terça-feira, 22 de dezembro de 2015

"Haddad mãos de tesoura: como cortar a participação popular" é o artigo do presidente do PPS paulistano

A máscara da modernidade do prefeito Fernando Haddad não resiste ao fracasso de duas eleições recentes: uma para os conselhos tutelares e outra para os conselhos participativos, ambas sob responsabilidade da Prefeitura. A primeira, marcada por irregularidades, foi suspensa e ficou para depois do Carnaval. A segunda, igualmente suspeita, levou duas semanas para ter, enfim, seus resultados divulgados.

Para um gestor e um partido que gostam de propagar o apoio irrestrito e o incentivo à participação popular, à transparência e ao protagonismo da sociedade civil, a realidade derruba a fantasia da propaganda eleitoreira. A obscuridade reinante tira toda a legitimidade e põe a perder um histórico de conquistas que deveriam ser exaltadas e consolidadas. Mas, ao contrário, sofreram neste ano um revés inexplicável.

Não foi à toa que o PPS recorreu ao Ministério Público e à Justiça para que a gestão Haddad seja obrigada a ressarcir aos cofres públicos o dinheiro gasto na eleição cancelada dos conselheiros tutelares. Afinal, alguém tem que responder judicialmente por tamanha irresponsabilidade e incompetência.

Esses processos eleitorais que deveriam ser marcados pela autonomia e pelo empoderamento dos cidadãos, em espaços consultivos e de representação da sociedade no território das 32 subprefeituras da cidade (hoje loteadas entre os seus apoiadores), na prática sofrem com o aparelhamento partidário e a manipulação das velhas oligarquias da política.

Com isso, o controle social e a democratização no planejamento e na fiscalização das ações e dos gastos públicos, além de uma participação mais efetiva na definição de políticas públicas, por exemplo, que justificam essa representação popular e um novo patamar de governança democrática e inteligente, acabam existindo apenas no papel e ficam totalmente distantes do dia-a-dia da cidade.

Some-se a conduta diária de um prefeito inapto para governar nossa metrópole, o total descumprimento das metas da sua gestão e a maquiagem absurda de um orçamento decorativo (reconhecidamente irrealizável e retalhado para atender objetivos midiáticos e eleitorais), para termos o recorte pronto e acabado de uma administração caótica e deletéria para São Paulo.

Precisamos retomar os rumos da cidade. Que 2016 nos salve das mãos de tesoura do PT!

Carlos Fernandes, ex-subprefeito da Lapa, é o presidente do PPS paulistano.