e possui ampla experiência profissional na área jornalística e editorial. Foi publisher da revista Bravo!, consultor do projeto Brasil 500 Anos, da Rede Globo de Televisão, editor-executivo da revista Exame e da Revista da Folha, do jornal Folha de S. Paulo, editor de economia da revista Isto É e editor da Revista do Cebrap. Ocupa a cadeira nº 18 da Academia Paulista de Letras.


Leandro Narloch

Jornalista, foi repórter da revista Veja e editor de Superinteressante e Aventuras na História. É autor dos livros Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo e Guia Politicamente Incorreto da América Latina, este último escrito com o jornalista Duda Teixeira. Os livros, que venderam mais de 750 mil exemplares desde 2009, criticam a influência marxista nos livros didáticos, derrubam mitos consagrados e mostram como intervenções políticas sabotaram a economia de países da América Latina, da África e da Ásia durante o século 20.


Lya Luft

Nasceu em Santa Cruz do Sul em 1938. Aos 18 anos mudou-se para Porto Alegre para cursar Pedagogia e Letras, na PUCRS. Tem mestrado em Linguística, disciplina que lecionou na Faculdade Porto Alegrense por dez anos, além de Literaturas Brasileira e Portuguesa.

Começou cedo a escrever como colunista em jornal — o que continua fazendo ainda hoje. Foi, por vários anos, colunista da revista Veja. Agora, colabora com o jornal Zero Hora.

Autora de muitos romances, como As Parceiras, Reunião de Família, O Tigre na Sombra e ensaios não-literários como Perdas & Ganhos — traduzido em 12 países —, vendendo só no Brasil um milhão de exemplares. Recentemente publicou “A Casa Inventada”, nessa mesma linha de reflexões. Toda a sua obra é publicada pela Editora Record (RJ).

Viúva do linguista Celso Pedro Luft, com quem teve os filhos Susana, André e Eduardo, vive em Porto Alegre com seu companheiro de muitos anos, engenheiro Vicente de Britto Pereira.

Viajou muito pelo país e exterior dando palestras, o que agora reduziu ao máximo: “Gosto mesmo é de ficar quieta. Então é o que faço”.

Aplaudidíssimo, juiz federal Sérgio Moro é a estrela do 31º Fórum da Liberdade no #ProgramaDiferente



O juiz federal Sérgio Moro foi a grande estrela do 31º Fórum da Liberdade, em Porto Alegre, neste segundo e derradeiro dia do evento organizado pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE). Em dois momentos, nesta terça-feira, 10 de abril, primeiro num bate-papo para uma plateia VIP conduzido pelo filósofo Eduardo Wolf, ex-secretário de Cultura do prefeito da capital gaúcha, Nelson Marchesan (PSDB), falou sobre a Lava Jato, o processo contra Lula e a decisão da ministra Rosa Weber. Veja aqui.

Mais tarde, para um público bem maior, em palestra para mais de 2.700 pessoas que superlotaram o grande auditório da PUC-RS, voltou a falar sobre a Operação Lava Jato e o conjunto de ações contra a corrupção no Brasil. Neste segundo momento, na roda de conversas intitulada "A Lei", Sérgio Moro foi aplaudidíssimo ao dividir o palco central do Fórum da Liberdade com Antonio Di Pietro, vice-procurador no Tribunal de Milão e promotor que comandou a Operação Mãos Limpas, na Itália, e Adriano Gianturco, professor de Ciência Política do IBMEC-MG. A mediação ficou a cargo do presidente do IEE e organizador do evento, Júlio César Bratz Lamb. Assista.

Vereadora Soninha, do PPS, é a nova 2ª vice-presidente da Câmara Municipal de São Paulo

Com a nomeação do vereador Eduardo Tuma (PSDB), que é o atual 1º vice-presidente da Câmara Municipal de São Paulo, como secretário da Casa Civil do prefeito Bruno Covas nesta quinta-feira, o então 2º vice, Rodrigo Goulart (PSD), assume a vaga de Tuma na Mesa Diretora e a vereadora Soninha Francine (PPS), eleita primeira suplente, consequentemente passa a ser a 2ª vice-presidente da Casa no decorrer de 2018. Lembrando ainda que o presidente Milton Leite (DEM) na prática é o atual vice-prefeito de São Paulo, com a renúncia de João Doria (PSDB) e a posse de Bruno Covas (PSDB).

