quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Eleições de 2018 vão sacudir a Câmara de São Paulo

As eleições de 2018 são de caráter nacional e estadual, para eleger o presidente da República, dois senadores, deputados federais, deputados estaduais e governador, mas a agitação e o envolvimento na Câmara Municipal de São Paulo estão garantidos. Além de uma eventual candidatura do prefeito João Doria, alçando na prática o presidente da Casa, vereador Milton Leite (DEM), à função de vice-prefeito, diversos outros vereadores podem concorrer a outros cargos ou tem familiares candidatos.

Nomes como Mario Covas Neto (PSDB), Police Neto (PSD), Eduardo Suplicy (PT) e Juliana Cardoso (PT) são potenciais candidatos de seus partidos ao Senado. Uma lista ainda indefinida é cotada para a Assembleia e para a Câmara dos Deputados. Outros, como Adriana Ramalho (PSDB), Aline Cardoso (PSDB), George Hato (PMDB), Gilberto Nascimento (PSC) e Rodrigo Goulart (PSD) são filhos de deputados que concorrem à reeleição.

As vereadoras Sandra Tadeu (DEM) e Patricia Bezerra (PSDB) são casadas com deputados. Os vereadores Reginaldo Tripoli (PV), Rute Costa (PSD), Jair Tatto e Arselino Tatto (PT) tem irmãos deputados e candidatos. Ota (PSB) tem a mulher deputada. Milton Leite tem dois filhos.

Portanto, num primeiro apanhado, listando apenas candidatos ou seus parentes diretos, ao menos metade da Câmara estará envolvida diretamente na caça de votos. Mas certamente a outra metade estará igualmente ligada na campanha, nestas eleições que devem ser as mais imprevisíveis das últimas décadas.

Isso tudo num ano complexo para a gestão municipal. O pacote de privatizações depende ainda de uma série de ajustes e aprovações no plenário da Câmara. Projetos polêmicos e de grande impacto na cidade devem ser pautados, como mudanças na lei de zoneamento e até mesmo a reforma da Previdência Municipal, tão ou mais controversa que a reforma da Previdência debatida no Congresso Nacional. O motivo é o mesmo: o déficit é crescente e as contas não fecham.

Há também outros pontos nevrálgicos da administração funcionando em caráter precário e emergencial, com licitações adiadas ou contratos vencidos e prorrogados indefinidamente, como é o caso do sistema de ônibus paulistano, além da iluminação pública e da varrição e limpeza urbana.

Em abril é possível que tenhamos um novo prefeito (o vice Bruno Covas assume com uma eventual candidatura de João Doria) e certamente novos secretários municipais, além da leva de vereadores candidatos ou com parentes candidatos que vão contaminar com o ritmo de campanha o Palácio Anchieta. Também a ascensão do vice Marcio França (PSB) ao Governo do Estado, assumindo a cadeira do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), vai impactar nos partidos da base e na correlação de forças municipais. Na política interna, Eduardo Tuma (PSDB) desde já é candidato à sucessão de Milton Leite em dezembro.

Ufa! É muita coisa para acompanhar, absorver, refletir, fiscalizar. Ou seja, você já percebeu que o trabalho do CâmaraMan será intenso e ainda mais imprescindível no decorrer deste ano. Boa informação é tudo! Seguuuuura que 2018 não vai ser fácil! #tamojunto


Veja também:

O que é o CâmaraMan?

Uma retrospectiva imperdível da Câmara de São Paulo em 2017

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

FAP tem programação intensa no 1º trimestre de 2018

A Fundação Astrojildo Pereira (FAP), instituição vinculada ao PPS, tem uma programação intensa de atividades para este primeiro trimestre de 2018.

No dia 23 de março, por exemplo, antecipando o Congresso Nacional do PPS no fim-de-semana de 24 e 25 de março, no Hotel Meliá Ibirapuera, em São Paulo, será realizada a Conferência "Nova Agenda do Brasil", com três grupos de debates:

Grupo A - O novo pacto entre o Estado e a sociedade.
Grupo B - O Brasil no mundo em transformação;
Grupo C - Desenvolvimento sustentável e inclusão social;

Cada grupo terá a palestra de um especialista convidado para introduzir a discussão e produzir um documento sobre o tema abordado. Antecipando o trabalho desses grupos, serão promovidos três seminários preparatórios com especialistas nos respectivos temas, nos dias 24 de fevereiro (Rio de Janeiro), 3 de março (São Paulo) e 10 de março (Brasília), que serão oportunamente divulgados.

A FAP é uma instituição aberta para análise, estudos e debates das complexas questões da atualidade, acessível a todo e qualquer cidadão. Tem como principal objetivo difundir os ideais democráticos e os princípios republicanos, a liberdade, a igualdade de oportunidades, a cidadania plena e a justiça social, mas sem ações eleitorais nem panfletárias.

Para tanto, realiza uma série de publicações e atividades no meio político, acadêmico e cultural, inclusive com um canal exclusivo na internet, a TVFAP.net, que exibe o #ProgramaDiferente.


Veja também:

PPS formaliza convite para que movimentos cívicos ajudem a construir uma nova formatação partidária

De Barack Obama a FHC: você vê aqui no #ProgramaDiferente

Acompanhe a 4ª temporada do #ProgramaDiferente

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Petistas pregam resistência e desobediência civil

Um idiota com voto e mandato é potencialmente mais perigoso que um paspalho anônimo. Por outro lado, de tão desacreditados, estes políticos desqualificados acabam passando atestado público de imbecilidade com as suas bravatas e pataquadas.

Outro dia foi a Gleisi Hoffmann, presidente do PT, dizendo que seria preciso "matar gente" para Lula ser preso. Hoje é o seu cúmplice no Senado (igualmente denunciado por corrupção), Lindbergh Farias, pregando "desobediência civil". O que é isso? Essa gente não tem limites?

Nem vale a pena gastar muitas linhas com criminosos comuns alçados ao foro privilegiado pelo voto de inocentes úteis comprados com dinheiro de caixa 2 e desvios dos cofres públicos (afirmação que fazemos baseadas em denúncias e investigações do Ministério Público e da Polícia Federal). A esses rastaqueras está reservado o lixo da história. E a cadeia.

