terça-feira, 8 de novembro de 2016

Será que mudou algo do candidato "João trabalhador" para o prefeito eleito João Doria, o gestor?

O que será que vai mudar do que o candidato João Doria dizia para aquilo que o prefeito João Doria vai efetivamente implantar? Das promessas de campanha para as primeiras realizações? Da imagem do "trabalhador" martelada pelo marketing eleitoral, do político que negava a política tradicional para o gestor em plena atividade à frente da Prefeitura de São Paulo? Nesta segunda-feira (7), o Roda Viva, da TV Cultura, deu as primeiras pistas.

O prefeito eleito reiterou alguns compromissos de campanha: a partir de janeiro vai alterar a velocidade nas marginais Pinheiros e Tietê, que, como vias expressas, voltarão a ter limites de 60km/h, 70km/h e 90km/h nas suas diferentes pistas, e 50km/h na via de acesso.

Ele também se posicionou contra o aumento de salários do próprio prefeito e dos vereadores e garantiu mais uma vez que não vai aumentar a tarifa de ônibus em 2017. 

Também afirmou que vai reduzir de 27 para 22 o número de secretarias, falou sobre as duas novas pastas que deverá criar e disse que na próxima quinta-feira vai anunciar a secretária responsável pelos programas sociais destinados aos moradores de rua, a vereadora Soninha Francine, e o futuro secretário responsável pelas finanças do município.

Veja algumas das declarações do prefeito eleito João Doria:

Velocidade
"As velocidades serão alteradas, sim. Tanto na Marginal Pinheiros, quanto na Marginal Tietê. São 23 km em cada uma, 46 km. Já no mês de janeiro, as velocidades serão alteradas para as velocidades que tinham anteriormente: 90, 70 e 60 e na via de acesso, que é aquela primeira via onde você vai para as transversais e acessa as marginais, ali nós vamos manter em 50 km. O compromisso que foi adotado será cumprido."

Secretarias
"Sempre disse que faria uma redução de secretarias de 27 para em torno de 20. Nós vamos para 22 secretarias porque vamos eliminar e criar duas secretarias: a de inovação e tecnologia, que não existe e que vai cuidar de todo o processo digital e de inovação na cidade de São Paulo, e a secretaria de participação e de privatização, que também não existe. "

Tarifa de ônibus
"É inaceitável você imaginar que possa aumentar a tarifa de ônibus de R$ 3,80 para R$ 4,40. Eu tenho que ter sensibilidade social", disse Doria, que espera ser atendido pelo presidente Michel Temer quanto ao pedido de que o governo federal restitua ao município o que foi investido em obras federais, que poderiam ser destinados a cobrir a tarifa. "Esse dinheiro virá. O presidente Temer confirmou. Esse é um direito da cidade de São Paulo", disse.

Salários
Doria disse que "não há nenhum espaço para reajuste" do funcionalismo em sua gestão. "Eu já disse que vou vetar qualquer projeto de aumento de salário, do prefeito, do vice-prefeito, de vereadores, de secretários e o efeito cascata. Você imaginar que o salário de prefeito possa ir de R$ 24 mil possa ir para R$ 32 mil e que de vereadores sejam aumentados. Não faz sentido. Neste ano não teremos condição de fazer isso."

Orçamento
Doria disse que não vai mudar o Orçamento previsto para 2017, de R$ 54 bilhões. "É possível fazer o exercício de uma boa gestão com esse orçamento", disse. "E iniciar, de maneira pragmática, todos os programas de terceirização através de PPPs, parcerias e privatizações."

IPTU
O prefeito eleito rejeitou a hipótese de promover a revisão da planta genérica de valores, que serve de base para o IPTU. " Cada ano com sua agonia. Não dá para prever 2018. Em 2017, não vamos fazer modificações, exceto aquelas que já mencionamos, que é a correção inflacionária."

Corredores para motos
Doria disse que estuda a possibilidade da volta de faixas exclusivas para motos nos corredores Norte-Sul e Leste-Oeste.

Concessão do Ibirapuera
Doria disse que vai realizar a concessão do Parque do Ibirapuera à iniciativa privada ao longo de 2017, sem cobrança de ingresso, mas com a permissão de que explorem serviços, como alimentação e estacionamento. "Vamos usar o Ibirapuera como modelo, como referência."

Esquerda ou direita
Doria disse que a população não está preocupada com a posição ideológica dele, se é de direita ou de esquerda, mas sim com a solução de problemas para os bairros. "E isso é o gestor que vai apresentar, organizando bem a cidade", disse o tucano, afirmando ser um "social democrata", por ser filiado desde 2001 ao PSDB. Ele quis esclarecer também que, por ressaltar que não é político, não está dizendo que é "antipolítico". "Exerço cargo político e respeito os políticos, não se faz democracia sem política", disse.

Eleição de 2018
Doria reiterou que não será candidato à reeleição. "Disse e reafirmo: não serei candidato à reeleição", mas questionado se poderia ser candidato a governador de São Paulo respondeu: "Isso eu nunca disse que não poderia", afirmou. O tucano disse que "é cedo para colocar a disputa presidencial em pauta", defendeu prévias e admitiu que a discussão sobre a presidência do PSDB pode ser iniciada agora para o ano que vem. "Pode ser iniciada agora, mas de maneira sensata e com muito diálogo."

Doação de campanha
Doria admitiu que recebeu mais doações de pessoas físicas após a sua vitória do que no primeiro turno. "Foi absolutamente legal. O maior doador da campanha fui eu. Os valores necessários para campanha, se não fossem atingidos, eu complementaria. Eu posso fazer isso dentro da lei. Nem considero isso um processo justo. Porque estabelece um critério: quem tem pode financiar a campanha. E quem não tem? No meu caso, me beneficiou flagrantemente."

Haddad e PT
"Ele é uma pessoa de bem, é honesto e correto. Acho ele melhor do que o PT, partido ao qual ele pertence. É um bom quadro. Espero até que ele prossiga na vida pública, quem sabe até possa ser um bom presidente do PT e ajudar o PT a sobreviver numa nova plataforma, esquecendo o passado ruim, preservando as coisas boas do PT. Todo partido tem qualidades. O PT não é um partido apenas de defeitos e circunstâncias ruins."

Coxinha
Doria definiu o que para ele significa o conceito de 'candidato coxinha', atribuído a ele durante a campanha. "Pra mim, ser coxinha é ser correto. Eu gosto de ser correto. Eu não sou uma pessoa desarrumada, desarranjada, não é o meu jeito, nunca fui. Jamais serei. Assim como eu quero a cidade de São Paulo: arrumada, limpa, organizada."