terça-feira, 10 de abril de 2018

Bruno Covas busca recompor maioria na Câmara, que pretende manter as marcas da gestão de João Doria

Com o até então vice Bruno Covas devidamente empossado prefeito de São Paulo para cumprir os dois anos e nove meses restantes da gestão tucana (somados ao um ano e três meses cumpridos pelo prefeito João Doria, que renunciou ao cargo para ser candidato em 7 de outubro) e cara nova na bancada do PSDB - com o suplente Quito Formiga no lugar do vereador Eduardo Tuma, recém nomeado secretário da Casa Civil, a Câmara Municipal de São Paulo tenta recompor a maioria governista para votar projetos do Executivo.

Enquanto isso, busca acordo para aprovar o primeiro pacotão de projetos de autoria dos vereadores nesta terça-feira, em 1ª votação, e na quinta-feira, em segunda e definitiva votação, para seguirem à sanção do novo prefeito. Há oposição da bancada do PT à agenda proposta exatamente por conta da quarta-feira, que estaria reservada para discussão da pauta governista.

A intenção do líder do governo, vereador João Jorge (PSDB), é aprovar o projeto que libera para divulgação o uso de identidade visual e denominação própria dos programas da Prefeitura de São Paulo, limitada atualmente ao uso do brasão oficial da cidade. A polêmica sobre o tema foi evidenciada com o uso, no início da gestão tucana, das marcas criadas pelo prefeito João Doria, como "Cidade Linda", "Corujão da Saúde" etc.

Criança e Adolescente

A vereadora Soninha Francine (PPS), durante o chamado "colégio de líderes", fez um pedido para que as bancadas possam indicar seus representantes para a Comissão Extraordinária de Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente e da Juventude e assim permitir a sua instalação.

Fórum da Liberdade reúne seis presidenciáveis



Com o primeiro encontro entre alguns dos principais pré-candidatos à Presidência da República em 2018, foi aberto nesta segunda-feira, 9 de abril, o 31º Fórum da Liberdade, em Porto Alegre. O foco do evento organizado pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE) foi a discussão de mudanças políticas e econômicas, e o que será do Brasil após a crise atual, reunindo os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Flávio Rocha (PRB), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (PMDB), João Amoêdo (Novo) e Marina Silva (Rede), que revelaram quais seriam as prioridades em seus governos. Assista.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Lula: a narrativa de um corruPTo condenado



Ao lado do amigo Frei Betto, horas antes do último discurso público no ato político preparado na frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, o ex-presidente Lula deixou gravada uma mensagem para ser divulgada após a sua prisão. É a narrativa típica do condenado que se declara inocente, com a verborragia já conhecida do guru do petismo. Assista.

#ProgramaDiferente: Cantora Anitta em Harvard



O evento anual Brazil Conference, organizado pela comunidade de estudantes brasileiros na região de Boston, na Harvard Kennedy School e no MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos Estados Unidos, tem como objetivo promover o debate entre intelectuais, personalidades midiáticas, líderes e representantes da diversidade nacional e internacional, sobre os mais variados temas envolvendo o Brasil. A edição de 2018 foi realizada nos dias 6 e 7 de abril, com o tema #AçãoQueTransforma, sobre iniciativas que estejam acontecendo para ajudar nas mudanças do país.

Uma das atrações deste ano foi a cantora Anitta, de 25 anos, que exaltou a importância da educação para o desenvolvimento do Brasil. Em sua palestra, ela afirmou a empresários, políticos e alunos que teve “uma mãe que veio da Paraíba e sempre ensinou muito o valor de estudar”. Anitta reforçou a importância de que políticos pensem em educação a longo prazo. “Investir nisso não vai aparecer em quatro anos; leva tempo”, disse. Na plateia, estavam convidados como o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, o presidenciável Ciro Gomes (PDT-CE) e o CEO da maior cervejaria do mundo, Carlos Brito (Inbev). Assista na íntegra.

“Isso mudou muito a minha vida e a minha visão das coisas. Só que acho que isso dá trabalho. Explicar para uma pessoa como ela faz acontecer dá muito mais trabalho do que só entregar na mão dela”, disse Annita. “É questão de paciência investir em educação e esperar essa bola de neve ir diminuindo, essa crise ir baixando ao longo do tempo”, completou.