Então vamos nos ater a alguns artigos que tratam da condenação de Lula e fazem uma reflexão sobre os possíveis efeitos neste ano eleitoral:

domingo, 28 de janeiro de 2018

Acompanhe a 4ª temporada do #ProgramaDiferente



O #ProgramaDiferente, exibido na TVFAP.net e na TV Aberta de São Paulo (domingos, às 21h30, e terças-feiras, à 1h30 da madrugada), estreia em fevereiro a sua 4ª temporada. O tema de abertura de 2018 é "Por um mundo sem muros". Seja por razões políticas, econômicas, religiosas ou sociais, o mundo ainda é dividido por muros visíveis e invisíveis, mas igualmente intransponíveis. Pela derrubada desses muros entre ricos e pobres, brancos e negros, direita e esquerda, seguimos no ar. Assista aqui um teaser desta nova temporada.

No decorrer do ano eleitoral, o programa jogará luz naquilo que se convencionou chamar de Fla-Flu, a tradicional polarização entre esquerda e direita, que se acentuou nas ruas e nas redes, com novas pautas mas velhos preconceitos, e embates marcados pelo ódio e pela intolerância. Num ano que tem tudo pra acirrar ainda mais as rivalidades, estamos propondo mais diálogo, equilíbrio e bom senso entre iguais e diferentes.

Nem parece, mas 2018 marca também os cinco anos das já históricas manifestações populares de 2013, com pessoas de todas as idades, nas ruas e nas redes, pedindo mudanças. Em meio às campanhas eleitorais poderemos testar na prática os efeitos destes novos movimentos cívicos para a efetiva renovação da política, o aprimoramento das instituições republicanas e a atualização dos instrumentos democráticos. 

Passado, presente, futuro. Em 2018, o programa também registra o centenário de nascimento do jornalista Armênio Guedes, um dos principais articuladores da imprensa comunista brasileira e da oposição à ditadura militar dentro do campo democrático, fora da luta armada. Foi também secretário de Luis Carlos Prestes, ele próprio tema, aliás, de outro programa especial na semana seguinte. Que nos perdoem os haters, preconceituosos e intolerantes, mas a história da esquerda é fundamental.

Na passagem do Dia Mundial da Água, em março, trataremos dessa questão global sob um aspecto peculiar: o livro "Faça-se a Água - A solução de Israel para um mundo com sede". Conversamos com o autor, o norte-americano Seth Siegel, e com o seu editor, o brasileiríssmo José Luiz Goldfarb. Falamos de sustentabilidade e cultura. 

No dia 1º de abril, não por acaso o Dia da Mentira (e domingo de Páscoa), vamos exibir um programa sobre a propinocracia à brasileira. Tem gente que acredita em coelhinho, papai noel, duende, saci... Tem até quem acredite em políticos corruptos, como os denunciados na Lava Jato. A seis meses das eleições, trataremos dessas histórias, lendas, crenças, fraudes, embustes, trapaças, balelas... 

Em seguida, nos meses de abril e maio, haverá uma série especial sobre o seminário internacional promovido numa parceria entre a FAP (Fundação Astrojildo Pereira) e o ITV (Instituto Teotônio Vilela): “Desafios Políticos de um Mundo em Intensa Transformação”. Em ano de eleição presidencial e essencial para a democracia brasileira, após um período de grave crise política, econômica, ética e social, precisamos aprofundar o debate para entender os dias atuais.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Festa de São Paulo também é #ProgramaDiferente

Na semana em que a cidade de São Paulo completa 464 anos, o #ProgramaDiferente relembra algumas edições de suas três temporadas que tratam especialmente da vida e do cotidiano dos cidadãos paulistanos.

Lembrando ainda que a Prefeitura anuncia uma programação especial para a festa do dia 25 de janeiro. Há shows e atividades espalhadas pela região central e também em centros culturais das zonas leste, oeste, norte e sul.

Veja a programação de shows no Vale do Anhangabaú:

25 de janeiro

12h – Paula Fernandes
15h – Tributo à Rita Lee com Thiago França, Letrux, Raquel Virgínia e Tulipa Ruiz
18h – Tributo a David Bowie com André Frateschi e Banda Heroes
20h30 – BaianaSystem e Karol Conka
23h15 – Anitta

26 de janeiro

2h
– Banda Uó, Jaloo e Glória Groove
4h – Gilmelândia.
11h30 – Orquestra Brasileira de Música Jamaicana (OBMJ)



Dia 25, no Theatro Municipal de São Paulo tem Orquestra Sinfônica Municipal (14h), Balé da Cidade de São Paulo, com a coreografia: “Das tripas...coração”, de Ismael Ivo (19h) e, no dia 26, Orquestra Experimental de Repertório (12h). Os ingressos serão distribuídos duas horas antes de cada espetáculo.

Na Praça da República, do meio-dia às 22h, tem Dexter, Sampa Crew, Ndee Naldinho, Thaíde, Negredo, entre outros. Fora isso, tem programação especial no Centro Cultural Grajaú, Centro Cultural Cidade Tiradentes, Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, Tendal da Lapa, Teatro Paulo Eiró, Teatro Cacilda Becker, Teatro Décio de Almeida Prado, Biblioteca Mario de Andrade, Casa do Tatuapé e Centro Cultural Olido.

Veja a seguir algumas edições essencialmente paulistanas do #ProgramaDiferente:










sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

"Matar gente" x "comer gente": A polarização idiotizada



Parece emblemático que o partido mais significativo do Brasil nas últimas décadas, o PT, seja presidido hoje por uma personagem tão desqualificada como a senadora Gleisi Hoffmann. Isso depois de ter à frente outros políticos condenados e presidiários do porte de José Dirceu e José Genoíno, além de ostentar como principal liderança e verdadeiro guru outro acusado de corrupção, que será condenado em segunda instância no próximo dia 24 de janeiro, o ex-presidente Lula. Sinal dos tempos. Assista.

A mais recente bobagem de Gleisi Hoffmann foi afirmar que para prender Lula seria preciso "matar gente". É um raciocínio tosco, da mesma estirpe do principal oponente do petista nesta pré-campanha, fruto da polarização idiotizada que se estabeleceu na política brasileira: o presidenciável Jair Bolsonaro com a sua estúpida e infeliz declaração de que usava o auxilio-moradia para "comer gente" (veja aqui).

