sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Nem truculência da polícia, nem da velha política

A soma da truculência policial com a intolerância da velha política dará sempre um resultado negativo. Quem perde, neste caso da ocupação das escolas, é a própria Educação (Pátria Educadora, salve, salve!).

O prejuízo é da maioria silenciosa que assiste de fora este conflito polarizado (como virou moda em tempos de fla x flu nas redes e nas ruas) e partidarizado (no pior sentido do termo).

Qualquer pessoa, em sã consciência, deve ser contra o fechamento de escolas e a favor da reorganização e da racionalização do sistema de ensino, com diálogo franco e a participação de alunos, pais, professores, funcionários etc.

Mas, por outro lado, o que faz a militância (ou seria milícia) treinada da Apeoesp, do MTST (Educação? Oi?) e de alguns partidos manipulando o movimento de ocupação? Como reagir? Como o Governo do Estado deve enfrentar a questão?

Por princípio, colocar a PM armada para atacar estudantes parece, obviamente, a estratégia mais equivocada da face da terra. Não dá para entender quem orienta o governador, mas parece jogar contra. Estão caindo na armadilha orquestrada da oposição.

O Governo do Estado deveria chamar os estudantes para o diálogo. Ainda é tempo. São duzentas escolas ocupadas? Chame um representante de cada escola, eleito pelos próprios estudantes e desde que seja um aluno regularmente matriculado, num espaço aberto para o debate.

Ouça os argumentos, as reivindicações, esclareça as preocupações. Aja com transparência. Informe. Explique. Seja didático e democrático. Reconheça a legitimidade dos estudantes que ocupam as escolas por idealismo contra o fechamento. Use a palavra e a inteligência como armas, em vez da pistola, do cassetete e das bombas de efeito (i)moral.

Permita que os estudantes ocupem as escolas até o pleno esclarecimento das mudanças. Dê segurança, garanta estrutura. Tire de lá quem não tem nenhum vínculo com a Educação e - estes, sim - ocupam irregularmente e representam uma ameaça ao patrimônio público: os invasores profissionais.

Desmoralize quem tenta manipular os estudantes. Não dê mais motivos para quem pretende politizar e faturar eleitoralmente com a reforma do ensino. Ganhe a juventude e a opinião pública com bom senso, com razão, com sensibilidade, com justiça. É simples? Não, não é. Mas é o caminho certo. Tente.