A cantora explicou qual foi sua estratégia para conquistar o mercado mundial da música. Fez também um relato pessoal de que a desigualdade social, embora gere dificuldades e falta de oportunidades, não deve ser justificativa para a violência. “Tive muitos amigos que roubaram. Mas eu falava: infelizmente, a gente nasceu menos privilegiado, mas não significa que tenha de sair pegando o que é do outro. Vamos ter de lutar mais? Vamos. Mas não dá para justificar um erro com outro", afirmou.

Por quase uma hora, Anitta deu lições de empreendedorismo e gestão de carreira para a plateia mais concorrida do evento. Na primeira fila, o homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann, dono de uma fortuna de R$ 93,3 bilhões - ele não quis falar com a imprensa, mas aplaudiu de pé e seguiu com a cantora para o camarim.

Nascida Larissa de Macedo Machado e mundialmente famosa pelo nome artístico Anitta, ela narrou a infância pobre em Rocha Miranda, "quase, quase na favela", e os primeiros passos da carreira em bailes funk, quando o cachê não ultrapassava R$ 150 (hoje ele pode superar R$ 200 mil). Foi interrompida pelo menos quatro vezes por aplausos. A primeira veio quando ela defendeu o ritmo carioca - que no ano passado chegou a ser alvo de debates no Senado sobre eventual criminalização. "Antes de cantar, eu nunca tinha ido à zona sul do Rio de Janeiro. Então é muito difícil você cantar o 'barquinho vai, a tardinha cai' (referência à Bossa Nova) se você nunca viu essas coisas", disse.

"O funkeiro canta a realidade dele. Se ele acorda, abre a janela e vê gente armada e se drogando, gente se prostituindo, essa é a realidade dele", continuou. "Para mudar as letras do funk, você tem que mudar antes a realidade de quem está naquela área."

sábado, 7 de abril de 2018

Veja a íntegra do discurso de Lula antes de ser preso e o fascismo de uma seita de lulistas fanáticos contra os profissionais da imprensa no Dia do Jornalista



O #ProgramaDiferente exibe a íntegra do discurso de Luiz Inácio Lula da Silva na frente do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, neste histórico 7 de abril, no último ato político orquestrado pelo PT e pelos apoiadores do ex-presidente antes dele cumprir a ordem do juiz Sergio Moro e se apresentar à Polícia Federal para começar a cumprir a sua pena pela condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. Acompanhe a checagem das informações feita pela Agência Lupa. Será que Lula exagerou? Inventou historias? Mentiu? Assista.

Outra curiosidade: além de ser o aniversário de nascimento da ex-primeira dama Marisa Letícia Lula da Silva (morreu em 3 fevereiro do ano passado), data que justificaria o ato público sob medida convocado para impressionar a militância e com o intuito de compor a narrativa midiática do vitimismo de Lula (uma espécie de showmissa com a presença de políticos, artistas e religiosos), 7 de outubro é também o Dia do Jornalista.

O insólito é que justamente neste dia cresceu a onda de agressões físicas e verbais contra os profissionais da imprensa motivadas pelo ódio dos manifestantes e seguidores da seita de adoradores lulistas, incentivados pelo próprio guru, que durante o seu pronunciamento criticou ostensivamente e afirmou não "perdoar" - chamando de golpistas e mentirosos - os jornalistas, promotores e principalmente os juízes que o condenaram. De que lado, afinal, estão os fascistas? Assista aqui essa homenagem enviesada aos repórteres agredidos.

UM TAPA NA CARA DO CIDADÃO DE BEM

Ato político festivo de Lula é uma afronta à lei, à ordem e ao Estado Democrático de Direito. Um tapa na cara do cidadão de bem, trabalhador honesto e pagador de impostos que não surrupia dinheiro público nem tem relações criminosas com os donos do poder. #LulaNaCadeia

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#ProgramaDiferente mostra Cristovam Buarque e Marina Silva na abertura do Congresso da Rede



O #ProgramaDiferente registra no Congresso Nacional da Rede Sustentabilidade, realizado neste fim-de-semana, em Brasília, a participação do senador Cristovam Buarque (PPS/DF), que é também presidente do conselho curador da Fundação Astrojildo Pereira (FAP). Além disso, reproduzimos a fala de abertura da presidenciável Marina Silva sobre a situação do país, a prisão de Lula e a esperança no futuro. Se preferir, assista a íntegra do ato político inaugural do Congresso. Veja ainda o discurso de Marina ao ser aclamada pré-candidata à Presidência da República.
 