"Matar gente". "Comer gente"... Mas, gente, o que é isso!?!? De um lado e do outro, o país segue representado por esses tipinhos na política. E, por incrível que pareça, tanto os lulistas como os bolsominions se julgam acima do bem e do mal, engajando cada vez mais seguidores fiéis na proliferação e na defesa destas suas aberrações. Precisamos enfrentar essa gentalha, pelo bem do Brasil!

Homenagem póstuma: reveja a participação do jornalista Vicente Dianezi no #ProgramaDiferente



Morreu nesta quinta-feira, 18 de janeiro, o jornalista Vicente Dianezi Filho. Fumante, mesmo enfrentando um câncer no pulmão seguiu trabalhando no Sindvestuário, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Confecção e de Vestuário de Guarulhos, até ser internado por complicações da doença.

Militante comunista, repórter da velha escola do jornalismo atuante e combativo, nos últimos anos se dedicou a pesquisar e resgatar a memória de militantes do PCB que se destacam na luta contra a ditadura, como a trajetória de José Montenegro de Lima, o Magrão, desaparecido em outubro de 1975.

Em 2015, participou ao lado do também jornalista, poeta e tradutor Luiz Avelima de um debate no #ProgramaDiferente sobre o aniversário do PCB/PPS, a história da imprensa comunista e a velha guarda do jornalismo militante. Assista.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

PPS formaliza convite para que movimentos cívicos ajudem a construir uma nova formatação partidária



O PPS vem realizando nesta semana os primeiros contatos presenciais com organizações e movimentos cívicos como Agora, Livres, RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), Frente pela Renovação, Vem Pra Rua e Roda Democrática com o objetivo de buscar o diálogo e ações conjuntas que resultem na construção de uma nova formatação partidária.

O diagnóstico da direção do PPS é de que existe a necessidade urgente de abrir e ampliar a participação da sociedade na política, aprimorando os mecanismos da democracia participativa e garantindo maior representatividade nas instituições republicanas, sobretudo nos partidos, que se tornaram obsoletos e fechados em si mesmos, principalmente com este regramento eleitoral que dificulta a renovação e a eleição de candidatos desvinculados do sistema atual.

Neste sentido, o PPS se propõe a usar este seu período congressual partidário e a realização de conferências temáticas organizadas pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira) para estimular novas candidaturas e integrar representantes destes movimentos - garantida a autonomia e identidade de cada um - na direção de um partido renovado, arejado e reformulado, que nas palavras do seu presidente, o deputado federal Roberto Freire, pode se tornar uma "plataforma de cidadania".

Pelo PPS, além do presidente nacional Roberto Freire, participaram dos encontros o vice-presidente nacional, deputado estadual paulista Davi Zaia; o presidente estadual do PPS de São Paulo e deputado federal Arnaldo Jardim; o presidente estadual do PPS paranaense e deputado federal Rubens Bueno; o presidente do PPS paulistano e secretário-geral paulista Carlos Fernandes; o diretor-geral da FAP, Luiz Carlos Azedo; e os dirigentes partidários Adão Cândido, secretário nacional de comunicação; e Maurício Huertas, secretário de comunicação do PPS de São Paulo, diretor da FAP e editor do Blog do PPS.

O diálogo institucional com o Livres e o Movimento Agora está bastante avançado para que o PPS possa lançar seus candidatos, principalmente à Câmara dos Deputados e às Assembleias Legislativas, em diversos estados do país. O anúncio das parcerias está previsto para os próximos dias. O #ProgramaDiferente acompanhou com exclusividade essas reuniões e ouviu as lideranças do partido e representantes dos movimentos. Assista.

sábado, 13 de janeiro de 2018

Um começo de 2018 com ranço intragável de 1918

Um governo brasileiro que nomeia para o Ministério do Trabalho uma condenada em ações trabalhistas; um presidente norte-americano que desqualifica imigrantes oriundos de "países de merda"; um presidenciável que usava o auxílio-moradia para, segundo ele, "comer gente" (seja lá o que isso signifique); grandes cidades ameaçadas por uma epidemia de febre amarela; mulheres discutindo se ações midiáticas contra o assédio sexual são realmente justificadas ou apenas excesso de puritanismo. Isso tudo em menos de duas semanas de janeiro. Que 2018 com cara de 1918 é esse, minha gente?

Há 100 anos, lá no século (e no milênio) passado, também tivemos eleição direta para a Presidência da República. Porém, o eleito Rodrigues Alves, ex-presidente e ex-governador do Estado de São Paulo, nem chegou a assumir este segundo mandato pois foi vitimado pela gripe espanhola. Naqueles tempos, a gripe espanhola (ou gripe de 1918, como foi chamada a pandemia do vírus influenza H1N1) matou entre 50 e 100 milhões de pessoas (ou até 5% da população mundial da época). Aliás, foi exatamente Rodrigues Alves o último presidente paulista antes de Michel Temer. Coincidências.

Aquele 1918 foi o ano do fim da primeira guerra mundial. Da extinção do periquito da carolina. Da independência do Azerbaijão e da Letônia. Da união da Transilvânia e do Reino da Romênia para formar a Romênia moderna (ironicamente, no mesmo ano em que nascia Nicolae Ceauşescu, um dos piores ditadores da história). Do nascimento de João Baptista de Oliveira Figueiredo, o último presidente do regime militar, e de João Belchior Marques Goulart, o último presidente antes do golpe. Coincidências.

Mas também nasceu Nelson Mandela e morreram Nicolau II da Rússia, Roland Garros Manfred von Richthofen, o lendário Barão Vermelho. Nos cinemas estreava o célebre "Tarzan, o Rei dos Macacos", história do homem branco perdido na selva de um desses "países de merda" que Donald Trump não tem ideia de onde se situam no Atlas e que é incapaz de diferenciar de um meme produzido por um nerd de 15 anos na internet.

Mas deixemos 1918 para trás com todos os seus ranços, ódios e preconceitos. Vamos voltar a 2018 com o pé direito. Ou esquerdo, tanto faz. Porque falar em direita e esquerda hoje em dia é capaz de acabar em morte. Vamos então tentar entrar neste 2018 com os dois pés bem centrados e firmes no chão, para garantir o equilíbrio e não fazer tombar o país e o mundo para um dos extremos indesejáveis. Saravá, 2018! Aleluia! Axé! Shalom! Namastê! Amém!

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Carlos Fernandes: O Brasil em Movimento

No início de um ano eleitoral conturbado, cujos resultados ainda imprevisíveis serão fundamentais para o futuro do Brasil, diante de uma crise política sem precedentes e da absoluta falta de confiança nos partidos, que se transformaram em estruturas obsoletas e distanciadas da maioria dos cidadãos, o PPS tem uma oportunidade única, às vésperas do seu 19º Congresso Nacional, de se renovar, modernizar e dar um passo adiante neste processo de aprimoramento democrático e republicano do país. 

Não por acaso, desde o nosso manifesto de fundação, em 1992, como legítimo herdeiro e sucessor do velho Partidão, o PPS se apresenta como "plural e aberto à participação de todos os que acreditam que é possível, a todos os seres humanos, viverem iguais e livres".

E prossegue o manifesto, incrivelmemente atual: "Um Partido que, num mundo de mudanças, assume o compromisso central com a vida, entendendo-a como indissociável da natureza e da cultura. Um Partido que quer contribuir para a construção de uma nova ética, em que o ser humano, sem nenhuma discriminação, seja protagonista e beneficiário das transformações sociais."

"Um Partido que não use o povo, mas seja um instrumento para que cada cidadão seja sujeito de sua própria história. Um Partido que tenha como prática a radicalidade democrática, que permita a cada ser humano exercer sua plena cidadania, na área em que reside e no planeta em que habita. Um Partido que tem como objetivo a reforma democrática do Estado para que ele não tutele, mas que seja controlado pelos cidadãos e pela sociedade."

"Um Partido que é e será um espaço aberto à participação de todos os que têm aspiração de construir essa sociedade. Um Partido que assume sem medo compromissos com o presente e o futuro, recusando a infalibilidade e o dogma, mas tendo em conta a experiência do passado."

"Um Partido que não tem fórmulas prontas e acabadas, e que se propõe a discutir e formular um Projeto para a Nação Brasileira, com a colaboração de todas as forças do campo democrático. Esse é o desafio lançado a todos os militantes deste novo Partido e o convite a todos os que queiram nele se integrar."

Nada mais atual, neste quadro caótico de esgotamento do atual sistema político, partidário e eleitoral. Aliás, é importante destacar também que, mesmo perante tantas adversidades, o PPS segue como referência da boa política e alternativa aos vários movimentos cívicos que surgem exatamente com o objetivo de ressignificar a política, rever as suas práticas e melhorar a qualidade ética de quem dela participa.

O PPS, que historicamente vem mantendo um diálogo afinado com estes grupos e lideranças que reivindicam uma nova forma de fazer política, deve saber aproveitar este ano congressual partidário -  e coincidentemente eleitoral - para reiterar o seu papel de interlocutor privilegiado de setores da sociedade que compartilham de seus posicionamentos, acreditando que o país precisa urgentemente enfraquecer pensamentos extremados, e da certeza de que o exercício do debate franco, aberto e de alto nível na formulação de políticas públicas é o único caminho para solucionar os graves problemas brasileiros.

A renovação da política e a redemocratização da democracia são necessidades emergenciais. O PPS pode ajudar a superar os entraves, por exemplo, para que um cidadão comum e sem vinculação partidária anterior se candidate ao Congresso Nacional. Daí a importância fundamental de intensificar o diálogo com esses diversos movimentos da sociedade, como Agora, RenovaBR, Acredito, Livres, RAPS, Bancada Ativista, MBL, Vem Pra Rua e tantos outros.

Defendemos e incentivamos estas candidaturas cívicas alinhadas às convicções ideológicas que alicerçam nossa atuação. Somos, e seguiremos sendo, um partido que incentiva a união de forças de um campo central no cenário político e que se contraponha fortemente a extremos tolos e antidemocráticos que vemos emergir. Portanto, o PPS é porto seguro para aqueles que se somam a este entendimento e querem atuar na política, mas não necessariamente possuem uma vida partidária.

Vivenciamos esta experiência em São Paulo com a eleição do vereador Ricardo Young, abrindo as portas para que ele e outros fundadores da Rede Sustentabilidade, movimento liderado por Marina Silva e que em 2011 enfrentava dificuldades burocráticas para se transformar num partido oficial, obtivessem legenda e disputassem a eleição. Está aí um modelo bem sucedido e pronto a ser seguido.

O PPS pode impulsionar essa energia criativa da sociedade.  Este ímpeto transformador certamente contribuirá no fortalecimento de um campo democrático, do qual somos parte e para o qual podemos ser uma força alavancadora e aglutinadora. O PPS pode ainda desempenhar nas eleições de outubro um papel facilitador para o surgimento de novas lideranças políticas, bem preparadas e bem intencionadas, dispostas a fazer diferente e melhor. 

Democracia, ética e transparência são princípios essenciais que devem nos unir. Pautas como o combate irrestrito à corrupção, uma gestão fiscal responsável, a valorização do cidadão, o amplo acesso à educação básica, à moradia, à saúde e ao trabalho, segurança eficiente, o respeito às liberdades individuais e coletivas, são os complementos necessários para o desenvolvimento sustentável e solidário que devemos construir cotidianamente.

É hora de deixar de lado questões menores para formatar um novo partido-movimento, uma nova agenda de políticas públicas e, principalmente, para inaugurar novos tempos para o Brasil, tendo como foco a qualidade de vida dos brasileiros e a estabilidade das instituições. Vamos em frente!

Carlos Fernandes é presidente municipal do PPS paulistano, secretário-geral do PPS estadual e prefeito regional da Lapa.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Luciano Huck é candidatíssimo a presidente

Se alguém ainda tinha dúvida da imprevisibilidade da eleição presidencial deste ano, a participação de Luciano Huck no programa Domingão do Faustão deixou todo mundo com a pulga atrás da orelha. Apesar de repetir que "neste momento" não é candidato nem se julga um "salvador da pátria", deixou o futuro em aberto: "O que o destino e o que Deus espera pra mim, vou deixar rolar."

Quem assistiu ficou com a nítida impressão de que foi uma espécie de pré-lançamento extra-oficial da campanha. Assista e forme a sua opinião.

Leia também:

PPS manifesta solidariedade ao movimento Livres

Não tem como não ser solidário ao Livres, movimento liberal pela renovação e modernização da política, que vinha sendo gestado no inexpressivo PSL e acaba de comunicar o seu desligamento daquele partido após um surpreendente acordo de gabinete anunciar a filiação do presidenciável Jair Bolsonaro, o oposto de todo o projeto construído até então.

Aliás, também não tem como não concordar com a maioria das propostas renovadoras do Livres para a política e para os partidos. Quantas vezes postamos aqui textos semelhantes a esta sua visão da conjuntura: "O sistema político está em colapso. Vivemos a era das plataformas, mas os partidos ainda seguem cheios de caciques. O Livres nasceu para mudar isso e levar o poder de volta ao cidadão comum. Incubados no Partido Social Liberal como uma startup, somos um movimento de renovação da política baseado em liberdade, participação e transparência."

Qualquer semelhança com a nossa #REDE23 não é mera coincidência. A ideia difundida ainda no início desta década, de que os atuais partidos fazem parte de um sistema a ser superado, aliás um conceito que vem desde a fundação do PPS em 1992, concebido como um "partido-movimento", e que nos levou a resultados objetivos como a nossa aproximação com o Movimento pela Nova Política, de Marina Silva, que posteriormente formaria a sua Rede Sustentabilidade, ou a filiação e eleição do vereador Ricardo Young em São Paulo, apontam que esse é o caminho.

Daí também a nossa proximidade, afinidade e o diálogo constante com movimentos cívicos como Agora, RAPS, Acredito, Renova Brasil, Vem Pra Rua, Brasil Livre e outros. (Leia o artigo Acredito. Renova Brasil, Agora!)

Brincando, o Blog do PPS sugere um upgrade ao Livres: de 17 (o número que usava no PSL) para 23 (o número do PPS). Mas, como toda brincadeira tem um fundo de verdade, vamos nos empenhar de fato para que este contato incipiente possa geral uma parceria a partir das eleições de 2018.

As razões para o desligamento do Livres do PSL estão aqui muito bem relatadas: Não há obstáculos que possam deter aqueles que são Livres!

Hoje, um artigo na Folha de S. Paulo também trata do tema. Merece atenção.

Leia abaixo:

Diogo Costa: A rasteira da velha política

Na última sexta-feira (5), o Livres, movimento de renovação do Partido Social Liberal (PSL), sofreu uma rasteira da velha política.

Na condição de presidente do PSL, o deputado Luciano Bivar (PE) anunciou a entrega da legenda para a candidatura presidencial do deputado Jair Bolsonaro.

Apenas dois dias antes, porém, um outro acordo havia sido firmado. Bivar concordara em se afastar da presidência do partido. A partir do dia 6 de fevereiro, o PSL passaria a ser Livres.

Nascido a partir de um grupo de jovens liberais, o Livres ia muito além de uma mera mudança de nome. O projeto consistia em refundar o PSL com uma nova liderança, uma nova coerência ideológica e um novo modelo de partido como rede social meritocrática e participativa.

Se o Livres colocasse de pé um projeto eleitoralmente viável, o PSL seria refundado como Livres. Este era o acordo.

Pouco a pouco, o terreno foi sendo limpo, e o partido foi ganhando nova cara e novos ares. Comissões foram destituídas, dirigentes foram afastados, mandatários derrotados. O Livres tornou-se a casa de uma nova geração de lideranças. Na última quarta-feira (3), quando Luciano Bivar confirmava o reset do PSL com parlamentares dispostos a inaugurar uma nova e qualificada bancada, o Livres estava de pé.

A rasteira veio em 48 horas. Ironicamente, foi o Livres que preparou o terreno em que hoje Bolsonaro finca sua bandeira. Em uma arena política onde os partidos sujam e desgastam seus nomes até trocá-los, o Livres fazia algo impensável: aumentar o valor da marca do PSL e enfraquecer velhos caciques. O efeito colateral foi concentrar o poder desse valor crescente nas mãos da presidência do partido.

O PSL se tornara uma apetitosa presa para a ofensiva de Bolsonaro. Havia apenas duas coisas em seu caminho: sua palavra para com o Patriota —partido com quem tinha acordado sua candidatura à Presidência— e a palavra do PSL para com o Livres.

Assim, numa quebra mútua de acordos, Bolsonaro levou o PSL "de porteira fechada", e Bivar passou a sonhar com a chance de se tornar vice-presidente do Brasil.

A ascensão e queda do Livres sumariza algo de errado na política brasileira. A renovação que dá sentido e confere dignidade aos novos projetos políticos que surgem pelo Brasil não pode ser feita de boas intenções se antes não houver boas instituições. As instituições do PSL concentravam poder na promessa de distribuí-lo. No fim, a concentração derrotou a promessa.

Há muita gente bem intencionada em grupos como Acredito, Agora, Frente, Raps, RenovaBR e Vem Pra Rua. Gente que merece entrar para a política. Que precisa entrar para a política.

Mas o que acontece quando a boa intenção se choca com as más instituições? Vencem as instituições.

Não basta mudar as caras do poder se não mudamos as engrenagens de concentração de poder. Pelos últimos 18 meses trabalhei na função de diretor-executivo do braço programático do PSL/Livres, a Fundação Indigo de Políticas Públicas.

Minha missão, além de criar um abrangente guia de políticas públicas, incluiu desenvolver instituições partidárias inéditas na política brasileira: governança compartilhada, auditoria por uma grande firma contábil, programa de "compliance" (conformidade com normas), convenção nacional online permanente com hierarquia no modelo de plataformas como Wikipedia e GitHub.

O arranjo entre Bolsonaro e PSL não oferece nenhuma dessas perspectivas de poder compartilhado. No fundo, Bolsonaro quer tomar o Brasil da mesma forma como tomou o PSL: de porteira fechada.

No mesmo momento em que Bolsonaro anunciou seu acordo com o PSL, o Livres decidiu deixar o partido. Como conselheiro do Livres, votei pelo desembarque. Quando o populismo entra pela janela, a liberdade sai pela porta.

Cabe às lideranças do Livres agora reunir as forças para a reconstrução de um projeto que balize seu sucesso na superação dos modelos atrasados de fazer política.

DIOGO COSTA, mestre em ciência política pela Universidade de Columbia (EUA) e doutorando em economia política pelo King's College, de Londres, é diretor-executivo da Fundação Indigo e fundador do movimento Livres

João Doria e Carlos Fernandes: Conheça o balanço do primeiro ano de gestão à frente da Prefeitura de São Paulo e da Prefeitura Regional da Lapa

Presidente do PPS paulistano e prefeito regional da Lapa, Carlos Fernandes ajuda a divulgar o balanço deste primeiro ano de gestão do prefeito João Doria e também presta contas do seu próprio trabalho na administração de seis distritos paulistanos (Lapa, Barra Funda, Perdizes, Vila Leopoldina, Jaguaré e Jaguara). Assista aqui o balanço do prefeito.

Veja o relato de Carlos Fernandes:

"Começamos 2017 com um grande desafio na Prefeitura Regional da Lapa: a gestão orçamentária. O governo de Fernando Haddad encerrou 2016 com ações que beiraram a irresponsabilidade fiscal. Contratos não renovados, despesas não previstas e um orçamento para o ano passado demagógico e fantasioso.

Foi uma missão difícil, mas fico muito feliz em dizer a vocês que arrumamos a casa e conseguimos bons avanços. Como no orçamento de uma família, era preciso apertar os cintos em algumas áreas para investir em outras. Nada mais justo do que enxugar os custos da máquina. Foi o que fizemos. Economizamos cerca 25% nas contas de água e luz e reduzimos em 11% os contratos administrativos.

Mas a redução mais significativa ficou para o aluguel dos veículos. Encerramos no mês de novembro os contratos de locação de veículos com motoristas e passamos a utilizar os serviços da 99Táxis. No primeiro mês o custo total de todos os carros utilizados por todos os funcionários foi de cerca de R$ 7 mil. Este valor é equivalente ao custo de um único carro executivo que era disponibilizado ao prefeito regional na gestão passada. Aliás, este foi o primeiro corte que fiz quando assumi, devolvendo este veículo ainda em janeiro.



Foi um ano desafiador, mas também gratificante. Na Prefeitura Regional da Lapa trabalhamos intensamente nos primeiros meses para arrumar a casa. O prefeito João Doria montou uma equipe de altíssimo nível e nos guiou com dedicação e responsabilidade neste propósito. Conseguimos fechar os número e avançar no cuidado com a cidade, com boa gestão, inovação e criatividade.

Fizemos economias importantes e aproveitamos melhor os recursos disponíveis. Ampliamos as equipes nas ruas e aumentamos a produtividade. Batemos forte na fiscalização da Lei Cidade Limpa e realizamos um trabalho de análise dos SAC's, que resultará em uma melhora significativa deste sistema. O munícipe poderá contar efetivamente com este canal para ajudar na solução dos problemas da cidade.

Investimos em projetos como a revitalização da Toca da Onça, o Nossa Vila Limpa, o viveiro de mudas do pátio de compostagem e o Lapa 21, entre outros."


domingo, 7 de janeiro de 2018

Obrigado, Carlos Heitor Cony :´-(


Entre incontáveis textos geniais de Carlos Heitor Cony, fica a nossa ultima homenagem nesta crônica com palavras emocionadas que ele deixou para a posteridade sobre a cachorrinha Mila, publicada em 1995.

Vá com Deus, mestre Cony.



Mila

Era pouco maior do que minha mão: por isso eu precisei das duas para segurá-la, 13 anos atrás. E, como eu não tinha muito jeito, encostei-a ao peito para que ela não caísse, simples apoio nessa primeira vez. Gostei desse calor e acredito que ela também. Dias depois, quando abriu os olhinhos, olhou-me fundamente: escolheu-me para dono. Pior: me aceitou.

Foram 13 anos de chamego e encanto. Dormimos muitas noites juntos, a patinha dela em cima do meu ombro. Tinha medo de vento. O que fazer contra o vento?

Amá-la foi a resposta e também acredito que ela entendeu isso. Formamos, ela e eu, uma dupla dinâmica contra as ciladas que se armam. E também contra aqueles que não aceitam os que se amam.

Quando meu pai morreu, ela se chegou, solidária, encostou sua cabeça em meus joelhos, não exigiu a minha festa, não queria disputar espaço, ser maior do que a minha tristeza.

Tendo-a ao meu lado, eu perdi o medo do mundo e do vento. E ela teve uma ninhada de nove filhotes, escolhi uma de suas filhinhas e nossa dupla ficou mais dupla porque passamos a ser três. E passeávamos pela Lagoa, com a idade ela adquiriu “fumos fidalgos", como o Dom Casmurro, de Machado de Assis. Era uma lady, uma rainha de Sabá numa liteira inundada de sol e transportada por súditos imaginários.

No sábado, olhando-me nos olhos, com seus olhinhos cor de mel, bonita como nunca, mais que amada de todas, deixou que eu a beijasse chorando. Talvez ela tenha compreendido. Bem maior do que minha mão, bem maior do que o meu peito, levei-a até o fim.

Eu me considerava um profissional decente. Até semana passada, houvesse o que houvesse, procurava cumprir o dever dentro de minhas limitações. Não foi possível chegar ao gabinete onde, quietinha, deitada a meus pés, esperava que eu acabasse a crônica para ficar com ela.

Até o último momento, olhou para mim, me escolhendo e me aceitando. Levei-a, em meus braços, apoiada em meu peito. Apertei-a com força, sabendo que ela seria maior do que a saudade.



😢

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Alckmin, Doria e Huck concorrem a uma vaga em 2018

Todas as movimentações no cenário político ocorridas entre o final de 2017 e este início de 2018, os boatos, os balões de ensaio, as declarações afirmativas e negativas, permitem uma só conclusão: tanto João Doria quanto Luciano Huck seguem no páreo dos presidenciáveis.

O futuro de ambos está atrelado ao de Geraldo Alckmin. Se o governador de São Paulo se consolidar como o candidato do tal "centro democrático" e emplacar uma curva ascendente nos índices de intenção de voto, tudo estará resolvido. Do contrário, Doria e Huck ressurgirão em março com força redobrada como alternativa de um conjunto de partidos aos atuais líderes das sondagens eleitorais.

O prefeito João Doria, que mal disfarça o sonho presidencial, enfrenta ainda outro dilema: a queda na imagem de bom gestor nestes 12 meses à frente da administração paulistana, com um resultado abaixo das expectativas, o que pode dificultar qualquer pretensão eleitoral em 2018; por outro lado, segue com um nome "novo" e com visibilidade nacional, além de guardar na manga a sempre aventada possibilidade de ser candidato ao Governo do Estado (e se for barrado dentro do PSDB, não duvide que ele deixará o partido até abril).

Do lado de Luciano Huck é mais ou menos a mesma coisa: depois de se reunir com diversas lideranças partidárias tradicionais nos últimos meses e ajudar a incensar esses novos movimentos cívicos pela renovação da política, o apresentador anunciou que não é "neste momento" nem pretende ser candidato à Presidência da República em 2018.

Porém, entre o discurso público e as ações privadas há o abismo da falta de uma candidatura viável para parcela significativa da sociedade que não quer a volta do PT, não se contenta com os nomes da base de sustentação do atual governo federal, procura alguém de fora do meio político tradicional mas também não quer apostar em soluções aventureiras. É o figurino na medida para Huck. Tudo é apenas questão de tempo - e dos prognósticos sobre a viabilidade de Alckmin. Vamos acompanhar.


Reveja aqui o que já publicamos sobre Alckmin, Doria e Huck:

Luciano Huck diz que candidatura presidencial agora seria "insanidade". Agora? Mas, e depois? Será que nada é definitivo até 2018? Façam as suas apostas!

Acredito. Renova Brasil, Agora!

Cinco minutos com Luciano Huck sobre política

#ProgramaDiferente: Luciano Huck presidente do Brasil?

Um ano do prefeito e presidenciável João Doria no #ProgramaDiferente

Exclusivo: Prefeito João Doria fala abertamente como candidato a Presidente da República em 2018 no #ProgramaDiferente

Alckmin e Freire falam sobre a eleição de 2018 no #ProgramaDiferente

João Doria e Alckmin falam em unidade nas eleições de 2018

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

A Caixa de ´PanDoria´ e os 5 conselheiros divinos

Na mitologia grega, a Caixa de Pandora era um artefato que continha todos os males do mundo. Criada por Zeus, a curiosidade de Pandora certamente a levaria a abri-la, liberando todo o mal.

Na realidade paulistana, igualmente surreal e com o perdão do trocadilho infame, existe uma espécie de Caixa de "PanDoria" impermeável e que imobiliza ações administrativas do prefeito numa intervenção quase divina de conselheiros todo-poderosos que na vida terrena foram políticos medíocres.

De tempos em tempos, levanta-se a inutilidade do Tribunal de Contas do Município nos moldes atuais. A Folha de S. Paulo traz uma boa matéria sobre o tema nesta quinta-feira, 4 de janeiro. Leia aqui: Tribunal de Contas da cidade de SP acumula mordomia e supersalários.

Sempre nos perguntamos: Como um órgão que deveria ser essencialmente técnico e por lei é mero auxiliar da Câmara Municipal, composto por apenas cinco conselheiros, pode ter um orçamento tão vultoso, milionário, mais caro que boa parte das secretarias paulistanas (quase metade dos custos do próprio Legislativo) e funcionar de forma tão insubordinada?

Resta saber se esta nova reportagem sensibilizará a sociedade paulistana, vereadores, jornalistas, promotores, organizações sociais e a opinião pública para defender o fim deste espetáculo nababesco, desta caixa de ressonância da mais desprezível politicagem, horrenda e insultuosa à democracia e à moralidade republicana.

O prefeito João Doria já acusou o TCM de "exagerar nas suas funções e prejudicar a cidade", mas foi duramente criticado pela oposição e por formadores de opinião por estar supostamente se colocando contrário a um órgão independente fiscalizador da sua gestão. Quem conhece a coisa por dentro, sabe que nem tudo é o que parece.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Começou 2018: o ano que podemos fazer melhor!

Se você já brindou o ano novo, assistiu ao show da virada, viu os fogos de artifício, pisou na areia, na grama ou no asfalto, pulou as sete ondinhas e postou mensagens otimistas nos grupos da família e dos amigos, não precisa ainda sair do "dolce far niente" neste 1º de janeiro de 2018, mas já deixe aí reservada uma leitura para ir voltando aos poucos à realidade. Este 2018 não será fácil.

Dois temas importantes são tratados nos artigos a seguir, que reproduzimos aqui:

Leão Serva: Quem é o novo prefeito de São Paulo?

Celso Rocha de Barros: Que "centro" é este, afinal?

E vamos lá! Força, foco e fé! O Brasil não para!

Leão Serva: Quem é o novo prefeito de São Paulo?

Dois políticos mineiros estavam no aeroporto de Belo Horizonte, quando apareceu um correligionário. Perguntaram para onde ele ia. "Vou para São Paulo", disse. Despediram-se. Quando o terceiro se afastou, um disse ao outro. "Viu? Ele falou que vai para São Paulo para acharmos que vai para o Rio; mas na verdade, vai para São Paulo mesmo".

Políticos falam torto por linhas certas. Raramente dizem o que pensam e, quando o fazem, deixam uma porta aberta para mudar de ideia.

Há um movimento de tucanos ligados a Geraldo Alckmin propondo lançar João Doria a governador. É provável que seja apenas jogo de cena: o prefeito não vai sair, já prometeu ficar até o fim do mandato, mas, para não parecer derrotado, os aliados pedem, criam clima e, por fim, ele diz que não é candidato.

Ou não: a candidatura é lançada, os adversários pensam que é jogo de cena e, no final, é tudo verdade... Lá vai a cadeira de prefeito de São Paulo ser ocupada por "nádegas indevidas", parafraseando o prefeito Jânio Quadros (1985-1988). No caso, serão "nádegas devidas", mas não eleitas para tal. Estão na linha de sucessão: o vice Bruno Covas e o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite.

Em 2016, Doria "furou a fila" de seu partido, batendo nas prévias candidatos que há mais tempo postulavam a função. Para contemporizar, escolheu como vice um dos candidatos, Bruno Covas, jovem político cuja principal credencial ainda é ser "neto de Mario Covas".

Assim que foi eleito, Doria indicou Covas para uma secretaria, talvez para que ganhasse musculatura política e administrativa: a coordenação das Prefeituras Regionais, responsável pela zeladoria da cidade.

A zeladoria foi mal, a população reclamou e a popularidade do prefeito caiu. Doria tirou Bruno do cargo, com o constrangimento de desautorizar uma pessoa que não pode ser demitida. E pior, pode ser seu sucessor e, se não for bem, tornar-se uma âncora na corrida eleitoral: como pode ser prefeito quem não foi bom secretário?

O que vai acontecer até o fim de 2018 é impossível prever. Mas uma coisa é certa: a sombra de Milton Leite cresce muito cada vez que alguém acende uma vela para que Doria deixe o cargo.

Pouco conhecido fora da zona sul da cidade, Leite entra em 2018 como prefeito interino. Doria e Covas foram viajar, os dois ao mesmo tempo (o que é estranho e reprovável em data tão simbólica quanto chuvosa), e deixaram para Leite anunciar o reajuste da tarifa de ônibus.

O que até foi significativo. Quem lê os jornais da cidade com atenção já deve ter notado que o nome do vereador é frequentemente definido como ligado ao setor de transportes coletivos, que defende interesses de empresas de ônibus. É uma forma velada que a imprensa adota para sugerir o que não sabe precisar: qual a relação do prefeito interino com companhia(s) de ônibus sucessora(s) de antiga(s) cooperativa(s) de perueiros. A dúvida é importante porque a lei proíbe concessionários de serviços públicos terem cargos eletivos. O prefeito não pode ser dono de empresa de ônibus, lixo, iluminação etc.

A questão deveria ter sido esclarecida há tempos, se tornou essencial quando o vereador passou a comandar o Legislativo e ganha ainda mais urgência agora, diante das notícias sobre uma candidatura de Doria. Mesmo que ela seja como a piada mineira.

Leão Serva, jornalista, escritor e pesquisador, é colunista da Folha de S. Paulo (artigo publicado em 1/1/2018)

Celso Rocha de Barros: Que "centro" é este, afinal?

Centrismo de que precisamos vem de grupos arrojados à esquerda e à direita

Nos últimos meses, cresceu a especulação sobre quem seria a alternativa de centro na eleição de 2018. Houve alguma malandragem na construção dos termos do debate.

Teve gente vendendo a ideia de que Lula estaria à mesma distância do centro do que Bolsonaro, o que é, evidentemente, falso (o equivalente de esquerda de Bolsonaro é Maduro). E, curiosamente, as listas de possíveis candidatos de centro só incluem candidatos mais ou menos na órbita do PSDB; quase não se discute Marina Silva, por exemplo, que é quem mais claramente tem uma posição moderada na política brasileira atual.

A busca pelo candidato de centro também parece inspirada pela eleição de Macron na França. O "Quero ser Macron" vem causando confusões na política brasileira.

A Rede Sustentabilidade de Marina Silva parece oscilar entre o projeto de fazer a Rede ocupar a liderança da centro-esquerda no lugar do PT e o projeto de ser um "En Marche", o movimento criado por Macron. A dificuldade de decidir entre os dois dificultou, por exemplo, o êxodo de petistas que se esperava que entrassem para a Rede lá por volta de 2015.

E entre as muitas trapalhadas que afundaram a candidatura Doria estava sua oscilação entre o "quero ser Trump" e o "quero ser Macron". Uma revista semanal o apresentou como o "Anti-Lula". Ora, o Anti-Lula não é o centro, mesmo se aceitarmos os termos meio picaretas do debate. O MBL não é um "En Marche". Trump e Macron, na vida real, se dão bastante mal.

No fundo, há uma certa imprecisão no que se espera de um candidato de centro no Brasil. O país não precisa de um candidato que fique no meio do caminho em todas as discussões. Muito pelo contrário: o "centrismo" de que precisamos é mais a resultante de movimentos razoavelmente arrojados à esquerda e à direita.

Pela direita, é preciso acelerar a inserção do Brasil nas cadeias produtivas globais. O Brasil cresceu espetacularmente bem durante décadas com protecionismo, mas na hora de mudar de estratégia e nos abrirmos, fracassamos, e nunca mais crescemos. Há várias coisas que podem ser propostas para resolver isso, mas parte do programa certamente será liberal: abertura comercial e medidas que melhorem nossa competitividade. Essas medidas são ousadas, difíceis, cheias de riscos.

Pela esquerda a tarefa urgente é lutar por justiça tributária. O traço distintivo do Brasil é sua obscena desigualdade de renda. Se levarmos a sério a necessidade de controlar os gastos públicos, precisamos também admitir que logo esbarraremos nos limites do que é possível redistribuir de renda pelo lado do gasto. Será, portanto, cada vez mais urgente cobrar imposto de rico, algo que não fazemos no mesmo nível dos outros países. Isso também será uma briga dos infernos, e também trará riscos.

Se o (a) eleito (a) em 2018 realizar esses dois objetivos, o país resultante talvez seja "centrista" na medida em que corresponderá mais ou menos ao arranjo médio dos países desenvolvidos atuais. Entretanto, cada um dos lados desse programa é um gesto brusco: o lado liberal é mais liberal do que os governos do PSDB foram. E o lado redistributivo é mais de esquerda do que foram os governos petistas. O país precisa tanto de mais capitalismo quanto de mais socialismo, em doses fortes, ao mesmo tempo.

Celso Rocha de Barros é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford e colunista da Folha de S. Paulo (artigo publicado em 1/1/2018).