sexta-feira, 6 de abril de 2018

#ProgramaDiferente inicia série intitulada "Desafios Políticos de um Mundo em Intensa Transformação"



A partir desta semana, o #ProgramaDiferente abre uma série especial intitulada "Desafios Políticos de um Mundo em Intensa Transformação". Em ano de eleição presidencial e essencial para a democracia brasileira, após um período de grave crise política, econômica, ética e social, precisamos aprofundar o debate e a reflexão para entender os dias atuais. 

Esta sequência de programas tem como fonte de inspiração o seminário internacional de mesmo nome promovido em parceria entre a Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e o Instituto Teotônio Vilela (ITV). Na abertura, estão presentes o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; o senador Cristovam Buarque (PPS/DF), presidente do conselho curador da FAP; o suplente de senador José Aníbal (PSDB/SP), presidente do ITV; e a professora Lourdes Sola, da USP. Assista.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Foi 6x5 para o Estado Democrático de Direito

Se o Brasil quer se consolidar como um país sério, essencialmente democrático e republicano no seu ordenamento político e jurídico, devemos celebrar a decisão da maioria do Supremo Tribunal Federal contra o indesejável afrouxamento da jurisprudência constitucional em benefício do ex-presidente Lula.

A lei deve ser igual para todos. Como um verdadeiro Estado Democrático de Direito, devemos privilegiar no Brasil as liberdades civis, respeitar os direitos humanos e as garantias fundamentais, mas sem que os interesses individuais se sobreponham aos princípios coletivos e aos interesses da Nação.

Que a mudança de paradigmas iniciada pela condenação de políticos no episódio do Mensalão e sedimentada na corrente Operação Lava Jato, com os chamados criminosos do colarinho branco investigados, condenados e presos, represente de fato o amadurecimento da nossa jovem democracia, o aprimoramento das instituições e o empoderamento da cidadania.

Que tudo isso não se limite obviamente à punição de Lula, ainda que exemplar, mas que atinja corruptos e corruptores em todos os partidos e nas diversas esferas do setor público e privado. Ninguém deve estar acima da lei. Nenhum brasileiro pode ter salvo-conduto para transgredir as regras constitucionais e fazer da política uma terra de ninguém.

terça-feira, 3 de abril de 2018

Martin Luther King Jr. está vivo, 50 anos depois



O tiro que matou o ativista negro Martin Luther King Jr. na manhã de 4 de abril de 1968, no Lorraine Motel, em Memphis, Tenessee, não calou a sua voz. Ao contrário. Passados 50 anos, ainda hoje é um dos mais importantes nomes da história dos direitos civis, da tolerância e do amor ao próximo. O ano de 2018 também marca, além do cinquentenário do seu assassinato, os 55 anos do extraordinário discurso "I Have a Dream", pronunciado na Marcha de Washington, em agosto de 1963. Assista.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Uma semana decisiva para as eleições de 2018

Nem bem iniciamos o mês de abril e começa uma semana decisiva para o balanço final de 2018. Se encerraremos o ano com saldo positivo ou negativo na política, em grande medida o resultado se dará a partir do que acontecer de hoje até a próxima sexta-feira. E por que tanta importância concentrada neste pequeno espaço do calendário?

Vamos lá: o STF pode selar o futuro de Lula, como cidadão e presidenciável; a janela da infidelidade partidária segue aberta até o dia 6, causando efeitos na bolsa mercantil eleitoral; a opinião pública repercute a soltura dos amigos do presidente, após a prisão incomum e uma liberação ainda mais questionável; um bando de anônimos preenche mais de uma dezena de ministérios na vaga dos demissionários que vão ser candidatos em outubro (e o mesmo se repete em todos os estados e municípios); e termina o prazo de filiação para quem ainda pretende disputar as eleições e não está vinculado a nenhum partido.

Comecemos por este último: o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, pode ser enfim a novidade que faltava para sacudir definitivamente esse quadro eleitoral que já se apresenta bastante imprevisível. Com a boa imagem cultivada nas condenações do mensalão, homem negro, de origem humilde e que venceu na vida por mérito próprio e dedicação aos estudos, parece ter o perfil talhado para chegar ao segundo turno das eleições presidenciais.

Ficam no ar duas perguntas: 1) De quem Joaquim Barbosa "roubaria" uma vaga? Da direita, do centro ou da esquerda? 2) Uma estrutura partidária mediana, como tem o PSB, influenciaria negativamente no desempenho de um candidato como Joaquim Barbosa? Ou essa eleição será marcada por fatores diversos e os partidos e conchavos tradicionais terão peso menor no resultado de 7 de outubro?

Uma coisa é certa: a entrada de Joaquim Barbosa no jogo embaralha as cartas e derruba favoritismos. Outros fatos novos a considerar: o empresário Flávio Rocha pode somar com Jair Bolsonaro, numa eventual coligação como vice, ou subtrair votos, se confirmar sua candidatura presidencial pelo PRB, vinculado à Igreja Universal, com apoio do MBL e discurso extremado de direita, mas aparentemente menos chucro que o guru dos bolsominions.

Ao centro, os desafios de Geraldo Alckmin se multiplicam com a proliferação de pré-candidaturas. A possibilidade de Michel Temer disputar a reeleição, embora com índices de aprovação baixíssimos, e os balões de ensaio lançados com Henrique Meirelles e Rodrigo Maia, são acúmulo de problemas em uma lista que já apresentava dificuldades imensas como quebrar a barreira do sudeste (com a rejeição altíssima do norte-nordeste e a candidatura de Álvaro Dias causando estragos no sul), além do próprio fator Bolsonaro, que no Brasil inteiro (e até mesmo em São Paulo) aparece na frente do governador nas primeiras sondagens de intenção de voto.

O sucesso de Alckmin, portanto, é uma aposta inversamente proporcional à de Bolsonaro, de Joaquim Barbosa e de Marina Silva, por exemplo: apenas a estrutura do PSDB pode levar o presidenciável tucano com o seu discurso racional ao segundo turno se subir nas pesquisas, enquanto para Bolsonaro, Marina e Barbosa o tempo de TV e o apoio formal de legendas e mandatários precisa ser irrelevante diante do apelo emocional e da onda de apoio difuso da sociedade.

Do outro lado, o PT aposta na velha narrativa do golpe e na vitimização de Lula, coitadinho, o perseguido, para garantir uma sobrevida até a eleição (e depois, como oposição). Os novatos presidenciáveis da esquerda Manuela D´Avila e Guilherme Boulos (e até o veterano ambidestro Ciro Gomes) prestam solidariedade esperando dividir o espólio lulista, enquanto Fernando Haddad esquenta o banco como "menino de ouro" a ser abençoado pelo guru se não vingar a virada de mesa no Judiciário.

Por tudo isso, não surpreenderia se Jair Bolsonaro e Joaquim Barbosa chegassem ao segundo turno em 7 de outubro, o que abalaria definitivamente muitas convicções na política e as atuais estruturas partidárias. Antes disso, porém, se as pesquisas indicarem essa possibilidade, há no horizonte uma nova formação que hoje só existe na imaginação do círculo de apoiadores de João Doria, mas que não pode ser descartada num quadro de tantas incertezas: o PMDB de Temer e Meirelles, o DEM de Rodrigo Maia, o PRB de Flávio Rocha e até o Podemos de Álvaro Dias se uniriam por uma candidatura presidencial salvacionista de João Doria.

Tudo isso parece exageradamente fantasioso? Até o momento, sim, certamente. Mas a essa altura, em abril de 1989, também parecia improvável que Fernando Collor de Mello fosse eleito presidente pelo fictício PRN contra Lula, Brizola, Covas, Ulysses, Maluf, Afif, Freire, Aureliano, Caiado, Gabeira, Enéas e outros. Numa época que a Internet nem existia e ter telefone celular era luxo para poucos.

Então, nada é impossível num país já assistiu golpe militar de 1º de abril, depois José Sarney presidente, Collor presidente, Itamar Franco presidente, FHC presidente depois de consertar a economia e sem ter conseguido ser prefeito de São Paulo, Lula presidente, Dilma presidente, Temer presidente, e numa época em que a Lava Jato mexe tanto com "o mecanismo" da política e as emoções do eleitor. O que vem por aí? Façam as suas apostas.

Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, diretor executivo da FAP (Fundação Astrojildo Pereira), líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do Blog do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente